Maria Helena
Quem acompanhou o trajeto construído,
partilhado, fragmentado da elaboração da BNCC, desde as orientações da
Constituição Federal 1988 – “cidadã”, deve estar se perguntando, por que aqueles
que sonharam com uma oportunidade “infeliz” de propiciar uma formação focada no
sujeito, como protagonista da própria história, insiste em trabalhar com
conteúdos, descontextualizados como estivéssemos no início do século XX?
Não são os celulares,
computadores que farão do ensino hibrido uma estratégia que promova, contribua
na formação de sujeitos pautados na ética, estética e outras questões tratadas
pela axiologia.
A EaD, acontecia pelo rádio,
revistas, informativos, não é novidade. Estamos em uma pandemia, onde toda a
família está sendo atingida por pânico, desemprego, óbitos, entre outras
consequências. Portanto, o ensino hibrido necessita rever a razão de ser da
escola e fazer jus a sua autonomia, como instituição social.
Com base na CF, a LDB 9394/96
traz suas diretrizes focadas no respeito ao direito de aprendizagem, art. 1º, § 2º “A educação escolar deverá
vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.” E art. 2º “inspirada nos
princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por
finalidade o pleno desenvolvimento do educando”. Entendo que em um contexto
capitalista, o trabalho ganhou e ganha conotações bastante específicas em cada
momento histórico. Não entrarei neste mérito, pois neste Blog há posts com referência
ao assunto e à educação. Constatado a economia, educação escolar e pandemia, percebo
que a escola, vem como um autômato cumprindo as exigências das diretrizes que
estão mais para uma cultura instalada do que à própria legislação. E os
gestores e docentes estão muito ocupados em seguir todas as atribuições a eles
conferidos não percebendo o seu nível de autonomia diante de tantos documentos
que comprovam, ainda não entender que as competências e habilidades descritas
na BNCC tem muito a ver com o momento em que estamos experienciando,
infelizmente. Não houve tempo para planejar o ano 2020, e 2021 a escola
planejou-se transferindo o momento presencial ou remoto para o híbrido,
apresentando o plano de contingências.
A sensação que passa é de estarmos
anestesiados diante de tanta informação, tantas notícias tristes, desanimadoras,
sem o devido tempo para refletir sobre como estão os estudantes em suas casas,
passado um ano. Entendo que houve, por parte da escola, interesse em verificar
que todos os estudantes tivessem acesso as atividades, entendo que o papel
social dos pais não é de ser professor, contudo penso, como professora que sou,
não havendo um ambiente físico e emocional propício, este menino, esta menina
dificilmente terá condições de seguir memorizando conteúdos e o docente
tentando “inventar” aulas “atrativas”.
Percebo o empenho de todos,
porém, é preciso olhar para além da cortina de fumaça que nos engana, turva a
percepção do objeto a ser observado. Não possuo solução, mas convém pensar no
esforço diário de docentes, gestores e pais para que os estudantes consigam
usufruir o seu direito de aprender, que faça a sua trilha de aprendizagens
necessárias à sobrevivência deste momento histórico. De que forma esses jovens
estão interagindo com a escola, como estão participando, suas sugestões estão
sendo ouvidas???? Penso que eles têm muito a contribuir neste momento.
Quando a escola tecnicista
tomou conta, o papel do professor passou a ser de instrutor, não se deseja que
hoje o docente se torne conselheiro, pois mesmo sendo o “adulto da relação” se
encontra desencantado, neste triste cenário. Talvez seja o momento de permitir
o desenvolvimento do emocional, espiritual e, incoerentemente, o social, utilizando
as mídias sociais do “jeito” que nossos estudantes utilizam. E não simplesmente
continuar passando “power point”, desenvolvendo exercícios totalmente desarticulados
da realidade a qual vive. Compreendo não ser saudável um tema de projeto
denominado pandemia, porém Solidariedade é possível, assim como Afeto de afetar,
Cultura, pois está acontecendo alterações nos hábitos, Família, porque há muito
que essa não conseguia nem ter um conflito saudável, que faz parte do
desenvolvimento emocional, Criatividade, as famílias estão criando
possibilidades de gerar renda para suprir os gastos. Principalmente, Ciência e
Ética. Assim, estaremos possibilitando aos estudantes momentos de pensar,
compreender, analisar e tantos outros verbos/ações descritos nos planejamentos
a fim de atender a BNCC.
leia aqui BNCC E PANDEMIA: HORA DE PÔR EM PRÁTICA, MAS COMO DEIXAR O TERRITÓRIO CONHECIDO?