Maria
Helena
Neste Blog tenho textos de que
tratam do PME, BNCC, onde foram momentos de pensar com um novo olhar para a
educação escolar. Toda a sociedade foi “chamada” para refletir a educação. Falo
disso, por ter participado efetivamente destes movimentos. Sonhar com uma
educação integral. Lembrando que não estamos falando de período estendido, mas
de perceber o ser em sua integralidade, muito além do intelecto.
O PME trazia em seus escritos
e traz em seu processo, seus eixos, níveis e modalidades da educação, com
diagnósticos precisos, muita estatística. Oferece oportunidade de a escola poder
olhar-se no espelho e comparar os dados obtidos, verificando a que distância se
estaria do desejável e o que fazer para efetivar os objetivos e materializar as
ações. Por sua vez, a BNCC, decorrente de muitos movimentos, pautada
principalmente nas DCNs, portanto desde 2009, 2010...chega ao docente como se
não fizesse parte de um processo desde a CF de 1988 e LDB 9394 de 1996.
Não estou procurando
responsáveis, estou propondo uma reflexão mais enraizada. O que tem a ver com o
momento ao qual vivemos na sociedade escolarizada?
Outra questão que venho
constatando por meio do meu trabalho é a confusão feita entre PCNs e BNCC,
competência, habilidades e objetivos, evidenciados nos PPPs que analiso e nas
falas recorrentes dos professores em cursos de formação.
É preciso que os gestores
tenham a clareza de que todos estes documentos fazem parte do mesmo cenário. E
se as competências e habilidades propostas na BNCC estavam sendo implantadas de
forma processual, basta voltar ao documento e rever principalmente as
competências de n. 5, 8 e 9, todas sendo utilizadas devido ao contexto criado
pela pandemia, porém, ainda, de forma paralela aos planejamentos exigidos pelas
escolas. E sabemos que linhas paralelas não se encontram. E se a própria escola
não se perceber disso, haverá um grande paradoxo o qual será ao acabar a
pandemia irão “treinar” o planejamento por competências e habilidades,
entendendo que não são sinônimos de objetivos geral e específicos de um
componente curricular.
Votando à Base Curricular em
sua Competência de n 5, que enfoca a utilização da tecnologia, pois essa há
muito é utilizada em sala de aula, porém com uma certa reserva por muitos
docentes, por não compreenderem que a máquina não aprende pelo estudante, mas
irá sim proporcionar situações de operações mentais problematizadoras, o que
auxilia no desenvolvimento da autonomia intelectual do aprendiz.
O item n. 8 de que trata de
cuidar da saúde, mas qual o conceito de saúde? Saúde é muito mais que a
ausência de doenças. Como viver diariamente cuidando da mente e do corpo, das
relações intra e interpessoais? Essa vem ao encontro da próxima competência, a de
n. 9, sobre a empatia. Atualmente há muitos cursos online gratuitos que ensinam
a importância da empatia. Convém refletir, o que representa ensinar a ser
empático quando, o próprio ser humano adulto, pais e docentes também não
aprenderam, é um exercício diário. Há que se despir de muitos estereótipos.
As 10 ações pautadas em princípios
éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários, expressos na BNCC
acabam se desdobrando em vários itens que devem ser desenvolvidos em diferentes
componentes curriculares e séries.
Reconheço que em todas as
profissões existam os que não possuem responsabilidade e comprometimento nem
consigo mesmo, imagina-se com o “outro", contudo percebo um paradoxo deste
movimento, são os tipos de controle sobre docentes e estudantes, pois há uma
certeza subjacente a este, de que somente executarão suas tarefas se houver
supervisão. Como desenvolver autoria e autonomia quando o contexto oferece treinamentos,
porém o controle e cobranças são mais contundentes e não se cria um ambiente
mais propício ao comprometimento? Estranho, pois, todo documento de PPP trata
em seu interior “da formação de sujeitos comprometidos com o local e o global.”
É humano sentir-se seguro em seu território, no que lhe é conhecido, faz sentido, assim trabalhar com o ser humano respeitando uma série de fatores é um grande desafio.
Essa situação em que
o pais, infelizmente, está imerso acaba sendo oportuna para pôr em prática as vivências de tudo que
propõe a BNCC, no entanto, isso não é uma metodologia, há de se reinventar,
olhar o mundo por outras janelas, ressignificar o papel da escola. Reconhecer
que muitos valores devem atravessar os séculos, porém, outros não são valores
são hábitos criados para que a sociedade não saia da caverna e não perceba o
objeto observado: as sombras, pois estão de costas para o sol. E dizer que Platão
“sacou” isso há muito tempo.