segunda-feira, 15 de outubro de 2012

EDUCAÇÃO ESCOLAR: PROFESSORES RESISTENTES A MUDANÇAS?



 
Aline Darós Hermani[1]
Maria Helena da Silva Meller[2]


Resumo

O presente trabalho tem como objetivo identificar o nível de resistência nos professores da escola de E. E. B. Municipal 12 de Maio no que se refere às mudanças na educação escolar, decorrentes do contexto social atual. Para tal desígnio, serve-se da fundamentação teórica no escopo da educação escolar e legislação. Quanto aos procedimentos metodológicos, trata-se de uma pesquisa descritiva predominantemente qualitativa. A coleta de dados ocorre por meio de questionários com o corpo docente da escola supracitada. Conclui-se que existe resistência à mudança, pois, na maioria das vezes, não se permitem responder algumas questões.

Palavras-chave: Educação escolar. Legislação. Mudança.




1. INTRODUÇÃO
           
A mudança é um fator muito comum no nosso dia a dia, sendo necessário que ela aconteça. A mudança pode ser benéfica ou trazer algum vínculo maléfico, mas é quase que impossível não aceitá-la. Devemos aceitar, principalmente, quando se trata de educação escolar.
A escola e o professor são a base do desenvolvimento social, intelectual e cultural no início de nossa formação. Esses três elementos, portanto, estão sujeitos a mudanças com o decorrer do tempo. Não podemos ensinar um aluno com os conhecimentos de trinta anos atrás. O professor deve aprimorar seu conhecimento, abrangendo as teorias, as tecnologias, e entre vários fatores que movem a educação.
O tema desse artigo é Educação: Professores Resistentes a Mudanças? E o objetivo da presente pesquisa é identificar as causas de resistência nos professores, às mudanças na educação escolar decorrentes do contexto social atual.



2. CONTEXTUALIZANDO A EDUCAÇÃO ESCOLAR NA ATUALIDADE


            De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais (2010), a escola de Educação Básica é um espaço coletivo de convívio, em que são privilegiadas trocas, acolhimento e aconchego para garantir o bem-estar de crianças, adolescentes, jovens, adultos, o relacionamento entre si e com as demais pessoas.
Segundo as DCN, a escola é uma instância em que se aprende a valorizar a riqueza das raízes culturais próprias das diferentes regiões do país que, juntas, formam a nação. Nela se resigna e recria a cultura herdada, reconstruindo as identidades culturais, em que se aprende a valorizar as raízes próprias das diferentes regiões do país.
O que realmente interessa é compreender o que é educação e se seu propósito vem sendo cumprindo nas escolas e na comunidade. O que utilizar para uma educação eficaz em sala de aula? Basta se apegar a alguma tendência?  

