segunda-feira, 15 de abril de 2013

A CONCEPÇÃO DA VIVÊNCIA CORPORATIVA NA DINSMORE ASSOCIATES


       

Maria Helena da Silva Meller[1]
Orientador [2]


Resumo
O presente trabalho tem como objetivo geral organizar um escopo teórico metodológico do treinamento ao ar livre - TAL, praticado pela Empresa Dinsmore Associates. É uma pesquisa básica, exploratória e descritiva. Cujo procedimento técnico é bibliográfico, predominantemente qualitativa na abordagem do problema. O TEAL ou TAL foi devolvido por Paul Dinsmore, diretor presidente da Dinsmore  Associates com sede no Brasil. O treinamento é desenvolvido ao ar livre proporcionando aos participantes a oportunidade de aprender a perceber as necessidades dos demais e poder colaborar com os mesmos.

Palavras-chave: Vivência Corporativa. Dinsmore Associates. Treinamento ao Ar Livre.


1 INTRODUÇÃO


Esse texto decorre de uma pesquisa para cumprimento da disciplina Projeto Viver, parte curricular do curso de Supervisão, Orientação e Gestão Escolar, especialização, em nível de pós graduação na ESUCRI- Criciúma SC.
Ao me deparar com o tema, por desconhecê-lo completamente me debrucei em uma investigação de cunho exploratório. Onde obtive resultados necessários para poder direcionar tal trabalho. Portanto, fiz contato com pessoas ligadas à área e obtive como resposta a dificuldade em conseguir base teórica. Em contato com a própria empresa Dinsmore Associates, e consultando seu site, pude direcionar melhor a investigação.
A principal fonte que temos por aqui no Brasil é o livro: TEAL - Treinamento Experiencial ao Ar Livre de Paul Campbell Dinsmore, informado pela própria Empresa.
Por meio da pesquisa exploratória foi possível identificar o autor de tal metodologia e saber que está instalado no Brasil com a empresa Dinsmore Associates no Rio de Janeiro desde a década de 1990.
Portanto, agora havia alguns indícios para iniciar meu projeto questionando: o que levou a Dinsmore Associates a optar pela metodologia TAL? Com o seguinte objetivo,  organizar um escopo teórico metodológico do treinamento ao ar livre - TAL, praticado pela Empresa. Sendo o TAL uma proposta que se resume em um conjunto de atividades lúdicas, destarte com propósitos estratégicos definidos de convivência em situações adversas e de desafios, especificam-se os objetivos desta pesquisa: indicar o fundador de tal proposta; contextualizar o momento histórico inicial e presente de Campbel Dinsmore.
Toda pesquisa científica precisa estar balizada em uma metodologia capaz de sustentar o seu desenvolvimento. Portanto, é uma pesquisa básica, exploratória e descritiva. Cujo procedimento técnico é bibliográfico, predominantemente qualitativa na abordagem do problema.


