segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Coordenador Pedagógico atual: realidade e desafios

 Maria Helena 


               A história da educação é rica com relação às suas transformações. No que se refere aos seus dirigentes, para cada contexto histórico, os valores determinam as formas e normas vigentes, inclusive as relações interpessoais, em todas as instituições e a escola não poderia ficar ausente deste assunto.
              As várias alterações sofridas na estrutura e funcionamento das instituições escolares, decorrentes de legislação, e questões sócios culturais, esboçam na atualidade um perfil que, ainda, busca uma definição. Pois, embora a escola seja uma organização, não é designada como empresa. Mesmo com funcionários e prestadora de serviço, seu papel social são a condiciona ao funcionamento de uma empresa. Porquanto, os papeis sociais exercidos por seus colaboradores obedecem a perfis alcunhados por outras literaturas.
            Por menor que seja a escola, ela cumpre o mesmo papel, proporcionar o processo ensino aprendizagem, por isso está atrelada a uma série de leis, constituição federal, LDB, ECA, lei de acessibilidade, entre as leis complementares. Estando localizada em determinada comunidade estabelece uma relação com os moradores, comercio e demais instituições em seu entorno. Ainda, estabelece relacionamento, internamente com os estudantes, pais, professores e funcionários. Sendo o articulador principal de uma unidade escolar a equipe diretiva, quer composta apenas por um profissional ou tendo uma equipe composta por assessores e demais técnicos, como psicólogos, orientadores, supervisores ou coordenadores pedagógicos.
            A atualidade exige da escola mais que transmissão de informações, porquanto seus profissionais devem possuir além de uma formação técnica de excelência, um perfil de pesquisador. No contexto atual as transformações são instantâneas e com pouca durabilidade. O que exige dos gestores escolares estarem a frente das informações, tendo conhecimentos de toda ordem.
            Este texto definirá o profissional aqui descrito como coordenador pedagógico, aquele que vem assumindo a vida na escola no quesito pedagógico: planejamentos, avaliação, relações interpessoais,...
            Primeiramente este profissional deve conhecer-se saber de suas potencialidades e fragilidades, para tentar superá-las, ou seja, uma boa relação intrapessoal. A seguir uma relação interpessoal saudável, para tanto, utilizar da empatia nas relações que são estabelecidas no ambiente escolar, com seus pares, professores, direção, estudantes, pais e comunidade externa.
            O coordenador pedagógico diariamente está envolvido em conflitos, não se entendendo como brigas e sim como divergência de ideias entre as pessoas, cabe a ele fazer a mediação de forma respeitosa, independente de hierarquia. Ser autoridade, sem utilizar do autoritarismo. Assim, deve ser ético, responsável e conhecedor de suas funções.
           Uma de suas atribuições é orientar o professor quanto ás questões pedagógicas da instituição, desde a sua chegada. Acolher o professor apresentar-lhe a escola suas políticas e normas, as formas de planejamento.

Alguns passos fundamentais:

• Acolher o professor desde seu início na instituição;
• Ouvi-lo em suas dúvidas e não simplesmente falar;
• Mostrar-lhe o organograma da escola, apresentando-lhe as pessoas com suas respectivas atribuições;
• Apresentar-lhe o Regimento, indicando deveres e direitos de estudantes e professores;
• PPP – indicando tudo que está diretamente ligado a sua função – teoria de aprendizagem de acordo com a proposta curricular, formas de elaborar o planejamento, como proceder com a avaliação processual.
• Legislação com relação à assiduidade dos estudantes
• Atribuições fora da sala de aula: conselho de classe, eventos, Mostras, Feiras, conversas com pais, reuniões pedagógicas, entre outros;
• Deixar claro que, mesmo o professor tendo muita experiência em outras instituições, esta é nova para ele, portanto deve conhecê-la para elaborar o diagnóstico, saber de sua cultura e rotina para fazer as intervenções de forma coerente.
• Colocar-se à disposição para qualquer dúvida.