2.1  EDUCAÇÃO ESCOLAR E LEGISLAÇÃO



Segundo o Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa Magno:
“educação é o ato de educar, conjunto de ações pessoais, sociais e mesológicas exercidas pelos adultos sobre as gerações jovens no processo de socialização (processo que visa adaptar o ser imaturo ao meio social em que vive); formação da personalidade de uma criança, levando-se em consideração as suas necessidades bio-psíquico sociais, boas maneiras, polidez, aperfeiçoamento integral de todas as faculdades potenciais do homem. Nelson Pastor (1995, p. 349)
Assim, como o que foi citado acima, estabelece a Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996:
Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
Na teoria, os legisladores garantem para todos os cidadãos o melhor a seu respeito. Por outro lado, o que assistimos no cotidiano contradiz o que afirma a Lei. Estudantes e educadores criticam a prática atual da educação no Brasil, afirmando esta realidade, que vem ao encontro com o que Brandão (2006) nos refere que não há igualdade social entre os brasileiros. A educação concretiza a estrutura classista que pesa sobre nós, não há nela nem a consciência nem fortalecimento dos nossos verdadeiros valores culturais.
Conforme o autor citado, o que existe na educação são interesses políticos de emprego e força de trabalho adequadamente qualificada, reduzindo o compromisso da formação da personalidade, ou seja, inscrevem o ato de educar entre as práticas político-econômicas das “arrancadas para o desenvolvimento”. Permite, assim, estratégias de reorganização de toda vida social, de acordo com projetos e interesses de reprodução do capital. Continua o autor, a educação deixa de ser vista como um privilégio, um direito apenas, e, deixa também de ser percebida como um meio de adaptação da pessoa, a mudança que se faz sem ela e o que somente afeta depois de feita.
A educação não está direcionada apenas à escola, acontece em todo lugar e a todo o momento.  A educação está ligada aos costumes, a cultura, ao modo de sobrevivência de cada povo. O que é apropriado para um povo pode ser impróprio para outro. Conforme Brandão (2006), de um modo ou de outro, todos nós envolvemos pedaços da vida com a educação, seja para aprender, para ensinar, para aprender e ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver.
O referido autor ainda indica um exemplo claro de que a educação pode ser diferente e ideal para cada tipo de comunidade, isto fica evidenciado na carta que os governantes dos Estados Unidos mandaram aos índios, convidando alguns de seus jovens às escolas dos “brancos”. Em um trecho da resposta dos índios, podemos perceber o impacto que a educação do povo “branco” causou:
“(...) muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltaram para nós, eles eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportarem o frio e a fome. Não sabiam como caçar o veado, matar o inimigo e construir uma cabana, e falavam a nossa língua muito mal”. (2006, p. 8)
A educação clássica deixa de ser um assunto privado, posse e questão da comunidade dos nobres dirigentes, e passa a ser questão de Estado, pública. Outrora, as crianças de família humilde não tinham direito à educação. Eram criadas como operários para assim servirem os mais favorecidos. Hoje todos têm direito a educação, não para sermos iguais, e sim porque ainda existe interesse político.
 A LDB, ainda, indica o papel dos professores em uma intuição escolar:
Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:
I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;
II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;
III - zelar pela aprendizagem dos alunos;
IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento;
V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional;
VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade.
Percebemos, então, o que acontece com a educação hoje nas escolas, ou seja, está longe do que vínhamos falando e condiz bem com a questão que Brandão (2006, p. 9)  nos coloca “(...) a escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor”, pois gradativamente o sentido de educar se perde, e cada um apenas cumpre seu papel, professor de professor, aluno de aluno.  Conforme o autor, os gregos ensinam o que hoje esquecemos. A educação do homem existe por toda parte e, muito mais do que a escola, é o resultado da ação de todo o meio sociocultural sobre os seus participantes.

