Priscila
Romancini dos Santos Schmitz[1]
Maria Helena da
Silva Meller[2]
Resumo
O presente
trabalho tem como objetivo geral identificar a compreensão dos professores da Escola
de Educação Básica Padre Miguel Giacca no que se refere à recuperação paralela
prevista na Resolução 158/CEE/SC. Para tal desígnio, serve-se da fundamentação
teórica no escopo da avaliação diagnóstica, processual e avaliação na
legislação, incluindo as leis federal e estadual e a Resolução 158. Tendo como
objetivos específicos conceituar avaliação da aprendizagem para os autores
atuais e a recuperação paralela de acordo com a Resolução 158. Quanto aos
procedimentos metodológicos trata-se de uma pesquisa descritiva predominantemente
qualitativa. A coleta de dados ocorreu por meio da aplicação de questionários
com professores da referida escola. Constata-se que, efetivado os estudos
teóricos, levantamento e análise dos dados, a recuperação paralela
caracteriza-se, na visão de determinados docentes, como uma concepção teórica e,
na visão de outros, como uma norma.
Palavras-chave: Recuperação
Paralela. Avaliação Processual. Docente.
1 INTRODUÇÃO
A
avaliação escolar é assunto de pauta de políticos e acadêmicos, os políticos devido
aos índices de reprovação e na academia pelas novas teorias. No entanto, a sua
prática por vezes, leva o professor resistir às mudanças decorrentes dos
avanços motivados pelos novos paradigmas e, também, emanadas da própria
legislação.
Avaliar não é simplesmente atribuir uma
nota para um aluno, envolve muito mais. Avaliação do processo de ensino e
aprendizagem é um dos procedimentos que contribui para compreender o estágio em
que o aluno se encontra, detectando por meio de diferentes recursos e métodos aonde
o aluno chegou e aonde deve chegar, assim sendo, o professor precisa buscar
estratégias para fazer com que este aluno consiga alcançar o objetivo desejado.
A
metodologia utilizada, para a pesquisa, caracteriza-se em seu objetivo como
descritiva, que segundo Otani (2010, p. 38) “trata-se da descrição do fato ou
do fenômeno efetivado pelo levantamento ou pela observação”, predominantemente
qualitativa em sua abordagem do problema. A fonte de informação será em campo
com utilização de entrevistas. Conforme o referido autor “é o caso de estudos
que procuram avaliar a eficácia dos
programas ou de técnicas adotadas para auxiliar indivíduos ou instituições”
(OTANI, 2010, p. 44, grifo do Autor).
E é por meio da discussão dessas e
outras questões que este artigo apresenta como tema: Recuperação paralela na visão
do docente: Concepção ou Norma. Entretanto possui o objetivo geral de
identificar a compreensão dos professores da Escola de Educação Básica Padre
Miguel Giacca no que se refere à recuperação paralela prevista na Resolução
158/CEE/SC. Tendo como objetivos específicos conceituar avaliação da
aprendizagem para os autores atuais e a recuperação paralela de acordo com a
Resolução 158/CEE/SC.
2 AVALIAÇÃO NO
CONTEXTO ATUAL
A avaliação é um tema que se discute
muito em relação aos estudos escolares. E quando se fala em avaliação,
automaticamente associa-se esta palavra com outra, chamada “prova”.
2.1
TEORIAS
É necessário que se avalie o aluno, contudo
há controvérsias quanto ao método empregado, alguns não vêem a prova como um
método de avaliação do aprendizado do aluno, entretanto há quem concorde com
esse modo de avaliar o desempenho.
De acordo com Melchior (2002, p. 14), a
avaliação do aluno se faz necessária, entretanto os professores precisam
entender o significado da palavra “avaliação”, pois para ela os professores se
preocupam em “atribuir uma nota ao desempenho de seu aluno, como se o aspecto
mais importante da avaliação fosse a expressão dos resultados e não seu
significado”.
Deve-se saber o ‘por quê?’ e ‘para que?’
avaliar. Ao dialogar, argumentar, os indivíduos constroem seus conhecimentos.
“A avaliação do processo de ensino aprendizagem é essencial, tanto para o aluno
como para o professor” (MELCHIOR, 2002, p. 15).
