quarta-feira, 8 de março de 2023

Tendência do ensino escolar no Brasil

Trends in school education in Brazil                                             

Maria Helena

            O momento atual traz em seus projetos pedagógicos muitos vocábulos que, ainda, não possuem um significado na vida dos docentes.

         Durante a década de 1980, enquanto cursava pedagogia e, após nos cursos lato sensu e stricto sensu, fazia sentido propor a formação de sujeitos críticos. Porque naquele momento a escola, por meio de seus movimentos e o docente em sala, somente conseguia transferir os conteúdos. Com uma ressalva, os estudantes ouviam, decoravam e se saiam bem nas provas. Ou seja, havia uma combinação de que aquela escola servia para aquela sociedade. 

         Determinados grupos passaram a questionar se seria aquele o papel social da escola, repassar conteúdos científicos, históricos, sem ao menos refletir, compreender, verificar a quem favorecia tal política. O movimento vai ganhando força, contudo aquele que é o ator principal, o docente, muitos deles não compreenderam a raiz da questão. Ficaram com uma compreensão rasa, pois a própria academia começa a ter questionado o seu papel enquanto formadora de formadores.

         Nesse contexto, aquele professor/a que antes sabia o seu papel de ensinar os conteúdos, passa a duvidar dos próprios conhecimentos. Como irá ensinar a ser um aluno "crítico, reflexivo, propositivos", se não havia desenvolvido em si essas habilidades. Não conseguia participar de grupos de estudos, reuniões, de fato, pedagógicas. Exigiu-se uma postura de um grupo, sem oferecer as ferramentas necessárias.

          Hoje com muitos documentos, a exemplo da BNCC, diretrizes curriculares para a formação de docentes, vejo o docente ainda muito perdido, pois não consegue o tempo necessário para incorporar as teorias. A moda passa muito rápido. Como irá ensinar a contemplar, interpretar, entender de estética, ética, se não é oportunizado contextos  onde possa explorar, vivenciar, desenvolver um senso de percepção acerca dos assuntos aos quais deve abordar em sala de aula?

         Está ainda se confundindo (a academia) tempo de se informar com o tempo de aprender. É preciso tempo para compreender o que faz sentido, o que é significativo, simbólico para si, para a partir disso colocar em sua bagagem docente, como ferramenta de ensino.

        A sociedade teima em fingir que a pandemia não existiu, ou se existiu não deixou sequelas, medos. 

        Neste canal tenho posts que escrevi durante a pandemia, entendendo que a mesma ofereceria um cenário propício às pessoas de reverem aquilo que é nobre, essencial em suas vidas. Sendo a escola uma instituição social, em minha ingenuidade faria a tarefa de casa. Mas, parece que me enganei. 

        O que percebo são colegas tentando participar de vários cursos (quantitativo) na ânsia de aprender a se salvar e salvar seus alunos deste contexto "poluído". Mais uma vez o pacto da mediocridade impera. Se na década de 1980, os docentes não entendiam muito o que a "elite pensante" pontuava, agora me parece similar.

        Os professores/as precisam serem ouvidos. Não estou falando da revisão do Projeto Pedagógico onde pais, estudantes e toda a comunidade traz o seu ponto de vista sobre a escola. Estou tratando do assunto de ouvir os profissionais da educação, em essência, aquele que vê e vive o chão da escola: quem são seus alunos, o que pensam, qual o presente e o futuro do ensino, o que e porque ensinar, o que o/a docente deseja aprender. Sem ficar preenchendo quadrinhos de Conae, PME, seminários, onde o/a professor/a é retirado da sala e vê apenas um fragmento, sem compreensão de um todo.

         Ratifico, para se apropriar de algo, isso deve fazer sentido, e demanda tempo. É necessário rever o papel social da escola. Não apenas ir atualizando como uma agenda, ajustando uma roupa que não serve mais. Parar de falar de futuro e sim planejar no presente para o presente. Perguntar para onde estão indo as tendências de ensino. 

        Se a escola cumpre, de verdade, uma função social necessária, é preciso respeitar o tempo que ela necessita para se olhar no espelho e reconhecer se, ainda, sabe a que veio, o que a sociedade espera dela. É imprescindível à escola um tempo para respirar, manter-se em seu íntimo. Mesmo sendo pública, por vezes, a escola precisa estar privada de muitas informações desencontradas, para descobrir seu sentido, na atualidade.