2.2  EDUCAÇÃO ESCOLAR: DA VISÃO POSITIVISTA À VISÃO CRÍTICA
            A educação acontece em todo lugar e não da mesma forma. Hoje encontramos várias formas de se conceber o fenômeno educativo. Segundo Mizukami (1986), são diferentes formas de aproximação que podem ser consideradas como mediações historicamente possíveis, que permitem explicá-lo, se não em sua totalidade, pelo menos em alguns de seus aspectos.
            Faremos uma análise comparativa das cinco abordagens citadas por Mizukami, às abordagens: tradicional, comportamentalista, humanista, cognitivista e sócio-cultural, com prioridade nas suas características principais.
            Na abordagem tradicional, segundo a referida autora, a educação, na maioria das vezes, é entendida com instrução qualificada como transmissão de conhecimentos e restrita à ação da escola. Caracteriza-se pela transmissão de ideias selecionadas e organizadas logicamente. Essa abordagem é encontrada em vários momentos da história até os dias atuais. O professor se resume a um simples mediador entre o aluno e os modelos.
            Segundo a autora, a abordagem comportamentalista tem outra ideia de educação, o conhecimento é uma “descoberta” e é nova para o indivíduo que a faz, considerando a experiência como a base do conhecimento. Caracteriza-se pela organização dos elementos para experiência e a aprendizagem acontece através dela, garantida pela sua programação.  O professor tem a responsabilidade de planejar e desenvolver o sistema de ensino e o desempenho do aluno é maximizado.
A abordagem humanista dá ênfase às relações interpessoais, concentram-se em desenvolver a personalidade do aluno, organização pessoal da realidade, capacitando a se integrar na sociedade. Dando ênfase, também, a vida psicológica, autoconceito, visão autêntica de si mesmo. O professor, não apenas, transmite conteúdo, mas dá assistência, cria condições para que os alunos aprendam. A atividade é considerada um processo natural, que se realiza através da interação com o meio e com as próprias experiências vivenciadas. (MIZUKAMI, 1986).
A referida autora assevera que na abordagem cognitivista o aluno reinventa o processo racional da humanidade, e na medida em que reinventa desenvolve a sua inteligência. Possibilita ao aluno o desenvolvimento de sua ação motora, verbal e mental de forma que possa posteriormente intervir no processo sócio-cultural e inovar a sociedade. O objetivo desta abordagem não é a transmissão de verdades, demonstrações e modelos, e sim que o aluno aprenda conquistando essas verdades por si próprias. O professor tem papel de evitar rotina, fixação de respostas, hábitos. Deve propor problemas aos alunos sem ensinar-lhes as soluções, provocar desafios orientando o aluno.
Nesta última abordagem, sócio-cultural, afirma a autora, o desenvolvimento do conhecimento está ligado ao processo de conscientização. O conhecimento é criado a partir do mútuo condicionamento, pensamento e prática. O professor procura questionar com o aluno a cultura dominante, valorizando a linguagem e a cultura deste, criando condições para que o aluno analise seu contexto e produza cultura. É necessário que o educador se torne educando e o educando se torne educador para que o processo educacional seja real.
            As abordagens citadas têm seu papel na educação escolar, com visão crítica ou visão positiva, dependendo do ponto de vista de quem a utiliza, mas são necessárias para o desenvolvimento.
            Diante do exposto e da legislação atual, percebe-se que a tendência sócio-cultural é a abordagem imprescindível ao contexto brasileiro contemporâneo.
            Vale aqui destacar, contudo, que a educação não se faz só de tendências, há o envolvimento de muitas pessoas, sendo fundamental a do professor. Paulo Freire (1996), em seu livro Pedagogia da Autonomia destaca alguns saberes que se fazem necessárias a prática docente. O ponto principal que o educador deve ter consciência é de que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a produção ou construção do mesmo.
Ensinar demanda muito mais que a formação do professor, exige um educador democrático que reforce a capacidade crítica do aluno, pois aprender criticamente é possível. Segundo o autor mencionado, essas condições exigem a presença de educadores e de educandos criadores, instigadores, inquietos, curiosos, humildes e persistentes. Ensinar pede respeito ao saberes dos estudantes, trazer suas experiências e discutir com os demais em sala de aula, pede pesquisas, pesquisa-se para constatar, constatando intervenho, intervindo educo e me educo, diz Paulo Freire (1996).
O referido autor adverte que ensinar exige aceitação do novo, que não pode ser negado ou acolhido só porque é novo, e o velho que preserva sua validade ou que encarna uma tradição ou marca uma presença no tempo continua novo. Aqui, fica bem visível a sua percepção sobre a utilização da metodologia.
De acordo com o autor supracitado, o professor deve ter disponibilidade ao risco, a essa aceitação, já que as mudanças são constantes e inevitáveis. Resisti-las é como continuar no velho, o velho que não tem mais validade, que não tem sua marca e que no presente continua velho. Destaca, ainda, que ensinar exige consciência do inacabado, como professor crítico, tem responsabilidade, predisposição à mudança, à aceitação do diferente.


3. FORMAÇÃO DOCENTE


O professor tem uma influência bastante significativa na vida dos alunos, todos nós passamos por esse processo chamado aprendizagem. O professor tem uma tarefa difícil, e suas atitudes profissionais tem efeito em nossas vidas. Atualmente, encontram-se nos professores, várias personalidades que ajudam e prejudicam o desenvolvimento dos alunos.
Não se sabe mais o sentido de educar, não se procura ver onde está o erro para poder consertar na educação e, com isso, o professor perde seu papel na sociedade, o que se observa é que muitos não sabem o que fazem em sala de aula.