2. AS ORGANIZAÇÕES EMPRESARIAIS E SEUS TREINAMENTOS

A modernidade traz consigo a industrialização. No caso a produção até então artesanal e de manufatura cede lugar às máquinas. Contudo, o homem é ainda um ser necessário ao processo de produção. Nos setores primários, secundários e terciários o homem ocupa um lugar de destaque, pois sua criatividade é fundamental ao processo.
Kielwagen (2007) afirma ser fundamental às organizações a recepção aos novos colaboradores. Pois quanto mais rápido e eficiente for a integração desses à proposta da empresa, por conseqüência, maior será a socialização com os colegas e com sua função. O autor segue sua argumentação na defesa de que é necessário um programa que vise alcançar os objetivos de reduzir a ansiedade das pessoas, também a rotatividade, economizar tempo e desenvolver expectativas realista.
O desenvolvimento de um colaborador em uma empresa, ao mesmo tempo, é decorrente do esforço da mesma a fim de proporcionar o treinamento certo para sua equipe. Deste modo, de acordo com Kielwagen (2007) deve se partir de um diagnóstico e da escolha de um método considerado pela empresa, produtivo.
De acordo com Ribeiro (2007) a gestão de pessoas é o espaço na empresa designado em desenvolver as atividades relacionadas às pessoas. Pois são essas que formam uma organização.
Uma das preocupações das atuais corporações é resolver conflitos sem utilizar a força e o poder e, sim, levar as pessoas à auto-análise, conseguindo trabalhar em colaboração com os demais funcionários de um mesmo setor.
Campbell (2005) afirma que um conflito é positivo quando ajuda solucionar problemas, contribuindo para o desenvolvimento das pessoas e dos objetivos institucionais. Isso na contemporaneidade.  O autor segue sua reflexão afirmando que os conflitos tendem a distorcer o comportamento das pessoas, por vezes levando essas a busca de justificativas e não de valores.
Para Campbell (2005) a melhor forma de resolver conflitos é pela colaboração, pois não busca vencedores e nem vencidos. Porquanto as partes envolvidas buscam soluções que sejam as melhores para todos, assim há a responsabilidade e comprometimento do coletivo na busca de soluções.
A proposta da resolução de conflitos, por meio da colaboração, deve ser planejada. Para tanto a equipe responsável deve ter um conhecimento suficiente sobre as diferentes características humanas.
Para o autor referido, várias são as teorias que vem estudando o comportamento humano. “Muitas dessas opiniões têm sido agrupadas em teorias comportamentais de gerenciamento, as quais fornecem explicações para o comportamento humano quando as pessoas estão organizadas de uma maneira estrutural para alcançar metas estabelecidas”. (CAMPBELL, 2005, p.154)
 Deste modo, ainda de acordo com o autor, alterar comportamento individual é conflituoso, alterar comportamento de um grupo demanda conhecimento, paciência e persistência por parte de todos.


3. DINSMORE ASSOCIATES E O TAL

             O que é o TEAL? De acordo com a página da referida Empresa. http://www.dinsmorecorp.com/br/teal/teal O TEAL (Marca Registrada a Dinsmore Associates) (Treinamento Experiencial ao Ar Livre) é considerado uma revolução em educação empresarial. Trazido dos Estados Unidos para o Brasil na década de 1990 por Paul Campbell Dinsmore, provocou uma mudança na maneira de pensar em treinamento, onde se trabalha o aspecto de que são as pessoas e não os processos que fazem a diferença.

Em sua página http://www.dinsmorecorp.com/br/teal/teal a Empresa segue: Trata-se de uma ferramenta insuperável para a formação de equipes altamente entrosadas, capazes de planejar, tomar decisão e agir rapidamente, quando a velocidade da ação é a chave do sucesso.
Objetivos - Na realização do TEAL busca-se, através de atividades vivenciais, realizar um processo de mudança de comportamento, onde a equipe sempre deverá pensar na forma do todo.
Criado pela Dinsmore Associates em 1992, com a introdução no mercado brasileiro da metodologia outdoor training pelo consultor Paul Campbell Dinsmore, o teal® provocou evolução e evoluiu durante os anos firmando-se como uma ferramenta de aplicações variadas e resultados diferenciados.
Todas as competências a serem desenvolvidas nos profissionais são trabalhadas em eventos de até 20 horas, compostos por aulas teóricas em sala e atividades ao ar livre seguidas de Debriefings de aprendizado. Um diagnóstico elaborado pela equipe Dinsmore para identificar quais competências devem ser desenvolvidas é o início do trabalho.

3.1Paul Campbell Dinsmore

 

Criador do Teal, precursor dos treinamentos ao ar livre oferecidos hoje no mercado, ele é autor de 18 livros sobre temas de gestão.

