segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

META: EDUCAÇÃO ACOLHEDORA

Goal: welcoming education                                                                  

Maria Helena

             Nunca foi tão evidente tratar a educação como inclusiva, porém no cenário em que vivemos, parece redundante o referido termo. Tratar a educação em sentido amplo, família, sociedade geral e o ensino específico da escola, a inclusão redunda quando tratamos de todos os seres humanos, pois os mesmos devem ser acolhidos em todas as suas especificidades.

            Aqui desejo evidenciar a acolhida aos meus colegas docentes, porque a razão da escola existir é para o ensino dos estudantes, contudo aqueles que estão na linha de frente são os gestores e docentes. Assim, neste ato do ensino híbrido, todo o cuidado possível respeitando os protocolos criados pelos órgãos competentes, estão em tese, sendo cumpridos.

          Uma pergunta: quem conhece uma escola de verdade, viva? como um corpo humano, com todos os seus elementos interdependentes, convivendo, onde há definições puramente didáticas, pois não existe uma rigidez como uma barra de ferro, principalmente quando se buscou e busca uma autonomia por meio da dialogicidade, da reflexão do autoconhecimento. Assim, pressupor que todas as instituições estão conseguindo cumprir com os protocolos definidos pelas secretarias de saúde, segurança, educação, etc...é pura ingenuidade. No entanto, nós professores sabemos que o cenário sempre foi este, todos que instituem sua prática balizados na verdadeira ética, reconhecem a diferença da escola real, da escola idealizada e da escola difundida por parte da mídia. Portanto, o docente sofre duplamente: por ter que atuar em um cenário em que impera o medo e, ainda, por saber que a maior parte da sociedade não reconhece o trabalho do professor como essencial, importante para a mesma.

           Reconheço, por toda minha formação e por 35 anos de docência e gestão, que o interior da escola diverge muito das estatísticas, ou melhor de todo material que tenta generalizar uma escola.

           O momento atual necessita de acolhimento, de escuta acolhedora. Isso está muito bem planejado para os estudantes, o cuidado com as crianças pequenas e, principalmente, com os adolescente, sendo esta uma atitude louvável, diante do quadro que temos percebido onde nossos estudantes, filhos, estão bastante desmotivados, presos, sem muitos sonhos. Porém, neste espaço busco mais um diálogo com meus pares, aqueles que estão em seu cotidiano, planejando, corrigindo, elaborando, cuidando, ensinando, observando, analisando, dialogando...muitas vezes sem uma ilha segura, um ponto de equilíbrio. Diante do: " e agora? como faço?" ter alguém para simplesmente ouvir sem julgamentos, para que a função do professor tenha uma conotação menos solitária. Que o professor sinta que suas decisões estão sendo "aprovadas". Sim, neste momento, é disso que falo. 

         Durante este período tenho recebido mensagens de colegas me perguntando o que fazer e como fazer, se o que está praticando está correto, o que penso. Eu respondo que a sua ação é o que sabe fazer no momento, se está agindo com sua ética, coração, está correto.

          Temos muitas instituições onde não há uma equipe pedagógica, no sentido de coordenação/orientação. E quando há, em um cenário, como estamos vivenciando, são muitas decisões focadas por dia, assim nem sempre são reservados tempos, (sim, pois tempo é construção humana, o relógio foi criado pelo homem) para poder partilhar com os professores que as angústias são de todos os profissionais, todos estão em uma situação necessitados de um acolhimento, de um "-estamos diante de hipóteses".

        Colegas devemos lembrar que somos profissionais por formação, com nossos certificados, prestamos nosso serviço à sociedade. Contudo, devemos lembrar que ensinamos mais pelo exemplo do que por nossos discursos pedagógicos. Não estou tratando de egoísmo, portanto cuidar do outro é um ato de amor, assim como o cuidar de si.