3.1 O PAPEL SOCIAL DO PROFESSOR


Como já sabemos o papel do professor se resume em uma palavra: educar. Entretanto, o que é educar? No início desse artigo definimos esta palavra, porém Edgar Morin (2004) levanta uma questão bastante interessante que, com certeza, contribui ou contribuiria para um desenvolvimento mais eficaz da sociedade.
Percebe-se que na atualidade o ensino escolar privilegia a separação dos conhecimentos e, segundo Morin (2004), nosso modo de conhecimento desune os objetos entre si e precisamos conceber o que os une. O que propõe o autor é procurar sempre as relações e interretro-ações entre cada fenômeno e seu contexto, trata-se de reconhecer a unidade dentro do diverso; o diverso dentro da unidade; reconhecer a unidade humana em meio às diversidades individuais e culturais; as diversidades individuais e culturais em meio à unidade humana.
Freire (1996) destaca que é um saber indispensável à prática docente, saber da impossibilidade e de desunir os conteúdos.
            Preocupa-se em ensinar biologia, matemática, português, física, entre todos os outros conteúdos programados, sem valorizar o maior dos saberes da vida humana: a vida, a sociedade, o mundo e a verdade. Morin (2004) acredita que a educação deveria iniciar partindo dessas indagações.
            O que se percebe é o estudante sendo preparado para prestar um vestibular, fazer e concluir o ensino superior, sem ao menos saber viver em sociedade, sem respeito com o próximo, sem honestidade. Os principais valores estão sendo esquecidos.
            Desde o início desse texto, falamos da importância educacional em nossas vidas. Em casa temos uma base que é a família, além da família temos a escola. A educação é à base do nosso desenvolvimento e tem necessidade de uma base maior para nos tornamos cidadãos para, assim, estarmos preparados a viver em sociedade e não somente para prestar vestibular, não desmerecendo seu valor, mas a educação não pode ser resumida somente a esse tipo de preparação.
 Cita-se aqui os quatro pilares da educação indicados por Jacques Deloers (2003), os principais valores que temos necessidades de aprender e que mudaria toda essa realidade se fossem utilizadas. Os quatro pilares da educação são: aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a viver juntos e; aprender a ser.
Aprender a compreender o mundo em que vivemos, compreender as pessoas e respeitá-las, aceitar as diferenças sem pré-conceito. Aprender a ser profissional, a ser amigo e viver dignamente. Aprender a aprender exercitando a atenção, memória e o pensamento. Aprender a fazer, e não preparar alguém a uma determinada tarefa. São valores esquecidos pelos professores que não vem cumprindo seu real papel na sociedade.
Retomamos então com Paulo Freire (1996), quando nos mostra como ser um profissional da educação, em que uma de suas qualidades indispensável é a generosidade e, além de tudo, tem que ter segurança em si próprio, a segurança expressada na firmeza com a qual atua. Para exercer seu papel na sociedade, o professor deve ter comprometimento com sua formação. O docente que não leva a sério e não se prontifica a estudar mais para estar à altura de sua tarefa, não tem força moral para coordenar as atividades de sua classe.
Para atuar o professor precisa estar preparado teoricamente, porém o professor é muito mais que uma “caixinha” de conhecimento, ele é um exemplo de ser humano, por isso ele tem o dever de testemunhar aos alunos o quanto é fundamental respeitá-lo e ser respeitado, conforme Freire (1996).
 É fundamental e óbvio que os professores tenham sua formação, entretanto, é um processo permanente, diz Freire (1996). Enquanto professor deve-se estar sempre buscando novos conhecimentos e atualizando os que possuem.
Freire (1996) destaca, ainda, que o professor deve perceber na reação dos alunos o seu desempenho, isso não significa perguntar aos alunos o que acham ou como eles o avaliam, e sim estar atento, aprender a significação de um silêncio, ou até mesmo de um sorriso.
Todo o ser humano deve ser preparado, para elaborar pensamentos autônomos e críticos e para formular os seus próprios juízos de valores, de modo a poder decidir por si mesmo, como agir nas diferentes circunstâncias da vida.

3.2  FORMAÇÃO DOCENTE – TEORIA E PRÁTICA
           
  Para exercer a profissão de educador deve, no mínimo, ser formado num curso de licenciatura. Assim garante a LDB, em seu Art. 62.
“A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, oferecida em nível médio, na modalidade Normal”.
            Neste mundo de eternas mudanças, o professor não deve parar seus estudos na graduação. Afirma Maurice Tardif (2000), que tanto em suas bases teóricas quanto em suas consequências práticas, os conhecimentos profissionais são evolutivos, progressivos e necessitam de uma formação contínua.
            Os conhecimentos e a personalidade são evolutivos, e não só nos professores, mas de um modo geral, estamos em constante desenvolvimento pessoal e intelectual. Essa evolução constante reflete nas nossas atitudes, e nos deixa como lição que devemos estar atentos a ela para melhorar nosso desempenho como educadores, fornecendo aos alunos qualidade no ensino.
Os profissionais da educação devem auto formar-se e reciclar-se através de diferentes meios e seus saberes são temporais, ou seja, são adquiridos conforme o tempo, completa Tardif (2000). Indicando, ainda, que são temporais em três sentidos que consideraremos agora, conforme Tardif.
Primeiramente, o professor traz consigo toda sua bagagem de conhecimentos anteriores, de crenças, representações e certezas sobre a prática docente e boa parte do que sabe sobre ensino, sobre o papel do professor, provem de sua própria história de vida. E esses fenômenos permanecem ao longo do tempo. Quando atuantes, os professores utilizam o que vem em sua bagagem para solucionar conflitos profissionais.
Os primeiros anos de prática profissional são decisivos na conquista do sentimento de competência e no estabelecimento das rotinas de trabalho e, a maioria dos professores, aprende a lidar com as diversas situações encontradas em sala de aula somente com a prática, por isso, é um momento bastante importante.
E, finalmente, o terceiro sentido é temporal, pois são utilizados e se desenvolvem no âmbito de uma carreira, isto é, de um processo de vida profissional de longa duração, da qual fazem parte dimensões identitárias e dimensões de socialização profissional, bem como fases e mudanças.
Essas três fases que Tardif comenta, vêm ao encontro com o que queremos compreender, se professores resistem às mudanças decorrentes na educação.  O professor tem que ter consciência de que precisa mudar sua prática docente, conforme os acontecimentos novos. É necessário, portanto, buscar constantemente mais conhecimentos, aperfeiçoar sua capacidade e suas atitudes.

4. TABULAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

            Para conclusão de dados, foi utilizado aplicação de questionários. Em sala de aula, atualmente, a E. E. B. Municipal 12 de Maio possui 24 professores. Foram entregues 24 instrumentos, a intenção seria ter dados de todos os docentes para melhor analisar, já que há poucos professores. Foram devolvidos sete questionários à pesquisadora, o que corresponde a 28%. Passa-se agora a descrição da análise dos dados a partir do levantamento teórico.
            O tempo de atuação de docência varia de 02 a 20 anos. Três possuem graduação e quatro docentes, especialização.
            Quando questionados sobre a abordagem aplicada em sala de aula, quatro não responderam, pois não entenderam a palavra abordagem; uma utiliza na maioria das vezes, a abordagem expositiva; e duas professoras descrevem utilizar apenas textos e realizar cálculos, da qual se conclui ser o método tradicional. Se o professor não sabe o que é abordagem, o que ele está utilizando em sala de aula?
“Enquanto ensino, continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade.” Paulo Freire (2004).

             Ao questionar se gostariam de utilizar algum outro tipo de abordagem na sala de aula, as quatro professoras que não sabem o que é abordagem não responderam; duas não gostariam de utilizar outra; e uma não trocaria o que está dando certo. Segundo Mizukami (1986), o que se espera do professor não é o domínio de uma ou mais abordagens, mas suas formas de articulação entre as mesmas e o fazer pedagógico do professor.
            Ao perguntar se encontram dificuldades para desenvolver sua prática pedagógica, seis respondem que não e uma responde que sim, isto é, falta de tempo para preparar as aulas e alunos que não contribuem para o desenvolvimento da aprendizagem.
Sabe-se que há muitas queixas com relação ao comportamento dos alunos, entre estas estão: não fazem as tarefas, dificuldade de aprendizagem, alunos com deficiência, pais que não vão à escola quando são chamados. Esses fatos são corriqueiros e perceptíveis não apenas àqueles que trabalham no âmbito escolar, também àqueles que, de certa forma, estão envolvido pelos laços escolares. É através de amigos e professores que é a nós revelado esses tipos de dificuldades. Então, questiona-se, será que essas professoras não encontram dificuldades ou não querem se preocupar com as questões que aparecem?
            De acordo com Freire (1996), é fundamental na formação do professor que ele tenha uma reflexão crítica sobre sua prática docente.
            Complementando a questão anterior, pergunta-se o que fazem perante as dificuldades citadas, seis não respondem e uma afirma que busca incentivar os alunos.
            Ao ser indagado sobre utilizar tecnologias em sala de aula, as respostas são as seguintes: três respondem que sim, quatro respondem que não.
            Conforme a DCN, existe uma distância entre a escola e a tecnologia que necessita ser superada. A tecnologia estimula a criação de novos métodos didáticos que podem ser inseridos no cotidiano escolar. A DCN ainda afirma que:

Não se pode, pois, ignorar que se vive: o avanço do uso da energia nuclear; da nanotecnologia a conquista da produção de alimentos geneticamente modificados; a clonagem biológica. Nesse contexto, tanto o docente quanto o estudante e o gestor requerem uma escola em que a cultura, a arte, a ciência e a tecnologia estejam presentes no cotidiano escolar, desde o início da Educação Básica.

