Maria Helena
Costumo dizer que quanto menos
a pessoa entende de um assunto, mais tem o que falar. É o meu caso. Desculpem colegas,
talvez eu seja redundante e até prolixa.
A disciplinaridade, no fazer
escolar, nos remete em “lembrar” dos fragmentos de caixinhas nos passadas por “pseudociências”.
E assim, como o homem vai se desenvolvendo, ou não...procura aperfeiçoar sua
visão de si próprio e do mundo, denominada esta reflexão de filosófica, pois
busca constantemente uma verdade. Porém, para buscá-la necessita primeiramente
saber o que se procura. Nesse enredo, as diferentes visões, em um reverso de procurar
uma unidade, divergem de uma forma tão disciplinar, buscando a
interdisciplinaridade ou até a transdisciplinaridade.
É muito interessante assistir tal
discurso, onde por meio, nem mais de disciplina, nem de matéria, como
denominávamos, tentar explicar a interdisciplinaridade ou transdisciplinaridade
ao Outro. Por vezes, através de filmes, técnicas...se o exemplo ensina mais que
as palavras, o que estamos fazendo?
Pensamos na formação de
pessoas reflexivas, que consigam compreender, e, nesse processo, ir abstraindo,
interpretando à luz de conhecimentos sócio históricos prévios, analisando aquilo
que é uma novidade para ir incorporando ao seu repertório.
A nossa prática nos trai,
entrega qual teoria seguimos. Desejamos contribuir na formação de sujeitos em
seus múltiplos aspectos, portanto para tal precisaríamos reconhecer tais
aspectos. Pensamos e falamos da necessidade de ver o coletivo, para além de um
amontoado de sujeitos e aqui iniciam alguns paradoxos. O coletivo é feito por indivíduos,
únicos, indivisíveis, com identidade própria, que o distingue dos demais. Se conseguimos
percebê-lo assim, e respeitamos sua história individual, começamos a vê-lo de
forma inter/transdisciplinar.
Essa premissa, altera a visão
que a ciência pedagógica possui do seu planejamento. Ao iniciar determinado
tema, perceber que cada sujeito faz uma representação individual, partindo de
sua bagagem histórica, que as interações feitas ao longo de sua jornada tiveram
interferência de seu aparato neurológico, o acesso ao objeto a ser apreendido,
onde isso se encontra em sua escala de valores, enfim, respeitar em sua
indivisibilidade. Contudo, para que não fique em uma visão individualista, há
que percebê-lo com um SER de pertença, pois, se identifica com determinado
grupo, isso lhe gera a tão necessária segurança.
Qual o conteúdo é necessário
que o Outro, este sujeito com o qual eu educador/a me identifico, apreenda para
desenvolver uma habilidade? Sim, me identifico, pois fazemos parte de um
coletivo maior, a Humanidade. Não é disso que estamos falando, em contribuir na
formação de seres humanos? Em nossa ingenuidade, e nas várias “ciências”,
denominadas humanas, temos os vários conceitos para serem critérios e
fundamentar as estratificações. Assim, o não pertencimento a um determinado
grupo, faz com que nossa consciência esteja tranquila. Porém, quando vemos os
espaços de ensino, como oportunidade de nos assumirmos, como diante de um
espelho, a situação muda e muito.
Não estou dizendo que seja
fácil fazer este exercício diário, o dever de casa. Não é complexo, é difícil porque
assim fomos educados. E para quebrar com esta visão, devemos estar abertos, pois
nosso primeiro sentimento é a negação, a resistência, que são mecanismos
saudáveis.
Tudo isso para dizer que um
projeto de formação que deseja abraçar de forma inter/transdisciplinar o SER,
deve primeiro fazer a pergunta: estamos dispostos ao autoconhecimento
individual e coletivo de nosso grupo, a partir dos múltiplos aspectos, os quais
estudam a humanidade?
Não basta um planejamento à
priori, estudando o significado de muti, inter trans, é mais além, é
compreender que cada conteúdo não está isolado na sociedade, e ao “descer” pelo
conteúdo, ao enraizar historicamente, perceber cada ciência com a sua
contribuição, porém, a ciência também é criação humana, não é um ser.