Melchior (2002) ressalta que, para o
aluno é importante que o mesmo conheça seu desempenho e esforço. Caso seu
desempenho com uma avaliação individual não o satisfaça, ou seja, não tenha
bons resultados, ele vai sentir a necessidade de saber resolver esses determinados
problemas, esse tipo de desafio gera um
desenvolvimento intelectual, social e moral. Sendo fundamental para que o
professor perceba a dificuldade que o aluno apresenta. A avaliação o ajuda,
para que esse possa fazer uma análise reflexiva do resultado do estudante. De
acordo com os resultados obtidos o professor pode melhorar sua compreensão das
formas de aprendizagem dos alunos e do processo de ensino aprendizagem.
“A avaliação é parte complementar do
processo ensino/aprendizagem e ganhou na atualidade espaço muito amplo nos
processos de ensino. Requer preparo técnico e grande competência de observação
dos profissionais envolvidos” (RECCO, 2008, p. 12).
2.2
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
A avaliação diagnóstica tem por objetivo
contabilizar acertos e erros, uma avaliação pedagógica e não punitiva que vai
além da prova clássica, segundo definido por Yves de La Taille, professor do
Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Com a avaliação
diagnóstica, o professor deve ser hábil de chegar à matriz do erro ou do
acerto, decifrando a produção do aluno.
Na avaliação
diagnóstica, o professor necessita encontrar, num determinado momento, em que
fase do processo de construção do conhecimento encontra-se o estudante e, em
seguida, identificar as interferências pedagógicas que são necessárias para
instigar o seu progresso. Esse diagnóstico, onde se avalia a qualidade do erro
ou do acerto, permite que o professor possa adaptar suas estratégias de ensino
às necessidades de cada aluno (LA TAILLE, 2002).
Diniz (1982), vai além das dificuldades
encontradas dentro da sala de aula, como materiais adequados e métodos de
qualidade. Para ela, a avaliação diagnóstica tem a função de diagnóstico, que
assume dois propósitos:
O primeiro propósito é a preocupação em
determinar o ponto de partida em que o aluno deve se colocar, e para este, o
diagnóstico apresenta várias formas: observar se o aluno possui ou não certos
comportamentos ou habilidades iniciais, se ele possui domínio dos objetos, e
classificá-los de acordo com suas características, como por exemplo, o
interesse, a personalidade, atitudes, antecedentes, habilidade e instrução
anterior.
O segundo propósito procura descobrir o
que causa as dificuldades dos alunos no decorrer do processo. Busca saber o que causa o erro, que pode não
ser pelo método, materiais utilizados pelo professor no processo educacional ou
desinteresse próprio do aluno e sim por causas emocionais que se desconhece num
ambiente escolar. “Assim, o diagnóstico trata de descobrir as razões dos sintomas
de deficiência da aprendizagem apresentados, afim de que, se possível, sejam
tomadas medidas terapêuticas para corrigir ou eliminar os obstáculos para o
progresso” (DINIZ, 1982, p.7).
Para que uma avaliação seja diagnóstica
do ponto de vista de Luckesi (2001), ela deverá ser aceita como um instrumento
utilizado para compreender o estágio de aprendizagem em que o aluno se
encontra, tomando assim, decisões suficientes e satisfatórias para que possa
progredir no seu processo de aprendizagem. Desse modo, a avaliação não seria
tão-somente um instrumento para aprovar ou reprovar os alunos, mas um
instrumento de diagnóstico de sua situação, tendo em vista orientações
adequadas para a sua aprendizagem. Se um aluno está defasado, não devemos
simplesmente reprová-lo e mantê-lo nesta situação.
“Assim como é indispensável do
diagnóstico médico preocupar-se com a melhoria da saúde do paciente, também é
essencial da avaliação da aprendizagem preocupar-se com o crescimento do aluno.
Caso contrário, nunca será diagnóstica” (LUCKESI, 2001, p. 82).
Segundo Luckesi (2001), a avaliação
feita com os alunos permite ao sistema de ensino examinar os objetivos
atingidos, consequentemente, nesta avaliação o aluno tem uma possibilidade de
autocompreensão. O professor, atento ao andamento dos seus alunos, poderá,
através da avaliação da aprendizagem, averiguar os desvios que seu trabalho
está tendo e o quanto o mesmo está sendo eficiente. Por sua vez, o aluno,
poderá descobrir em que nível de aprendizagem se encontra, dentro de sua
atividade escolar, conhecendo o seu alcance e suas necessidades de progresso.
Com isso, os resultados obtidos por meio dos instrumentos de avaliação poderão
auxiliar o aluno num processo de automotivação, na medida em que lhes fornece
consciência dos níveis obtidos de aprendizagem.