           Conferencista e consultor empresarial na América do Norte, Ásia, África, América Latina, Europa e Brasil, é considerado referência internacional em gerenciamento de projetos e uma autoridade em gestão de mudança organizacional.
           http://www.dinsmorecorp.com/br/teal/teal  É formado em engenharia pela Texas Tech University e completou o Programa de Gerenciamento Avançado em Harvard. Pós-graduado em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas, é autor de livros com publicações no Brasil, Estados Unidos, Japão e Coréia.   
 Em contato com a referida Empresa se obteve a informação sobre o Livro Gerente de Projetos de Campbell que possui agora sua primeira versão em português Manual de Gerenciamento de Projetos. Afirmando que esse livro é a referência para quem trabalha, ou pretende trabalhar, com gerenciamento de projetos.
             Aborda os conceitos básicos do Gerenciamento de Projetos, incluindo as disciplinas fundamentais e os processos requeridos para assegurar que os projetos sejam executados com sucesso, contendo modelos definitivos, estudo de casos, conselhos dos mais destacados profissionais, com experiência em áreas como as de desenho adequado de estruturas organizacionais, geração e manutenção do trabalho em equipe e gestão do ciclo de vida do projeto, e soluções em profundidade para dilemas específicos do segmento de gerenciamento de projetos.     
Dessa forma, de acordo com o site http://www.dinsmorecorp.com/br/teal/teal o Manual de Gerenciamento de Projetos torna-se uma ferramenta essencial para profissionais que desejam obter sucesso em seus projetos, ou mesmo ingressar na área de Gerenciamento de Projetos. Além disso, é um guia indispensável para quem pretende fazer o exame de certificação PMP, com capítulos que correspondem especificamente àqueles que se encontram na mais recente edição do PMBOK® Guide.

4.CONSIDERAÇÕES FINAIS


            O estudo permitiu fazer asseverações significativas sobre o tema. As empresas sempre buscaram aprimorar sua produção, no entanto, focado no poder e autoritarismo. Fazendo com que os colaboradores não se percebessem como pertencentes à organização.

Com o avanço da ciência as teorias buscaram traçar um perfil do comportamento humano, destacando características fundamentais que pudessem auxiliar profissionais do recursos humanos a desenvolver uma metodologia que compreenda o funcionário como um sujeito de sentimento, emoções, que pensa e, que, portanto, pode auxiliar na busca de soluções.
O treinamento, até então segregado das características do sujeito, dão lugar a uma metodologia que propicia à equipe a percepção de que um grupo é mais que um amontoado de profissionais, e uma equipe é responsável pelo todo, portanto devem se conhecer, se respeitar e colaborar entre si.
O TEAL ou TAL foi devolvido por Paul Dinsmore, diretor presidente da Dinsmore  Associates com sede no Brasil. O treinamento é desenvolvido ao ar livre proporcionando aos participantes a oportunidade de aprender a perceber as necessidades dos demais e poder colaborar com os mesmos.
Entendo que essa pesquisa não se esgota aqui. Foi apenas uma oportunidade de conhecer uma metodologia que pode ser utilizada não apenas em empresas, contudo em outros setores onde haja a necessidade de aprimorar a convivência em grupo com mais colaboração e solidariedade.

5.Referências


DINSMORE, Paul Campbell. Gerenciamento de projeto e o fator humano: conquistando resultados através das pessoas. Rio de janeiro: Qualitymark, 2005.
RIBEIRO, Elizete Inez Boing. Gestão de pessoas. Associação educacional Leonardo da Vinci (ASSELVI). Indaial: Ed. ASSELVI, 2007.
KIELWAGE, Edson Klaus. Administração de Recursos Humanos. Associação educacional Leonardo da Vinci (ASSELVI). Indaial: Ed. ASSELVI, 2007.

 AMA-Manual de Gerenciamento de Projetos. Disponível em:

Acesso Nov. 2012.





