segunda-feira, 22 de junho de 2020

SERÁ QUE TEMOS UM EMBRIÃO DA INTERSETORIALIDADE E INTERDISCIPLINARIDADE?

Maria Helena 

 

Com a decisão de que as aulas seriam a distância, para outros não presencial, para alguns é presencial sim, pois dois sujeitos estão interagindo, enfim com essa nova configuração, temos muitas ferramentas sendo apreendidas, mas também muitos descobrindo que um trabalho multidisciplinar é possível. Em alguns casos raros, a interdisciplinaridade fazendo parte do cenário, pois essa não é somente uma metodologia é uma concepção, uma linha filosófica que vai além da justaposição de conteúdos, é sim, ao estudar um tema, perceber que determinada área de conhecimento precisa da outra para olhar o objeto em estudo sob vários prismas e, assim, proporcionar ao estudante oportunidades em formular novos conceitos que não são conteúdos transmitidos por diferentes componentes curriculares.

Constato que a situação obrigou a escola olhar o estudante como um ser que deve ir em busca, assim como o docente. Talvez seja decorrente de um número de estudantes menor participando das aulas, fazendo com que esses sintam mais liberdade em problematizar, trazer conhecimentos de outras áreas para completar aquele objeto em estudo, fazendo com que os docentes precisem conversar sobre. Não há um planejamento à priori, pois quando planejam, acabam caindo na aula integrada ou multidisciplinar.

Vale também uma reflexão do que venha a ser o curso, o qual o estudante percorre, o currículo construído em sua jornada, por isso ser o autor, protagonista de sua caminhada, não necessita de uma justaposição de definições e fórmulas a serem decoradas. E sim, compreender que para o desenvolvimento de suas habilidades e competências, não somente a memória é imprescindível, também a compreensão, interpretação e tantas operações mentais, situar na ciência, na cultura, nas reorientações sociais da história. O papel social da escola, vai muito além muros.

E tudo que as leis prevêem sobre questões Inter setoriais e sistemas? Pois o Brasil não possui um sistema de educação, é formado por sistemas de colaboração e cooperação entre esferas. Se falar em ADE, a maioria dos docentes que agora lê este material, desconhece. Contudo, é o que vem ocorrendo de forma mais contundente. Cada unidade, buscando parceiros para poder cumprir com sua meta, nunca o prescrito no PPP esteve tão próximo da realidade. Buscas por dados em esferas superiores, em diferentes setores, para verificar as possibilidades, sempre levando em consideração a quantidade de horas às quais o estudante tem direito. O direito subjetivo do estudante sendo percebido com um outro olhar, inclusive por muitas famílias. Sem a ingenuidade de que todos os responsáveis estejam pensando no direito de aprender do sujeito, e sim em não cair nas mãos do MP e similares.

Reconheço não ser fácil para nenhum daqueles incluídos no sistema escolar, quer pais, estudantes, docentes e gestores. Contudo, entendo que cada um deve estar sendo o seu melhor, sendo um pesquisador, colocando em prática todas as orientações e avaliando, revisando sua prática, não mais de uma forma linear, porque, embora deva se respeitar a lei do distanciamento físico, a conexão virtual está em todas as ações da sociedade.

Não sei se sairemos melhores ou piores, deste espaço de tempo, pelo aprendizado proporcionada e a forma como se percebe a situação, sairemos diferentes, com certeza. Porque temos o olhar sobre o individual e sobre o social. Mas é assunto para outra conversa.