Conforme Luckesi (2001, p.83) os
instrumentos de avaliação devem ser elaborados, executados e aplicados
levando-se em consideração alguns princípios. Para serem adequados, os
instrumentos deveriam:
• medir resultados
de aprendizagem claramente definidos, que estivessem em harmonia com os
objetivos instrucionais;
• medir uma
amostra adequada dos resultados de aprendizagem e o conteúdo da matéria
incluída na instrução;
• conter os
tipos de itens que são mais adequados para medir os resultados de aprendizagem
desejados;
• ser planejados
para se ajustar aos usos particulares a serem feitos dos resultados;
• ser
construídos tão fidedignos quanto possível e, em consequência, ser
interpretados com cautela;
• ser utilizados
para melhorar a aprendizagem do estudante e do sistema de ensino.
Por fim, Luckesi (2001) ressalta, a
avaliação diagnóstica implica que os dados coletados através dos instrumentos
sejam lidos com rigor científico tendo por desígnio uma compreensão apropriada
do processo do aluno, fazendo com que ele progrida no seu processo de
crescimento, e, não tendo por objetivo a aprovação ou reprovação dos alunos. Os
resultados da avaliação serão utilizados para diagnosticar a situação do aluno,
desempenhando as funções de autocompreensão.
2.3 AVALIAÇÃO
PROCESSUAL
O
processo de avaliação está relacionado com o processo de aprendizagem. Quando
professor e aluno estão empenhados em conseguir uma aprendizagem, é fundamental
e imprescindível que ambos possam contar com um conjunto de dados e informações
que lhes digam se a aprendizagem está sendo alcançada ou não.
Demo
(2002) afirma que pela avaliação processual pretende-se descobrir os motivos
pelo qual os alunos não aprendem, e, descobrindo ajudá-los a recuperar a posição
onde deveriam estar. Para isso, primeiro é preciso classificar a posição
desfavorável em que o aluno se encontra, com o melhor manejo do conhecimento,
porque só é possível mudar o que conhecemos. Com o diagnóstico na mão é
possível elaborar estratégias apropriadas para fazer com que o aluno deixe essa
posição desfavorável e caminhe para outra mais favorável, que, do mesmo modo,
precisa ser classificada.
É preciso avaliar o aluno por aquilo que
reconstrói pessoalmente. Sendo aprendizagem processo, não pacote a ser
adquirido, realiza-se no processo de reconstrução permanente. Não haveria,
assim, hora específica para se avaliar, porque está sempre sob avaliação, a
medida que reconstrói conhecimento sempre. Torna-se artificial parar a aula
para fazer prova, ou entrar em período de prova. Tal atitude coincide, a demais,
com a praxe do aluno que tende estudar somente para a prova. Passa a vida
escutando aula, tomando nota, armazenando informações. Advindo a prova,
dedica-se a memorizar conteúdos (DEMO, 2002, p.59).
Segundo
Demo (2002), o aluno tem que elaborar continuamente seus conhecimentos e, deste
modo, precisa passar novos conhecimentos pela via de elaboração, fazendo isso,
estará produzindo material suficiente para comprovar se aprendeu ou não, não se
deve determinar hora ou lugares certos para avaliar o aluno, pois pode produzir
na própria sala de aula ou até mesmo em casa. Conforme o aluno vai
reconstruindo conhecimento, o professor o avalia em processo, podendo coagular
em forma de nota, desde que esta reflita a complexidade do processo. As notas
serão sempre provisórias, pois os alunos estão sendo avaliados em processo, o
conhecimento que foi reconstruído, poderá novamente ser reconstruído, admitindo
sua dinâmica lógica, o que interessa é a evolução positiva do aluno, com isso,
a média das notas desaparece, já que não
importa sua acumulação, conforme o aluno vier melhorando, ficaria com o melhor
e último desempenho, pois foi até onde conseguiu chegar.
De
acordo com a concepção de Diniz (1982), o principal propósito dessa avaliação é
verificar o grau de domínio de uma determinada tarefa de aprendizagem e
principalmente a parte não dominada. Tem por objetivo ainda, ajudar os alunos a
chegar ao domínio da aprendizagem e não a qualificação do mesmo.
