quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Gestão democrática e o ambiente escolar



Maria Helena 

Em textos anteriores fiz reflexões sobre a gestão democrática no Brasil, na área da educação escolar. Questionando o momento e a compreensão deste tema.
Volto ao objeto, diante do que venho constatando no trabalho de assessoria pedagógica. A Constituição datada de 1988, sofreu várias atualizações por meio de suas emendas.
Por decorrência a LDB/1996, o ECA/1990, tiveram suas atualizações. Com a possibilidade de os municípios terem a autonomia de criarem seus Sistemas de educação, essa lei (do Sistema) deveria estar em consonância com a lei Orgânica municipal e demais leis federais. Ainda, ser atualizada à medida que não conseguisse atender os apelos da sociedade, as necessidades sociais.
Com a autonomia dos municípios por meio de seus sistemas, sustentando as redes Municipais de educação, o conselho municipal de educação –CME, por meio de seu decreto de criação, seu Regimento Interno, deve estar em consonância com todas as leis aqui citadas. Cabendo ao CME expedir as seus documentos, após estudos, afim de normatizar as leis.  
Na unidade escolar o seu documento máximo é o projeto pedagógico, onde se posiciona politicamente sobre suas concepções. Contudo, acaba seguindo as orientações das Diretrizes Curriculares Nacionais, entre essas estão as diretrizes curriculares municipais, ou pelo menos da Rede. Ou se usando da Resolução n. 1 2012, de que dispõe sobre a implementação do regime de colaboração mediante Arranjo de Desenvolvimento da Educação (ADE), acabam se empregando as teorias de que o estado, ao qual o município pertence, se utiliza. Muitos, ainda pela cultura de ter o estado como um teto maior, com mais conhecimento, pelo fato de o Conselho Estadual de Educação estar mais conectado às universidades, ou os conselheiros fazerem parte do universo acadêmico.
Diante do exposto, com a CONAE, 2010, 2014, mesmo havendo o desmantelamento do Fórum Nacional de Educação. A atualidade possui, ainda seu Fórum, CONAE, 2018 (?). Com a PNE, Lei n. 13.005/2014, com os PEEs e PMEs, em seu monitoramento e avaliação, cada município que se constitui como sistema há que se avaliar, com o cuidado das orientações do Tribunal de Contas.  Plano Pluri Anual – PPA;  Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO  e Lei Orçamentária Anual - LOA, no orçamento público.
As questões, até então envolvidas somente como pedagógicas, para a compreensão de uma gestão democrática deve abarcar todas essas nomenclaturas, incluindo toda forma de conselhos. Isso seria a gestão democrática.(?) Com as leis de Transparência e Acesso à Informação, gera a oportunidade de que o cidadão possa exercer seus direitos e deveres.
O que isso tem a ver com a escola e a gestão democrática? Na atualidade o dirigente da secretaria municipal de educação deve possuir o conhecimento sobre todos esses elementos para que, de forma sistemática, possa permitir a materialização de metas, objetivos e estratégias focadas na educação de sua Rede de Ensino observando, ainda, os dados do IDEB, SAEB.
Na prática significa fazer uma revisão da Lei Orgânica no que concerne à educação, na lei do sistema, documentos emanados pelo Conselho Municipal de Educação, Regimento Interno das Unidades Escolares e o projeto-pedagógico.  
Vale ressaltar que essa análise deve estar balizada nas leis federais, observando, além das supra citadas, as leis:  acessibilidade, (física e informação), deficiente, bullying. Também aquelas leis descritas na LDB que fazem parte do currículo escolar.
A gestão democrática que o país possibilita hoje às secretarias de educação está pautada em uma linearidade. Onde é passivo questionar, qual o nível de autonomia pedagógica de uma Rede de Ensino? Em que medida os profissionais da educação desde aquele que está no chão da sala de aula, passando pelos coordenadores até o dirigente conseguem abranger tudo? Mesmo sendo um município pequeno o mesmo deve estar atento a todas estas questões, quanto menor o número de escolas, menor o número de profissionais para conseguir atualizar todos os dados solicitados on line, quase que diariamente. Independente que seja um grande município todos os Programas e Projetos a serem monitorados devem ser os mesmos para todos, mais profissionais, no entanto mais escolas, mais dados. Portanto, relativiza.
Diante do exposto, em 32 anos de docência, ou eu estava adormecida, cristalizada, ou a guinada "democrática" na educação demanda do dirigente atual um perfil que vai muito além de um cargo comissionado, extremamente estudioso, atualizado. Ainda, com muito cuidado para não perder o foco, o papel social da escola que é o ensino.