sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Gestão Democrática e Planejamento Estratégico: Indícios De Possibilidades


Maria Helena da Silva Meller



Na área da educação, quando se menciona o termo estratégia, pelos estudos frequentes, em uma concepção critico social, logo vem ao pensamento o modelo de educação tecnicista. Como se somente o mesmo pudesse utilizá-lo.
Em pleno século XXI, todos os documentos legais e teóricos tratam da gestão em uma concepção democrática de educação, há um recorro pelo fazer coletivo, mesmo que no discurso. Assim, toda forma de pensar a escola deve perpassar por todos os atores. Pais, docentes, direção, estudantes e comunidade participam da elaboração da proposta pedagógica (LDB).
Pensar o fazer pedagógico da escola significa conhecê-la em seus múltiplos aspectos, históricos, culturais, ainda, a própria instituição, sua cotidianidade, sua prática, seu entorno comunitário. Também seu desenvolvimento, suas fortalezas e suas fragilidades nos seus campos: pedagógicos, administrativos e comunitários, no dizer de autores como Gandin e Vasconcelos.
Posto isso, percebe-se que esse não é um trabalho estanque e de curto prazo, pois as pessoas precisam ser ouvidas. Há que se organizar as questões. Se pensar na instituição, como essa se apresenta e a que distância se está do ideal, do desejado, da escola que provê as necessidades detectadas pelo coletivo. Indicar: o que é possível propor a curto, médio e longo prazos.
É possível aferir que este planejamento, estudo da realidade, demanda uma coordenação que conheça sobre planejamento e gestão. Que elabore um roteiro, um cronograma e indique funções adequadas a cada membro da equipe.
A escola está vinculada a vários segmentos, por mais autonomia que tenha, essa não acontece em todos os aspectos, principalmente em se tratando de instituição pública. Portanto, assumir uma gestão democrática implica em uma série de observações. Em se tratando de planejamento, nessa perspectiva, o instrumento/documento planejamento não tem grandes alterações e nem a denominação tem grande relevância. Embora, as palavras estejam cheia de ideologias.
Ratificando, parte-se das necessidades percebidas pelo coletivo da Unidade, coordenada de forma disciplinada e flexível, respeitando os tempos de compreensão dos envolvidos. O estudo da realidade deve ser o tempo todo registrado por atas, fotos...
A partir do documento elaborado, denominado proposta pedagógica, em consonância com todos os documentos legais, em nível do seu Sistema, cabe a cada profissional da instituição elaborar o planejamento de suas atribuições, gestor, especialistas e docentes. Ou seja, o docente, o planejamento de ensino, os especialistas, seu planejamento de suas funções e o gestor o planejamento estratégico para que as linhas de ações possam se transformar em ações concretas (no dizer de Vasconcelos) e não simplesmente que as ações aconteçam aleatoriamente ou quando exigido por autoridade competente.
O gestor deve ter muito claro quais documentos se constituem em leis e quais devem ser seguidas. Ampliando, por exemplo, para uma Rede: Proposta Curricular, sem a mesma cada U.E. pode desenvolver o trabalho pedagógico como deseja. Por sua vez a Proposta Pedagógica com os indicadores políticos, filosóficos, pedagógicos, de avaliação, metodológicos, para que haja um trabalho coeso, articulado e sistematizado. Sem tais documentos, quer uma Rede ou uma Unidade escolar, não conseguem desenvolver um trabalho pedagógico capaz de promover um ensino de qualidade proposto pelas leis em vigor.
Diante do exposto, cabe ao gestor da instituição elaborar o seu planejamento estratégico, verificando na Proposta Pedagógica o que cabe à equipe gestora:
O QUE FAZER?
COMO FAZER?
PRAZO
RESPONSÁVEL
Objetivos
Estratégias – utilizando o gerúndio (exemplo elaborando, propondo...)
Mês e ano
Nome da pessoa indicada que não necessita ser o diretor

Lembrando que, quando se chega a este quadro, houve todo um processo de discussão pautado em linhas filosóficas, pedagógicas, legislação. Onde todos tiveram participação, estudantes, pais, docentes e equipe diretiva. É um processo que pode levar em torno de oito meses a um ano.
Conclui-se afirmando sobre as possibilidades de elaboração de um planejamento estratégico, disciplinado partindo das discussões do coletivo, participativo, com metas, objetivos, prazos designados. É possível, projetar, estudar e propor, avaliar constantemente os resultados. Isso não significa que todas as ações serão concretizadas, porque a escola é uma sociedade, um conjunto de elementos. Nesse contexto existe um processo intenso entre pessoas, práticas e teorias e não há como determinar, padronizar, seria um paradoxo em uma visão dialética de educação.



Leituras indicadas:

BRASIL, Lei n. 9394/1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).
GANDIN. Danilo. A prática do planejamento participativo. Petrópolis. Vozes.
VASCONCELOS, Celso. Planejamento: Plano de Ensino-Aprendizagem e Projeto Educativo. Libertad.