sábado, 15 de agosto de 2020

2020! Que ano é esse?


  O ano de 2012 trouxe um misto de fim dos tempos, com o fim de um ciclo, visão apocalíptica, de arrebatamento da humanidade, pois poderíamos sentir como findar de uma era de infortúnios para uma situação de colaboração e cooperação entre os humanos. Filmes como O Dia Depois  de Amanhã e 2012, levaram muitas pessoas a rever os indícios de que, de fato, estaríamos vivendo dias derradeiros na terra.

Quando juntamos somente nosso lado emocional, como filtro, para abstrair o contexto, podemos ter a visão unilateral de uma situação.

Vivemos em tempos de agitação, em todos os locais a palavra de ordem é tempo, é dinheiro, isso está subjacente às ações das pessoas correndo para pegar ônibus, metrôs, voos e até elevadores, estão sempre atrasadas. E vem a pergunta, atrasadas com relação a que? A sociedade impõe um pensamento de que é inadmissível não chegar no horário, óbvio, em um contexto de luta para manter o emprego, o padrão de vida, o status. Tudo deve sair de acordo ao cronômetro. Quem assistiu ao filme O show de Truman (1998), sente-se na mesma situação, como se tivesse alguém observando e todo o dia não se pode fugir da rotina.

É uma situação tão controversa, pois quando chega uma folga, quer feriado, final de semana ou férias, aquele dia está todo planejado. A pessoa sente-se “culpada” em estar fazendo nada, até o seu lazer faz parte do cenário, porque é obrigada a descansar.

O ano 2020 não permitiu a ninguém se planejar, interrompeu abruptamente todas as atividades do mundo, literalmente. Até que aos poucos as pessoas passassem a criar novas rotinas, gerando um grande estresse. Outras entraram em quarentena para ver o que iria acontecer. Mas sempre pensando no futuro: quando termina? Como vai ser depois que terminar? Teremos outro tipo de emprego? Como estará a economia?

Sendo o futuro consequência do presente, as perguntas são: como estão vivendo as pessoas, sobre o que pensam, quais seus aprendizados, suas percepções para uma vida menos traumatizante, agora? Pois a enxurrada continua via online, cursos de toda forma e jeito para se atualizar, manter a mente saudável, passar o tempo. Como se o tempo devesse passar rápido para chegar o futuro. Porém, o o futuro é como um horizonte, quando se chega até ele, não está mais ali, está muito longe novamente.

2020 é a escola para esta geração aprender que o futuro são as sementes de pensamentos plantadas agora, neste tempo turbulento. O presente é este que vivemos, assim, devemos aprender as melhores lições deste mestre: o hoje. Com pandemia ou sem pandemia, estamos aqui, hoje.

terça-feira, 11 de agosto de 2020

ELEIÇÕES, POLÍTICA E PANDEMIA

 

Maria Helena


 Vou me adiantando que não compreendo nada de eleições e muito menos de política partidária, todavia é possível refletir sobre as dificuldades de muitos candidatos, assim como para muitos eleitores poderem acompanhar a história de vida de seu candidato, no cenário atual, pois essa testemunha o seu comprometimento ético com o município.

Ano de eleições, muitos esquecem a pandemia devido o foco nos votos. Outros esquecem a eleição pelas políticas assumidas devido à pandemia, entendendo aqui a política não partidária e sim a arte de defender ideias, de bem governar, assim, diante da crise de saúde, estudam os bastidores dessa com indicadores sociais, culturais e econômicos. Ou seja, a lente é a política, para observar além das estatísticas, pois as mesmas sem um contexto, de nada valem.

Os eleitores em um misto de tentar levar a rotina com novos óculos, visualizar o essencial, sem perder de vista a realidade, estão ainda em processo de adaptação ao paradigma instalado.

Os candidatos, políticos por profissão, possuem toda uma prática, um fluxograma, um endomarketing o qual lhes assegurou sua vida política partidária, até então. Contudo, contam com um novo cenário construir sua campanha utilizando o mínimo do qual sabem usar, fazer suas “promessas” em palanques comovendo muitos, às lágrimas. O que muda? Dependendo da compreensão dos candidatos, muda pouco. Somente ter elaborado um planejamento estratégico, ter seguido seu cronograma de forma minuciosa, atendendo todas as leis e normativas referentes ao assunto, não ter medo do público, contar com assessores comprometidos com sua plataforma, pelo menos identificar as redes sociais, as ferramentas tecnológicas, saber o que cada uma pode oferecer e a qual público essa chega. Porque em um país com mais de 5.500 municípios, temos municípios com 2 mil habitantes, onde todos se conhecem, sendo menores que muitos bairros de outros centros, assim como temos municípios com 12, 6, três milhões de munícipes, e com cem a duzentos mil habitantes, seria a média. Desses, quantos são eleitores? Ainda continuam no município, principalmente em áreas rurais onde os jovens saem para estudar e não voltam mais. Quantos votos na condição opcional, voto obrigatório?

 Quantos serão candidatos a prefeito? E à vereança? Quantos são políticos de carreira? Sempre visando o partido que obtenha vantagem. Quantos são sectários? Não deixam seu partido jamais. Quantos estão “debutando”? Portanto, temos um grupo muito heterogêneo em questão de: formação, fator econômico, visão cultural da política, conhecimentos gerais de seu município em todos os aspectos. Quantos conseguem fazer um alinhamento desde o previsto na Constituição Federal, a Estadual, Lei Orgânica, Regimento Interno da Câmara de Vereadores?

O que buscar em cada documento? Qual o diagnóstico do município, lembrando a elaboração de um diagnóstico acontece quando fazemos um levantamento e o comparamos a um padrão estabelecido à priori. Não devendo focar somente em questões negativas e, por outro lado, também nas questões positivas, deve se prever com antecedência os indicadores para esse diagnóstico. Em que medida os citados documentos podem oferecer firmes continentes aos “novos” candidatos? O que é um município? Quais suas responsabilidades, papel de um prefeito, atribuições de um vereador, relações do executivo com o legislativo e com o judiciário.

Interessante acompanhar as “reflexões” e/ou “promessas” de determinados candidatos...obviamente muitos falam orientados por seus “gurus” aquilo que o eleitor deseja ouvir. Porém, outros de forma muito ingênua tratam de questões não pertinentes ao seu papel de acordo com documentos oficiais, indicam desde questões que são de competência do Estado ou em outro extremo, da Associação de Moradores. Tratam de projetos, os quais existem em nível de União, portanto não criará, porém irá fazer algum tipo de cooperação, solicitação. Para mim o horário político é o momento em que o candidato demonstra não ao que veio, mas ao que não veio. Por vezes, dignos de pena, pois estão ali para poder fazer peso nos votos para esse ou aquele partido político.

No cenário da pandemia, ou essa será um espelho retrovisor para poder observar mais lados, ou um funil, se percebendo somente a obrigatoriedade do voto. Tudo isso é aprendizado, mas quanto tempo ainda precisamos para compreender o que é o exercício da cidadania em uma visão democrática?