O
referido autor, ainda assevera, se os resultados esperados não estão ocorrendo
com a maioria dos alunos, a avaliação processual utiliza isto como um alerta
para que o professor reformule suas estratégias. Se os resultados esperados não
estão ocorrendo com a minoria dos alunos, ela procura informar o aluno à
necessidade de maior dedicação ao estudo e organização do mesmo. Utiliza-se sim
uma recuperação, e esse é o momento em que o aluno verifica suas falhas,
podendo assim, recuperá-las.
Diniz
(1982, p. 8) ressalta que a avaliação processual ou formativa:
Constitui um meio de reforço e
recompensa. Os alunos que atingirem o domínio verificando sua aprendizagem
sentir-se-ão estimulados para a conquista do aprendizado de novos assuntos. Os
que apresentarem falhas não se sentirão fracassados, pois, com a avaliação
formativa, se recuperarão no momento adequado e os objetivos esperados serão
dominados sem prejuízos.
Conclui
Diniz (1982), que essa avaliação apresenta várias vantagens, como motivar os
alunos para a conquista do aprendizado, favorecer o aluno a estabelecer seu
ritmo próprio de estudo, permitir a recuperação, proporcionar um ensino
individualizado, isto é, adequado a cada um dos alunos.
2.4 AVALIAÇÃO NA
LEGISLAÇÃO
Para
uma melhor concepção, se ressalta a LDB – Lei de Diretrizes e Bases 9.394/96 e a
Lei Estadual 170, juntamente com a Resolução 158, no que se refere ao
rendimento escolar, observando as propostas de recuperação paralela de
conteúdos.
Conforme
a LDB 9394/96 a verificação do rendimento escolar observará os seguintes
critérios, entre outros:
Avaliação
contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos
qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre
os de eventuais provas finais; e obrigatoriedade de estudos de recuperação, de
preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento
escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos;
VI - a avaliação
do rendimento escolar do educando, resultado de reflexão sobre todos os
componentes do processo ensino-aprendizagem, como forma de superar
dificuldades, retomando, reavaliando, reorganizando e reeducando os sujeitos
nele envolvidos, deve:
a) ser
investigadora, diagnosticadora e emancipadora, concebendo a educação como a
construção histórica, singular e coletiva dos sujeitos;
b) ser um
processo permanente, contínuo e cumulativo, que respeite as características
individuais e sócio-culturais dos sujeitos envolvidos;
c) incluir
conselhos de classe participativos, envolvendo todos os sujeitos do processo,
ou comissões específicas, cabendo-lhes definir encaminhamentos e alternativas;
g) dar
prevalência aos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e aos resultados
do período sobre os de eventuais provas finais;
VII - as escolas
de educação básica devem proporcionar estudos de recuperação, de preferência
paralelos ao período letivo, aos educandos que demonstrem aproveitamento
insuficiente no decorrer do ano escolar; a serem disciplinados em seus
regimentos.
2.5 RESOLUÇÃO
158/CEE/SC
Conforme
a Resolução 158/CEE/SC no que se refere à recuperação paralela apresenta-se:
Art. 10 Entende-se por
recuperação de estudos o processo didático-pedagógico que visa oferecer novas
oportunidades de aprendizagem ao aluno para superar deficiências ao longo do
processo ensino-aprendizagem.
Art. 11 A recuperação de estudos será oferecida sempre que
for diagnosticada, no aluno, insuficiência no rendimento durante todo o
processo regular de apropriação de conhecimentos e do desenvolvimento de
competências.
§ 1o Entende-se por
insuficiência, rendimento inferior a 70% ou, na Educação Profissional, se
previsto no Projeto Político Pedagógico, competência não desenvolvida.
§ 2o O resultado
obtido na avaliação, após estudos de recuperação, em que o aluno demonstre ter
superado as dificuldades, substituirá o anterior, quando maior, referente aos
mesmos objetivos.
§ 3o O Projeto
Político-Pedagógico disporá sobre aspectos complementares da recuperação
paralela, que deve ser oferecida de forma concomitante aos estudos ministrados
no cotidiano da escola, obrigatoriamente antes do registro das notas bimestrais
ou trimestrais.
§ 4o O professor deverá registrar no Diário de Classe, além das atividades
regulares, as atividades de recuperação de estudos, e seus resultados, bem
como, a freqüência dos alunos.
Diante do exposto é possível
perceber que, em termos de legislação, a avaliação processual, está bastante
balizada. Porquanto, não é por falta de indicações que a avaliação do processo
ensino aprendizagem possa ficar sem referenciais nas instituições, sendo praticada de forma espontânea e
fragmentada.