[1] Especialista em Educação. E-mail: mhsmeller@gmail.com
[2] Professor Dr. Vicente Volnei de Bona Sartor. E-mail: Vicente@esucri.com

quarta-feira, 3 de abril de 2013

A AULA E SEUS ELEMENTOS: UMA PRÁTICA POLÍTICA



Maria Helena 

Durante toda a vida escolar de um sujeito, esse passa por centenas de aulas. Questiona-se com os estudantes, se gostou da aula, qual aula mais gosta, entre outros. Os docentes falam de suas aulas, como essa se passou, se foi conturbada, produtiva, enfim, sempre emitindo um julgamento. Contudo, ao interrogar professores sobre o que é uma aula, se obtém como resposta que é interação, troca, ensino. Acrescento, espaço de tempo dedicado ao ensino, encontro planejado, organizado, entre sujeitos com papeis definidos.
Há interação, há trocas, no entanto, os conhecimentos que se ‘trocam’ não podem ser os mesmos entre professor e aluno, pois o papel do professor é o de propiciar as situações de ensino. A aprendizagem do professor acontece em outro nível, seus conteúdos apreendidos dizem respeito ao como o estudante se apropria do conhecimento, enquanto a aprendizagem do aluno é com referência aos conteúdos estabelecidos pelo componente curricular a ser desenvolvido naquela aula.
Sendo a aula um encontro, há um ritual e uma sequência, começo, meio e fechamento. O espaço físico, distribuição da mobília (mesas e cadeiras) de forma que os estudantes se vejam, ou se não há possibilidade, que fiquem de dois em dois, em grupos, ou como se fossem duas grandes mesas. Dependerá das características de cada turma e de recursos e técnicas que o professor pretende utilizar, embasados em uma linha metodológica.
Inicia-se o encontro com a acolhida, saudando os estudantes, olhando para os mesmos, os vendo, de fato.
 Quanto à chamada, esta pode ser feita no inicio ou em outro momento da aula. Contudo, faz parte da aula, não devendo ser feita às pressas no final, pois essa cumpre duas funções primordiais, uma de caráter estritamente pedagógico que a percepção de quem está na sala é o CHAMAR para o aprendizado, dizendo o nome da pessoa e olhando-a nos olhos. Também tem um caráter de legislação, pois é um registro de que, naquela data e horário, determinado cidadão estava naquele local, portanto sendo uma prova jurídica.
Instigando os professores sobre a sequencia de uma aula, esses trazem a importância de verificar o que ficou da aula passada, o que chamam de feedback, revisão. Ou seja, quais conteúdos os estudantes conseguiram se apropriar. No entanto, o professor somente terá o retorno desejado se questionar os alunos e não ele mesmo fizer uma síntese da aula passada. Portanto, para que seja um tempo produtivo, o professor faz questionamentos sobre os conceitos essenciais, as operações mentais importantes que, de fato, o estudante necessite naquela área de conhecimento.
O desenvolvimento da aula, partindo dos conhecimentos prévios acerca dos novos conceitos, deve ser feito com a coerência das características da turma, conteúdo, metodologia. Tendo muito claro os critérios para avaliar, saber quais indicadores serão utilizados, assim oferecendo balizas de que seus objetivos estão sendo desenvolvidos.
Uma etapa fundamental da aula é o fechamento, momento em que o professor se certifica de que se fez entender com relação ao novo conteúdo, acompanhando a execução dos exercícios, as orientações de tarefas, trabalhos, deixando a sala de aula organizada para o próximo professor.
A aula deve ser planejada até a finalização para que ao bater o sinal, o professor não termine sua aula no “susto”, deixando questões importantes sem o encaminhamento necessário.
Diante do exposto, se compreende quantos elementos transitam em uma aula, relação professor-estudante, conteúdos, metodologia, questões de legislação que são as normas decorrentes das resoluções, tempo de aula. Somente na relação professor estudante temos as questões individuais entre sujeitos que são suas crenças, valores, personalidade, filosofias, simpatias, desejos de aprender ou não e de ensinar, comprometimento com a aprendizagem, também os aspectos cognitivos, emocionais e espirituais.
Com relação à legislação, tempo dedicado à aula, conteúdos estabelecidos, quantidade de aulas durante o ano, forma de avaliar. Questões pertinentes ao determinado Sistema Educacional que, por sua vez, tem a sua história.
Portanto, é possível observar que uma aula transcende uma simples interação. Há inúmeros aspectos que influenciam esta interação. É necessário que o professor tenha esta percepção fazendo a reflexão na prática: em que medida o planejamento elaborado pelo professor levou em consideração a realidade posta e não somente aspectos estereotipados pelo docente, que já estão cristalizados em seu pensamento?
Cada aula com cada turma é única, pois são grupos distintos com realidades específicas. P
orém, o ato de planejar uma aula é um estudo de uma ação em um tempo limite, observando as possibilidades, as variáveis que se entrecruzam.
Neste sentido, se ressalta que uma aula não é uma ação neutra, há um posicionamento, porquanto política. Uma aula deixa marcas, afeta cada estudante de maneiras diversas, fugindo, ao controle do professor. Mais que ensinar conteúdos da matéria em uma aula, o professor, por meio da mediação, testemunha seus valores.
Diante do exposto, fica evidente de que cabe ao professor estudar sempre a sua prática, porque o cenário em que atua é complexo, sendo muitos os elementos a serem percebidos pelo docente. Reconhece-se que sua situação não é simples, no entanto, desenvolverá seu trabalho dentro dos limites estabelecidos pela realidade, tendo sempre como fronteira a sua ética e comprometimento com o ser humano.


