quinta-feira, 21 de maio de 2020

Tempos de pandemia e globalização: novo cenário da educação escolar

Times of pandemic and globalization: new scenario of school education
Maria Helena

       O desejo de algumas sociedades, durante muito tempo, era ter tudo em comum. Contudo, a relação de poder, que se estabelece entre os seres denominados humanos, não permite aos mesmos viver em harmonia. O comum, comunitário, há que se pensar nos diversos grupos que compõem a sociedade, partindo de seus valores e sua cultura.

A globalização surge de uma visão neoliberal, tendo o capital como prioridade e não partilhar os benefícios com os diversos países, independente de seu ranking.

Estamos vivendo sob um novo paradigma e cada ciência lança sobre o mesmo o seu olhar, descrevendo as características a partir de sua posição política e filosófica. Portanto, ao ler este texto serão várias as "opiniões" sobre o mesmo.

Fazendo uma incursão na história podemos perceber momentos aos quais a humanidade teve que se adequar rapidamente às novas condições impostas, guerras, “holocausto”, peste negra, gripe espanhola, tsunamis, furacões... Ainda, com relação às questões da economia, da agricultura manual para as máquinas, do serviço artesanal para a manufatura, à revolução industrial. Todas essas situações geraram novas condições à humanidade, ocasionando incerteza, insegurança, buscando um continente seguro nestes tempos de improviso e provisório.

Improviso sim, pois um novo paradigma não permite tempo para planejar-se, provisório, pois não se tem certeza de prazos. Toda a rotina é alterada, estamos diante de uma transformação nos hábitos, alimentação, lazer, trabalho e nunca a tecnologia esteve tão presente em nossas vidas. Mesmo o homem sendo um ser social, se vê limitado por poder ter suas relações interpessoais mediada por aparelhos, celulares, computadores, etc...os mais resistentes estão se rendendo e tendo que aprender a sobreviver neste contexto.

Victor Frankl, psiquiatra, viu sua família sucumbir no holocausto e ele sobreviveu, com muitos aprendizados, dentre eles, afirma que diante de uma situação imposta de forma inesperada, o homem para se adaptar tem muitas alterações, inclusive físicas.

Trazendo esse assunto para a pauta de uma escola, penso ser muito ingênuo tentar continuar ministrando as aulas apenas mudando do presencial para o não presencial, adequação de estratégias, planejamento e avaliação. A questão demanda uma discussão mais profunda, o mundo está tentando literalmente sobreviver. A mídia em tempo real traz números de infectados, de óbitos, de brigas políticas, as fake news. Há uma intoxicação diária daqueles que consomem informações. Sem dúvida não é necessário chegar ao ponto de alienar-se. Em contraponto não chegar ao ponto de adoecer, os números estão indicando o aumento da depressão, síndrome do pânico, fobia de toda ordem. 

Diante do cenário apresentado, é preciso pensar a educação escolar, com o papel exclusivo, o qual a escola possui, o ensino, e como este não é neutro, está mergulhado na cultura. Por incrível que pareça vem ao encontro de muitas premissas assumidas pela BNCC, ao propiciar o desenvolvimento de um ser humano integral e não somente intelecto. As 10 competências sugerem que o adolescente, jovem e o adulto do século XXI precisam mais que o domínio de conteúdos e sim saber o que e quando fazer com tal currículo, ser um sujeito de direitos, traçando a sua jornada e seja o autor de sua história. 

Esse contexto propicia a oportunidade em rever valores individuais e coletivos, sociais, reconhecer o estudante como alguém que domina a informática, contudo não domina seus sentimentos diante deste turbilhão de informações.

Mais que pensar em recuperação paralela, urge planejar os tempos de estudantes e docentes, para tanto é necessário tomar um distanciamento pedagógico e observar a situação com o olhar da filosofia, psicologia e espiritualidade. Essa geração nunca precisou tanto do outro, do verbo "esperançar", de sua família, e admitir que sozinho é frágil, mas em grupo, sendo humilde, torna-se forte. Deixar de lado uma vida agendada, para viver o presente, tirar lições que vão além dos conteúdos escolares. 

Compreendo e conheço as leis a serem cumpridas, normativas dos sistemas, contudo tenho certeza que um ano letivo diante de vidas, essas possuem muito mais valor, pois há tempo para tudo. Quando esse estudante despertar em sua necessidade de conhecimentos, identificar seus “buracos”, como trata a psicóloga Alicia Fernandes, ele mesmo irá buscar a bagagem necessária nas diversas ciências. Vamos pensar nisso com a inteligência fora dos padrões estabelecidos e com muito amor pela humanidade.

 




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