            As docentes indicam como desvantagens a utilização de tecnologias: os professores que não utilizam tecnologia em sala de aula justificam que a escola até tem sala de computação, mas não tem professor de informática; outra professora responde que a escola não possui tecnologia; outra opinião é que eles mesmos não estão preparados para essa tecnologia.
            As desvantagens citadas acima foram feitas pelas professoras que haviam dito anteriormente que não encontravam dificuldades na escola. Quando pensado em tecnologia, o fato de não ser utilizada é responsabilidade da escola que não tem estrutura para isso, que tem sala, mas não tem professor capacitado, argumentam tais docentes. Todo professor deve ter o mínimo de entendimento dessas tecnologias, os alunos são completamente informatizados, muitos utilizam blogs, internet e passam horas em frente ao computador, que é uma ótima ferramenta para pesquisas e interação.
            Voltamos aqui à reflexão de Freire (1996), que o professor deve ter disponibilidade ao risco, aceitar o novo.
            Nas vantagens, as professoras citam que a tecnologia proporciona ao aluno o acesso a outras culturas. É uma ferramenta que auxilia o professor e permite ao aluno pesquisar, a trabalhar com jogos didáticos e proporcionar o conhecimento através de maneira prazerosa. Sim, não só o computador como TV, filmes educativos, etc., são ferramentas que proporcionam um bom aprendizado. Se o professor vê todas essas qualidades na tecnologia, é coerente que ele a domine.
Percebe-se que existe uma resistência muito grande ao novo. Há uma difícil aceitação em mudar. Mudar de personalidade, de comportamento, mudar a consciência, compreender que é necessária a aceitação das mudanças para o desenvolvimento, atualizar os conceitos e, principalmente, os conhecimentos.
            Pode-se destacar também que o professor não cumpre o que diz a lei, formar cidadãos, não é o que está acontecendo. Estão cumprindo suas horas, ensinando o que eles sabem, sem tentar melhorar sua capacidade de atuação.

5. CONCLUSÃO

            Após a leitura fundamentada e do resultado da análise, pode-se perceber que existe resistência dos professores em determinadas mudanças que estão ocorrendo no âmbito escolar, na forma de preparar aulas, de mediar o conhecimento e de aperfeiçoamento contínuo.
            Professores sem formação continuada, poderia se afirmar até, que, sem interesse. Precisam compreender o seu dever como profissional, estar atento às novas formas de conhecimentos, seja na sua área de atuação ou não. É, de fato, necessário se adaptar a tecnologia e melhorar seu desempenho para utilizar o computador, por exemplo, aprender a elaborar e utilizar jogos didáticos.
Nota-se que a dificuldade maior destes docentes é falar sobre as dificuldades que existem. Por que elas existem, em toda a análise as professoras se contradizem e isso demonstra que nem as profissionais reconhecem os seus limites e possibilidades. Desconhecem sua base teórica.
O que causa essa resistência à mudança é que as professoras estão acomodadas, por vezes, falta comprometimento, se preocupam e investem pouco em seu desempenho. O pouco de conhecimento, a formação continua insuficiente para buscar aprender a usar as tecnologias para envolver os alunos em sala de aula,  pois os mesmos estão imersos neste universo em seu cotidiano.
Aceitar o desenvolvimento de todos os segmentos da sociedade e com ele o desenvolvimento da escola. Os estudantes do século XXI não são os mesmos de século XX.
Em suma, precisa-se investir em formação continuada para que o professor perceba as suas necessidades, e como as demais profissões ele precisa acompanhar a evolução da tecnologia e aos avanços da ciência. Que a resistência faça do movimento de aceitação e não como negação do novo.




6. REFERÊNCIAS


BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 2006.
BRASIL, PARECER CNE/CEB Nº: 7. Diretrizes Curriculares Nacionais da educação Básica, Brasília 7/4/2010. Disponível em http://portal.mec.gov.br/index. Acesso em 08/03/12.
DELOERS, Jacques. Os Quatro Pilares da Educação. In: Educação: um tesouro a descobrir. 8ª ed. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: MEC: UNESC, 2003. p. 89 – 102.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática docente. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986.
MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.
PASTOR, Nelson; MAIA JUNIOR, Raul. Magno Dicionário da Língua Portuguesa.
São Paulo: Edipar, 1995
TARDIF, Maurice. Saberes profissionais dos professores e conhecimentos universitários.
Revista Brasileira de Educação. Jan/Fev/Mar/Abr. 2000. Nº 13. Disponível em educa.fcc.org.br/pdf/rbedu/n13/n13a02.pdf. Acesso em 21/01/2012



[1] Graduada em Matemática Licenciatura. E-mail: line_dh@hotmail.com
[2] Mestre em Educação – Uniplac convênio Unesc – mhsmeller@gmail.com