REFERÊNCIAS:
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo. Paz e Terra.1996.
MASETTO, Marcos Tarciso. Competências Pedagógicas do Professor Universitário. São Paulo: Summus, 2003.
WEFFORT, Madalena Freire. Observação, Registro, reflexão: Instrumentos Metodológicos I. São Paulo: Espaço Pedagógico.
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Coordenação do Trabalho Pedagógico: do projeto político-pedagógico ao cotidiano da sala de aula. 3ª ed. São Paulo: Libertad, 2002.


terça-feira, 2 de abril de 2013

POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS E DEMANDAS TECNOLÒGICAS DA SOCIEDADE: FRONTEIRAS E APROXIMAÇÕES



Maria Helena da Silva Meller[1]


Resumo:

O presente artigo decorre do cumprimento da disciplina Políticas Públicas, desenvolvida no curso de Especialização em Orientação, Supervisão e Gestão Escolar na Instituição Esucri – Criciúma/ SC. O tema está relacionado ao contexto educacional brasileiro no que se refere às políticas públicas, à análise das demandas tecnológicas da sociedade e a formação docente.


Palavras chave: Políticas Públicas. Tecnologia. Formação docente.


1 INTRODUÇÃO 

             
Este texto busca analisar as políticas públicas na prática social, tendo como eixo a instituição escola. Destarte, convém questionar as Políticas Públicas atendem, efetivamente, às demandas de uma sociedade tecnológica? Neste sentido, os nossos professores em sala de aula possuem formação para os desafios de nossos futuros cidadãos quanto ao domínio de conteúdos exigidos para a atual e futura sociedade em que esses cidadãos irão (con) viver e ou trabalhar?