4 SOBRE A ORGANIZAÇÃO
A instituição em questão é a Escola de
Educação Básica Padre Miguel Giacca, situada à Rua Carlos Rosa, nº 50,
Rio Maina, Criciúma, SC, atende hoje a 1.020 alunos do 1º ano do Ensino
Fundamental a 3ª série do Ensino Médio, distribuídos nos turnos matutino,
vespertino e noturno. Atende também o Curso do Magistério.
A origem desta Unidade Escolar deu-se em
29 de junho de 1922, quando a professora Custódia Cardoso de Oliveira iniciou
sua atividade docente em sua própria casa, alfabetizando e ao mesmo tempo
ensinando a Língua Portuguesa. Passou a funcionar como Escola Desdobrada em
1943.
No ano de 2011, a escola conta com 40
professores com a seguinte formação: 08 professores formados em Pedagogia; 07
professores formados em letras; 04 formados em Matemática; 01 formado em
Química; 01 em Física; 04 em Ciências Biológicas ; 02 em Geografia; 04 em
História; 01 em Filosofia; 02 em Artes e 04 em Educação Física. Dos
40 professores, 33 possuem Especialização em suas respectivas áreas.
5 TABULAÇÃO E
ANÁLISE DE DADOS
Para o levantamento de dados, foi
utilizado aplicação de questionários. Em sala de aula, atualmente, o Colégio
Giacca, possui 40 professores. Foram entregues 20 instrumentos, pois a intenção
seria trazer dados de pelo menos, 40% dos docentes. No entanto, foram devolvidos
10 questionários à pesquisadora, o que corresponde a 21%. Passa-se agora a
descrição da análise dos dados, a partir do levantamento teórico.
O tempo de atuação de docência varia
de 11 a 24 anos, dos 10 professores que responderam o questionário. Dois são
graduados, 6 possuem especialização e 2 concluíram o mestrado.
Quando questionados sobre a concepção de
avaliação prevista no PPP da escola, 5 responderam que é histórico crítico
social, 3 indicaram processual e contínua e 1 professor afirmou ser integral e
paralela. Cabe questionar o que seria para esse professor o termo integral,
quando estamos discutindo as concepções de avaliação e não método, no
entendimento do professor seria avaliar o aluno em todos os aspectos?
Ao ser abordado sobre o significado de
avaliação processual, os termos que mais apareceram são processo e diagnóstico,
isso leva a pensar que o professor compreende que avaliação não se resume em
aplicação de instrumentos, mesmo sabendo que a prova é um instrumento
importante para analisar a situação em que o aluno se encontra e, a partir
disso, criar novas metodologias propiciando a aprendizagem desse.
Quando se solicita aos professores a
diferença entre aspectos qualitativos e quantitativos se obtém a resposta a
seguir: quantitativo sinônimo de nota e qualitativo mais abrangente, no caso,
processo quanto ao rendimento e desempenho do aluno no ano letivo. Convém
salientar que conforme Hoffmann (2003, p. 44), aspectos qualitativos “compreende
como descrever o nível de compreensão do aluno em relação a uma determinada
área do conhecimento”. Ou seja, enfatizando a Resolução, é a aplicabilidade dos
conhecimentos em novas situações.
Ao ser questionado quanto ao
conhecimento da resolução 158/CEE/SC, 8 responderam sim e 1 respondeu um pouco,
isto é um indicador positivo, visto que para aplicar a Resolução primeiro é
preciso conhecê-la, assim sendo, já está dado o ponto de partida. No entanto,
não necessariamente aqueles docentes que conhecem a Resolução, a colocam em
prática. Pois ao ser questionado sobre a aplicabilidade da Resolução, 6
disseram que sim e 3 afirmaram um pouco. Questiona-se em que medida seria este
um pouco, e, como pode-se aplicar parte de uma concepção? Uma concepção não é
fragmentada, ela possui uma base teórica.
Ao ser indagado sobre concordar ou
não com o que está previsto na Resolução, as respostas são as seguintes: 3
indicaram que sim, 3 indicaram que não e os demais concordaram em parte. Os
professores que não concordam declararam que a Resolução foi imposta sem ter
sido discutida com eles, afirmaram que o aluno não se dedica para a primeira
prova esperando assim a recuperação, e, que a recuperação paralela deveria ser
proposta em outro horário para melhor apropriação do conhecimento. Segundo a
legislação é possível que seja feita em outro horário, no entanto são as
condições materiais da escola que não permitem isso. Entretanto, os professores
que concordam alegaram que a recuperação oferece uma nova oportunidade para o
aluno compreender conceitos que em um primeiro momento não foram assimilados.
