quinta-feira, 21 de agosto de 2014

ELABORAÇÃO DA PROPOSTA CURRICULAR DE TURVO - SC: TEORIA E PRÁTICA


Maria Helena da Silva Meller


A assessoria pedagógica à secretaria de educação do município de Turvo-SC, principiou no final do ano de 2013. Elaborou-se o planejamento estratégico para 2014. Dentre as ações, formação para gestores e para a equipe da secretaria de educação, composta pelo secretário Jair, coordenadoras pedagógicas: Dione, Maria José, Elenita, Márcio, Valdete, Rose e a psicologia Marizete.
 Iniciou-se os trabalhos, dividindo-se em um encontro mensal, matutino com toda a equipe da secretaria mais as diretoras das escolas, tendo aí o GE- Grupo de Estudos e vespertino, somente com a equipe, denominado GT – Grupo de Trabalho.
Em fevereiro de 2014, trabalhamos com o GT, somente planejando o ano. Em março, o primeiro encontro do GE, foi feito o levantamento das necessidades de estudo e partimos da realidade percebida por cada grupo, em cada espaço. O curso acontece uma vez por mês, com duração de 4 horas, e as “tarefas” on line. São enviados textos para subsidiar as reflexões. Primeiro tema, o papel do gestor na instituição escolar, decorrente desse, a importância do planejamento estratégico para a organização da escola em seus aspectos comunitário, pedagógico e administrativo.
Um texto fundamental estudado foi educando o olhar da observação de Madalena Freire (1996), que auxiliou na reflexão do perfil de um gestor que possua autoridade, seja democrático, saiba administrar os conflitos sem levar para o nível pessoal. Conseguir enfrentar cada adversidade sem receio, reconhecer as limitações, estudar as suas atribuições, as normas e leis pertinentes à educação escolar.
Em cada encontro se prevê, na pauta, alguns minutos para que a secretaria possa se manifestar-se, assim como para que cada diretora partilhe com as colegas o que vem acontecendo em sua escola, sobre eventos, projetos, etc. isso faz com as diretoras considerem, sustentes suas falas, suas ideias e socializem as ações positivas que vem ocorrendo nas U.E,s, pois as demandas negativas, o povo e a imprensa, por vezes, levam para as ruas.
Ao mesmo tempo com o GT, tratávamos dos princípios da Rede, das linhas filosóficas e teóricas, dos documentos existentes no sistema: Rede e CME. Criou-se a missão, a partir das discussões sobre o cotidiano, cultura, projeções: “Promover uma educação inclusiva, respeitando a singularidade de cada Ser, proporcionando o desenvolvimento integral do sujeito para que exerça sua plena cidadania.”
            O trabalho com o GT implica nos estudo do GE que, por sua vez, suscitam nas matérias a serem aprofundadas, a exemplo da necessidade de planos na escola, não somente para os docentes, contudo também para as diretoras, que administram a instituição. Questões, como conduzir reuniões, manter registros em dia, respeitar normas e leis vigentes, não somente pela questão ética e organização, também pelas questões jurídicas.
Com relação ao funcionamento do cotidiano da secretaria de educação, também foram feitas algumas alterações, indicou-se coordenadoras para o GE geral e para o GT, ainda coordenação para as reuniões internas e para as reuniões com a assessora, no caso, eu. Assim, verifica-se encaminhamentos mais efetivos. Desde os convites, lembretes, pautas, condução das atividades planejadas.
À medida que o GE refletia a prática à luz de teorias, o GT iniciava um novo estudo, reorganizar a proposta curricular da Rede, atendendo às DCNs e o princípio democrático da participação de todos os docentes.
Passamos a nos encontrar quinzenalmente para que o GT conseguisse se aprofundar, teoricamente, nos seguintes tópicos: Linha filosófica - Teorias de aprendizagem; Conceito de currículo – concepção; Gestão democrática; Planejamento; Avaliação; Metodologia; Perfil docente; Inclusão - diversidade, educação especial; Conteúdos; docência; Educação Infantil; Áreas de conhecimento; Alfabetização.
Discutir sobre proposta curricular, em princípio pensa-se nos conteúdos desenvolvidos nas salas de aula. No entanto, partindo das pesquisas em Moreira, Candau, Sacristan e Santomé, o grupo percebe que é necessário ampliar os estudos, para tanto os temas descritos foram selecionados para matéria do GT, antes mesmo de iniciar os trabalhos com as diretoras e professores. Existe uma compreensão de que uma aula, em uma concepção interacionista, existem vários elementos que não somente alunos, professor e conteúdo. Há que se pensar em quem são os estudantes, o que desejam, como aprendem, qual sua cultura, conhecimentos prévios, entre outros.
 Assim,  paralelo ao GE, o GT estuda currículo e elabora a metodologia para o desenvolvimento com todos. Em 12 de julho, abriu-se para o Grande Grupo a  necessidade de reestrutura da proposta curricular, para tanto a formação sobre currículo, e apresenta-se a proposta metodológica para a condução dos trabalhos.
          Para cada tema a ser estudado ficou uma coordenador/a e uma diretora, após os estudos, produzindo um texto sobre seu trabalho.
Na prática, neste momento foi encaminhado um questionário para todos os docentes para conhecimento de seus conceitos sobre currículo e dos suas aspirações sobre a sua participação na elaboração em uma proposta, bem como como deve ser e conter neste documento, após o processo de estudos.
O trabalho com os dois grupos tem sido muito gratificante, porque se percebe o interesse e comprometimento de cada professora em sua atribuição atual, diretora ou coordenadora. Suas curiosidades, ouvir suas superações.
Para a Formação de fevereiro 2015, com os docentes se prevê desenvolver os temas em forma de minicurso. Elaborou-se um Cronograma para as etapas seguintes: palestras com especialistas para as áreas de conhecimentos, bem como, encontro entre os docentes que atuam nas mesmas séries, e docentes com os mesmos componentes curriculares.
A segurança de cada profissional, diretoras e coordenadoras, é indicador de que estamos em uma caminhada pautada na ciência, na realidade e na confiança. Porquanto, o projeto segue conforme os princípios de colaboração, participação e compreensão dos envolvidos.
Sou muito grata à equipe por partilharem comigo um momento tão importante desta trajetória.

Referências Bibliográficas:

 BRASIL, Lei n. 9394 de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. D.O.U.

BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares Nacionais para educação básica / Secretaria de Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, 2010.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

MOREIRA, Antônio F.. A crise da teoria curricular crítica. In: COSTA, Marisa Vorraber (Org.). O currículo nos limiares do contemporâneo. 2 ed. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.

SACRISTAN Gimeno. Currículo, uma reflexão sobre a prática. Artmed. 2000


WEFFORT, Madalena Freire. Observação, Registro, reflexão: Instrumentos Metodológicos I. São Paulo: Espaço Pedagógico. 1996.