1 – O INTERIOR DAS INSTITUIÇÕES E A POLÍTICA PÚBLICA

Minha escrita está balizada em minha formação com base freiana, haja vista, ter sido aluna de Madalena Freire e em meus vinte e seis anos de atuação na educação escolar. Sendo os últimos quinze anos com a formação docente, quer na academia, quer no chão das instituições. Portanto, parto da premissa de que a verdadeira formação continuada deve partir da realidade em que o professor está inserido.
   Em meu trabalho de formação com docentes, venho fazendo algumas constatações, dentre elas, a ânsia do professor. Seu conhecimento acadêmico distanciado da realidade em que atua o leva a formular perguntas: quem, de fato, são os alunos do século XXI? Qual a expectativa das famílias atuais? Qual o papel do professor neste cenário? O que a sociedade na era tecnológica espera da educação escolar? E o papel social da escola em uma vertente democrática de educação? Estas perguntas vem acompanhadas de angústia e, muitas vezes, falta de esperança. Contudo, estas questões são reais e necessitam ser transformadas em perguntas para que haja, de fato, a pesquisa. Esse primeiro movimento da queixa deve dar lugar à busca de respostas, em uma consistente fundamentação teórica. Pois a concepção de estudante, homem, sociedade, escola e de mundo atual, está bastante diferente daquela do inicio do século XX.
O que foi possível trazer desta prática em escolas das redes: pública municipal, estadual e particular? Que o professor tem uma base teórica fragmentada. Conhece os autores, e não suas teorias. Possui um discurso bastante distante da prática. Conferências e palestras que não partam da realidade e não dialoguem com o professor estão deixando este profissional com mais desânimo. Isto precisa ser ressignificado pela reflexão na prática e sobre a prática docente.
A questão mais difícil de lidar, nos cursos de formação, são as resistências dos docentes. Pois buscam culpados para os fracassos e não se incluem no processo. A reflexão proporcionada visa que os mesmos se percebam como corresponsáveis, na medida em que são profissionais com formação acadêmica. Busca-se, ainda, mostrar-lhes os limites em o professor está imerso. Fronteiras de toda ordem: sociais, econômicas políticas, e principalmente, culturais. Onde o conhecimento dos estudantes, seus valores estão muito distantes daqueles desejados pelas escolas, pelos valores e normas instituídos pela sociedade e outorgados pela legislação em vigor.
Nas escolas, professores que não conhecem a proposta curricular à qual pertence a sua instituição. Trabalham isolados dos colegas e sem acompanhamento de superiores, no sentido de orientar-lhes. Rotatividade de professores, por serem admitidos em caráter temporário.
Este quadro ora apresentado é o espaço onde perpassam toda a legislação pertinente à formação de cidadãos para a sociedade atual. Por meio de suas aulas, os professores traduzem, seus objetivos traçados pelas diretrizes curriculares nacionais, em conteúdos, na ânsia de fazer ampliar as operações mentais dos estudantes a fim de propiciar-lhes o desenvolvimento de competências e habilidades.  Planejamentos, técnicas, aulas diversificadas, avaliação processual, aulas em laboratórios, a fim de favorecer o aprendizado. Contudo, para qual sociedade?
A sociedade atual, em seus múltiplos aspectos, teve um avanço tecnológico no último século, muito mais rápido que sua história anterior. Sem dúvida, decorrente de suas necessidades, pois é a partir dessas que o homem modifica a natureza e se modifica. É nesta interação.
Em todos os setores da sociedade houve transformações, nunca se ouviu falar tanto em cuidar do planeta, devido a sua exploração para criar cada vez ferramentas que agilizam os processos. Não se precisa mais sair de casa, on line você faz compras, locações, pagamentos e até, conhece pessoas. Diagnósticos mais rápidos, curas para várias doenças. As distâncias encurtam, você está atualizado sobre qualquer assunto.
Para este novo modelo de sociedade, um novo modelo de escola.
A democratização ou massificação das escolas leva todo cidadão passar por ela com o sonho de ascender socialmente. Em que medida os compromissos institucionais com os sujeitos, de fato, garantem as expectativas provocadas pela sociedade? Situações de buscar uma vida melhor, tendo assegurado trabalho, moradia, saúde e lazer.
O quadro anteriormente descrito sobre a educação escolar nos faz refletir sobre os novos rumos que as políticas públicas precisam abraçar.
Em 1994 em uma reunião com representantes do mundo todo foram elencados os Quatro Pilares da Educação para a sociedade atual: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos, aprender a ser. Esta aprendizagem voltada ao pensar, problematizar, fazer dos conflitos situações de pesquisa e, ainda, conviver com os outros, pode ser vista em uma concepção bastante capitalista. Pois se traduziu nos Parâmetros Curriculares que tratam das competências e habilidades, sem dúvida fundamentais ao desenvolvimento tecnológico, contudo, há se certificar de que a criatividade esteja presente pra que não se esgote as respostas padrão.
Ao perguntar se o professor está preparado para a sociedade, auxiliando na formação, há que se perguntar a serviço de quem? Pois todas as tendências pedagógicas formam para a vida, porém qual vida? Erudita, trabalho, reflexão, auto-gestão. Ou para o trabalho como intervenção social, se percebendo como um sujeito que faz e é história, para resolver os conflitos existentes. Saber que é emoção e espírito, além do cognitivo.
Quando o discurso do conhecimento começa perder espaço para a sabedoria, ainda estamos discutindo o nível da informação e da tecnologia a serviço de quem, mais uma vez fica evidente que a academia apresenta uma teoria, muitas vezes, revestida de fantasia, para quem está no “chão”, e para quem esta de fato “ longe do povo”.
Temos que ter consciência, não fazer o fazer o pacto, a academia incentiva a autonomia, não obstante só podemos afirmar o que a essa deseja.
Neste circulo vicioso, onde perpasso dos teóricos aos docentes, chão de sala, onde lecionam para trinta turmas com 35 alunos, fica mais complexo ter um discurso pronto, mesmo que teórico. Há que se colocar no lugar dos sujeitos, como fez a filósofa francesa Simone Weill, para poder sentir e dali pensar, em suas perspectivas.
À escola foi outorgado o papel social do ensino, entretanto não cabe somente a ela essa carga binária, fracasso – sucesso. São vários os elementos que se entrecruzam e influenciam na formação de um sujeito. A conjuntura atual, onde jovens se comunicam com o mundo todo, virtualmente, no entanto não tem coragem de olhar nos olhos de seus pais demandam um novo paradigma de educação, não somente escolar, educação global.
Em um momento que a educação formal privilegia o conhecimento cognitivo, descartando os demais aspectos do ser humano. É necessária a percepção do educar o sujeito em sua inteireza, pois a atualidade e o futuro podem estar desprovidos de pessoas criativas, sensíveis para poder, de fato, contribuir, inspirar e orientar Políticas Públicas com Planos, Diretrizes, que leve em conta a sociedade atual e suas necessidades.