Segundo os entrevistados, sobre a
Resolução, indicaram as seguintes desvantagens: imaturidade
do aluno; falta de compromisso dos mesmos; os alunos não estão estudando,
sempre esperando pela recuperação; o tempo utilizado para recuperação atrasa os
conteúdos; vicia o aluno a esperar pela segunda oportunidade; o aluno está
ficando cada vez mais preguiçoso; mais trabalho para o professor ao planejar e
corrigir mais provas; falta de professor para aulas de reforço e o aluno fica “desleixado”.
Apresentaram os docentes as seguintes vantagens
sobre a prática do que propõe a Resolução: maior apropriação do conhecimento
pelo aluno; nova oportunidade para o aluno adquirir conhecimento; os aspectos
qualitativos sobrepor aos quantitativos; proporciona nova oportunidade de
compreensão de conceito ao estudante; a aprendizagem acontece em espiral, os
alunos devem ser avaliados constantemente; estabelece caminhos para a avaliação
do processo; prioriza o processo ensino-aprendizagem; reforça a continuidade do
processo e modifica o calculo da média final após os exames.
Com base nas respostas, há indícios de
que a Resolução 158, para os docentes, se resume à recuperação paralela e não
há a percepção da avaliação enquanto processo de estudo da prática pedagógica.
6 CONCLUSÃO
A escola deve garantir um ensino de
qualidade para todos, sem exceção, e a avaliação desse processo serve para
intervir quando nem todos estiverem adquirido o conhecimento cientifico. A
avaliação através da prova está inserida nesse contexto, contudo não deve ser
parte principal do processo de ensino, no entanto parte complementar.
A
partir dessa pesquisa é possível inferir que a avaliação processual, assim como
a diagnóstica, é compreendida pelos autores atuais como um procedimento que
inicia com a identificação dos conhecimentos prévios dos alunos, partindo dessa
realidade, fazer a mediação ensinando novos conhecimentos. A avaliação não tem
o intuito de castigar e sim de acolher. Porque nesta concepção não se avalia
somente o estudante, o professor deve observar se a metodologia utilizada é
adequada, se os conteúdos e o planejamento estão de acordo com a realidade da
turma.
Digo novamente
que avaliação é diagnóstico de qualidade e que as adjetivações que você encontra
(formativa, somativa, processual, dialética, dialógica, emancipatória,
mediadora...) são expressões praticamente da mesma coisa: dizer que a avaliação
é diagnóstica e que serve de suporte para novas decisões (LUCKESI, 2011).
Conforme
a Resolução 158/CEE/SC, entende-se por recuperação de estudos o processo
didático-pedagógico que visa oferecer novas oportunidades de aprendizagem ao
aluno para superar deficiências ao longo do processo ensino-aprendizagem.
Enfim, a recuperação paralela para
muitos professores, de acordo com a pesquisa, evidencia-se mais como uma norma
do que uma concepção. Uma vez que esses alegaram que os alunos só esperam a
recuperação, não se dedicando para prova. Com esses depoimentos fica manifesto
que os alunos continuam sem a apropriação do conhecimento, fazendo as provas
simplesmente para conseguir a nota e ser aprovado para a série seguinte, e, os
professores aplicam a recuperação, porquanto foi imposta, devendo corresponder.
Diante do exposto é possível sugerir que
haja mais programas de formação continuada para o docente sobre o tema
avaliação, propiciando a reflexão sobre a prática. Investir em novas matrizes
curriculares dos cursos de licenciaturas oferecendo a disciplina de avaliação.
Há que se romper com o paradigma do exame. Ainda, há um discurso dissociado da
prática. Onde docentes falam sobre a avaliação enquanto processo, no entanto
possuem uma postura conservadora, porquanto autoritária.
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dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da república Federativa do
Brasil. Brasília, DF, 21 dez. 1996.
CEE - CONSELHO ESTADUAL DE
EDUCAÇÃO. Resolução 158/CEE/SC.
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Teórica: Bases Orientadoras para o Trabalho. In: ______. Sistema de avaliação e aprendizagem. Rio de Janeiro: LTC, 1982. p. 1-20.
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