Perfil profisssiografico/personológico para exercer tal atribuição;

• Honestidade e Sinceridade;
• Humildade;
• Observador;
• Organizado;
• Fazer uso de empatia;
• Saber ouvir sem estereótipos;
• Conhecedor de sua função;
• Pesquisador das questões pertinentes à sua atribuição;
• Saber trabalhar em equipe;
• Administrar conflitos, harmonizando com tranquilidade;
• Respeitar todos, independente de cargo, função ou conhecimentos;
• Fazer encaminhamentos e devoluções aos envolvidos;
• Saber planejar e Cumprir prazos e planejamentos;
• Ser paciente nos processos, sem ser passivo;
• mediar conflitos com tranquilidade e segurança com a sua equipe;
• Ser ético e justo;

Atribuições

Coordenador de curso

• Conhecedor da LDB, Lei Complementar e demais normas e resoluções de seu curso;
• Domínio das diretrizes curriculares nacionais de seu curso;
• Conhecedor do PPP e Regimento Escolar;
• Ser o elo entre direção e docentes;
• Definir com sua equipe o perfil de egresso a partir de documentos legais;
• Elaborar em conjunto o planejamento de curso;
• Orientar na elaboração dos planos de ensino, plano de aula, preenchimento do diário de classe dos docentes de seu curso;
• Acompanhar o desempenho dos docentes;
• Participar do pré conselho de classe;
• Acompanhar trabalho da OE referentes a estudantes de seus curso;
• Se interar de questões de conflitos entre docentes; e docente e estudante;
• Cumprir e fazer cumprir as combinações coletivas.
• Participar e coordenar eventos, Mostras, Feiras, conversas com pais, reuniões pedagógicas, entre outros de seu curso;

Coordenador de laboratórios/ateliês

• Conhecedor do PPP e Regimento Escolar;
• Conhecedor das matrizes curriculares dos cursos (devido conteúdos/prioridades);
• Responder por todas as atividades, tarefas, problemas deste espaço;
• Elaborar calendário de utilização do espaço, cumprindo e fazendo cumprir;
• Manter atualizado instrumentos e recursos necessários;
• Conservar instrumentos e recursos em bom estado de utilização;
• Cumprir e fazer cumprir as normas daquele ambiente;
• Executar os encaminhamentos necessários a sua atribuição;
• Manter seus superiores informados da condução de suas tarefas.
• Participar de reuniões pedagógicas,

O coordenador pedagógico e a formação continuada

        O coordenador, pelo fato de ter uma atribuição que lhe permite contato com todos os docentes e equipe diretiva, por meio de sua observação, deve ser capaz de detectar dificuldades e fragilidades no processo, elaborando assim possibilidades de estudos para este grupo. Indicando textos, leituras, reuniões de estudos ou mini cursos, partindo sempre das necessidades do grupo.
Pensar em formação continuada, não necessariamente tenha que encaminhar os docentes para eventos fora da instituição, contudo permitir o encontro dos mesmos, que possam partilhar suas dúvidas e socializar sua prática, o que dando bons resultados.

         Concluindo, a equipe composta pelos coordenadores, deve pautar-se no PPP para ter uma prática única, no sentido que não haja divergência em orientações normativas e políticas da instituição, pois isso pode fragilizar a própria equipe, perdendo credibilidade diante do quadro de docentes e estudantes. Deve reunir-se com frequência, iniciando pela organização do calendário e planejamento geral da escola no início do ano.
        Organizar um grupo de estudos para problematizar suas questões transformando em necessidades e ações. Estudar a própria prática a fim de aprimorá-la. Criando um código de ética entre colegas para que não haja “panelas” dentro da equipe.
          A função de um coordenador na instituição escolar na atualidade é um desafio edificante, pois traz inúmeras possibilidades de desenvolvimento como profissional e como ser humano.


REFERENCIAS:

Sandra Nicastro, Marcela Andrezzi; Asesoraimento pedagógico em accion –
Tardif Maurice, Saberes docentes e formação profissional –
Eliane Bambini Gorgueira Bruno (org); O coordenador pedagógico e a educação Continuada –
Freire, Paulo. Pedagogia da autonomia.