3 CONCLUSÃO

E possível inferir, após a reflexão que as políticas públicas atuais, na formatação presente apresentam muitas limitações. Há uma legislação estabelecia fundamentada na cidadania e na construção coletiva. Contudo, sua cotidianidade não permite que se ponha em prática todas as suas metas.
A sociedade atual, por meio de seu avanço tecnológico teve muitas vitórias, porém, se faz necessário uma reflexão permanente de todos, e não somente de legisladores, de quem pode participar efetivamente de suas vantagens.
Além disso, afirma-se que a escola, mesmo com todas as suas limitações e as mazelas pedagógicas, ainda se constitui em um local de respeito, de conflitos e de ensino, porquanto resta o fazer e a esperança por um mundo melhor para esta e as próximas gerações.

baseado nas leituras:

APPLE, Michel W. Para além da lógica do mercado: compreendendo-se e opondo-se ao neo liberalismo.

BRASIL. Constituição. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1998.

BRASIL, Lei n. 9394 de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. D.O.U.

DELOERS, Jacques. Os Quatro Pilares da Educação. In: Educação: um tesouro a descobrir. 8ª ed. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: MEC: UNESC, 2003. p. 89 – 102.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

OTANI, Nilo. Metodologia do trabalho científico. Criciúma, SC, ESUCRI, 2010.

PERONI, Vera Maria Vidal: Dilemas da educação Brasileira em tempos de globalização: entre o público e o provivado. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2006.

TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2004.

SCHÖN, Donald A. Educando o profissional reflexivo. Porto Alegre: Artmed 2007





[1] Maria Helena da Silva Meller – acadêmica do Curso de especialização em Supervisão, Orientação e Gestão Escolar – mhsmeller@gmail.com