Maria Helena da Silva Meller
Na área da educação, quando
se menciona o termo estratégia, pelos estudos frequentes, em uma concepção
critico social, logo vem ao pensamento o modelo de educação tecnicista. Como se
somente o mesmo pudesse utilizá-lo.
Em pleno século XXI, todos
os documentos legais e teóricos tratam da gestão em uma concepção democrática
de educação, há um recorro pelo fazer coletivo, mesmo que no discurso. Assim,
toda forma de pensar a escola deve perpassar por todos os atores. Pais,
docentes, direção, estudantes e comunidade participam da elaboração da proposta pedagógica (LDB).
Pensar o fazer pedagógico da
escola significa conhecê-la em seus múltiplos aspectos, históricos, culturais,
ainda, a própria instituição, sua cotidianidade, sua prática, seu entorno
comunitário. Também seu desenvolvimento, suas fortalezas e suas fragilidades
nos seus campos: pedagógicos, administrativos e comunitários, no dizer de
autores como Gandin e Vasconcelos.
Posto isso, percebe-se que esse
não é um trabalho estanque e de curto prazo, pois as pessoas precisam ser
ouvidas. Há que se organizar as questões. Se pensar na instituição, como essa
se apresenta e a que distância se está do ideal, do desejado, da escola que provê
as necessidades detectadas pelo coletivo. Indicar: o que é possível propor a
curto, médio e longo prazos.
É possível aferir que este
planejamento, estudo da realidade, demanda uma coordenação que conheça sobre
planejamento e gestão. Que elabore um roteiro, um cronograma e indique funções
adequadas a cada membro da equipe.
A escola está vinculada a
vários segmentos, por mais autonomia que tenha, essa não acontece em todos os
aspectos, principalmente em se tratando de instituição pública. Portanto,
assumir uma gestão democrática implica em uma série de observações. Em se
tratando de planejamento, nessa perspectiva, o instrumento/documento planejamento não tem grandes alterações
e nem a denominação tem grande relevância. Embora, as palavras estejam cheia de
ideologias.
Ratificando, parte-se das
necessidades percebidas pelo coletivo da Unidade, coordenada de forma
disciplinada e flexível, respeitando os tempos de compreensão dos envolvidos. O
estudo da realidade deve ser o tempo todo registrado por atas, fotos...
A partir do documento
elaborado, denominado proposta pedagógica,
em consonância com todos os documentos legais, em nível do seu Sistema, cabe a cada
profissional da instituição elaborar o planejamento de suas atribuições,
gestor, especialistas e docentes. Ou seja, o docente, o planejamento de ensino,
os especialistas, seu planejamento de suas funções e o gestor o planejamento
estratégico para que as linhas de ações possam se transformar em ações
concretas (no dizer de Vasconcelos) e não simplesmente que as ações aconteçam
aleatoriamente ou quando exigido por autoridade competente.
O gestor deve ter muito
claro quais documentos se constituem em leis e quais devem ser seguidas.
Ampliando, por exemplo, para uma Rede: Proposta
Curricular, sem a mesma cada U.E. pode desenvolver o trabalho pedagógico
como deseja. Por sua vez a Proposta
Pedagógica com os indicadores políticos, filosóficos, pedagógicos, de avaliação,
metodológicos, para que haja um trabalho coeso, articulado e sistematizado. Sem
tais documentos, quer uma Rede ou uma Unidade escolar, não conseguem
desenvolver um trabalho pedagógico capaz de promover um ensino de qualidade
proposto pelas leis em vigor.
Diante do exposto, cabe ao
gestor da instituição elaborar o seu planejamento estratégico, verificando na Proposta Pedagógica o que cabe à equipe
gestora:
O QUE FAZER?
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COMO FAZER?
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PRAZO
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RESPONSÁVEL
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Objetivos
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Estratégias
– utilizando o gerúndio (exemplo elaborando, propondo...)
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Mês e ano
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Nome da pessoa indicada que não necessita
ser o diretor
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Lembrando que, quando se
chega a este quadro, houve todo um processo de discussão pautado em linhas
filosóficas, pedagógicas, legislação. Onde todos tiveram participação,
estudantes, pais, docentes e equipe diretiva. É um processo que pode levar em
torno de oito meses a um ano.
Conclui-se afirmando sobre
as possibilidades de elaboração de um planejamento estratégico, disciplinado partindo
das discussões do coletivo, participativo, com metas, objetivos, prazos designados.
É possível, projetar, estudar e propor, avaliar constantemente os resultados. Isso
não significa que todas as ações serão concretizadas, porque a escola é uma
sociedade, um conjunto de elementos. Nesse contexto existe um processo intenso entre
pessoas, práticas e teorias e não há como determinar, padronizar, seria um
paradoxo em uma visão dialética de educação.
Leituras indicadas:
BRASIL, Lei n.
9394/1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).
GANDIN. Danilo. A prática
do planejamento participativo. Petrópolis. Vozes.
VASCONCELOS,
Celso. Planejamento: Plano de Ensino-Aprendizagem e Projeto Educativo.
Libertad.