A docência no ensino superior

                                                        Maria Helena 


           De um espaço dedicado à informação, a educação superior se transforma com a sociedade.
          A constituição Federal, denominada constituição cidadã, e a LDB, em consonância, traz em seu texto toda uma abordagem democrática. A LDB indica entre as atribuições das instituições, a de elaborar e executar a proposta pedagógica e a de cuidar para que seja cumprido o plano de trabalho de cada docente. Ou seja, outorga à instituição autonomia para desenvolver um trabalho pedagógico que abarque atender as demandas atuais, em conformidade com a legislação em vigor.
           Neste sentido, é que se faz necessário uma reflexão permanente de seus atores sobre a sua prática. Emergindo, os termos utilizados, no projeto político pedagógico como: sujeito crítico, propositivo, cidadão, assim este profissional deve testemunhar seu trabalho, deve estar balizado na cidadania, crítica e proposição. No entanto, a base teórica para consolidar-se na prática, ainda, necessita romper com algumas barreiras: A herança conservadora da prática pedagógica que permeia o fazer dos professores leva a confusão do limiar entre autoridade e autoritarismo. Qual o papel do docente no ensino superior?
           No caso das universidades, desenvolvendo a formação de profissionais, sua proposta pedagógica permeando a interdisciplinaridade, contextualização e problematização, pautada no tripé: ensino, pesquisa e extensão. Por conseguinte, demanda uma metodologia capaz de sustentar tais termos. Para promover este processo, o docente deve compreendê-lo e vivenciá-lo diariamente em suas aulas.
           A sociedade atual, imersa em informações, necessita de um campo que consiga fazer a triagem e indicar as necessidades exequíveis e o que pode ser descartado. O papel social da instituição de ensino superior deve transcender a informação, contudo propiciar um ambiente desafiador para colaborar na formação de sujeitos atuantes, de profissionais competentes, porem comprometidos com a sociedade, em seu viés humano.
         Diante do exposto, a formação continuada docente é imprescindível. Entretanto, não uma formação fragmentada e externa, e sim partir das reais necessidades do grupo, promovendo a sua emancipação intelectual, humana e ética, como docente.
            Compreende-se que a metodologia necessária para a formação continua dos docentes do ensino superior partirá da realidade do grupo, confrontando com as teorias atuais sobre o ensino superior, aliando à legislação em vigor. Percebendo a prática do professor como um profissional que atua no ensino de estudantes do século XXI, abrangendo suas atribuições no contexto atual.
            Este profissional deve ter clareza sobre os Princípios Norteadores das Diretrizes Curriculares Nacionais. Conhecimento do PPP e participação efetiva neste processo. Contribuir na descrição do Perfil de egresso, respeitando as características e necessidades do estudante real, sem saudosismos. Utilizar de avaliação com critérios e indicadores, instrumentos e recursos coerentes à sua metodologia e objetivos gerais.
            Ao entrar em sala de aula, lembrar que ali, esse não é mais o médico, advogado, engenheiro ministrando aula. É um docente, e como toda profissão a docência exige um perfil e define atribuições.
Os conhecimentos técnicos fundamentais à profissão docente somente tem sentido se aliados aos conhecimentos pedagógicos. Há ainda que se priorizar o trabalho coletivo em detrimento ao individualizado, ajustar a técnica com a criatividade.
           O docente do ensino superior deve ter consciência que está sendo avaliado pela instituição nos quesitos: metodologia, avaliação, relação professor aluno.
            A docência exige que o professor estude a sua prática, desafiando seus alunos, provocando situações que promovam a autonomia. Porquanto, está atuando em um espaço público, onde há disseminação de conhecimentos, logo um espaço político. Neste caso, cabe a este profissional ser comprometido, pois por meio de seu ensino, está fazendo sua intervenção nas práticas sociais.

REFERENCIAS

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.

GARCIA, Maria Manuela Alves. A didática no ensino superior. Campinas, SP: Ed. Papirus, 1994.

MASETTO, Marcos T. Competência pedagógica do professor universitário. São Paulo: Summus, 2003.

PIMENTA, Selma Garrido; ANASTASIOU, Léa das Graças Camargos. Docência no ensino superior. São Paulo: Cortez, 2002.

TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.