Aline Darós
Hermani[1]
Maria Helena da
Silva Meller[2]
Resumo
O presente
trabalho tem como objetivo identificar o nível de resistência nos professores da
escola de E. E. B. Municipal 12 de Maio no que se refere às mudanças na
educação escolar, decorrentes do contexto social atual. Para tal desígnio,
serve-se da fundamentação teórica no escopo da educação escolar e legislação. Quanto aos procedimentos metodológicos,
trata-se de uma pesquisa descritiva predominantemente qualitativa. A coleta de
dados ocorre por meio de questionários com o corpo docente da escola
supracitada. Conclui-se que existe resistência à mudança, pois, na maioria das
vezes, não se permitem responder algumas questões.
Palavras-chave: Educação escolar.
Legislação. Mudança.
1. INTRODUÇÃO
A
mudança é um fator muito comum no nosso dia a dia, sendo necessário que ela
aconteça. A mudança pode ser benéfica ou trazer algum vínculo maléfico, mas é
quase que impossível não aceitá-la. Devemos aceitar, principalmente, quando se
trata de educação escolar.
A
escola e o professor são a base do desenvolvimento social, intelectual e
cultural no início de nossa formação. Esses três elementos, portanto, estão
sujeitos a mudanças com o decorrer do tempo. Não podemos ensinar um aluno com
os conhecimentos de trinta anos atrás. O professor deve aprimorar seu
conhecimento, abrangendo as teorias, as tecnologias, e entre vários fatores que
movem a educação.
O
tema desse artigo é Educação: Professores Resistentes a Mudanças? E o objetivo
da presente pesquisa é identificar as causas de resistência nos professores, às
mudanças na educação escolar decorrentes do contexto social atual.
2.
CONTEXTUALIZANDO A EDUCAÇÃO ESCOLAR NA ATUALIDADE
De acordo com as Diretrizes
Curriculares Nacionais (2010), a escola
de Educação Básica é um espaço coletivo de convívio, em que são privilegiadas
trocas, acolhimento e aconchego para garantir o bem-estar de crianças,
adolescentes, jovens, adultos, o relacionamento entre si e com as demais
pessoas.
Segundo as DCN, a escola
é uma instância em que se aprende a valorizar a riqueza das raízes culturais
próprias das diferentes regiões do país que, juntas, formam a nação. Nela se
resigna e recria a cultura herdada, reconstruindo as identidades culturais, em
que se aprende a valorizar as raízes próprias das diferentes regiões do país.
O
que realmente interessa é compreender o que é educação e se seu propósito vem
sendo cumprindo nas escolas e na comunidade. O que utilizar para uma educação
eficaz em sala de aula? Basta se apegar a alguma tendência?
2.1 EDUCAÇÃO ESCOLAR E LEGISLAÇÃO
Segundo o Dicionário
Brasileiro da Língua Portuguesa Magno:
“educação
é o ato de educar, conjunto de ações pessoais, sociais e mesológicas exercidas
pelos adultos sobre as gerações jovens no processo de socialização (processo
que visa adaptar o ser imaturo ao meio social em que vive); formação da
personalidade de uma criança, levando-se em consideração as suas necessidades
bio-psíquico sociais, boas maneiras, polidez, aperfeiçoamento integral de todas
as faculdades potenciais do homem. Nelson Pastor (1995, p. 349)
Assim, como o que foi
citado acima, estabelece a Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996:
“Art. 2º A
educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e
nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento
do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para
o trabalho”.
Na teoria, os
legisladores garantem para todos os cidadãos o melhor a seu respeito. Por outro
lado, o que assistimos no cotidiano contradiz o que afirma a Lei. Estudantes e
educadores criticam a prática atual da educação no Brasil, afirmando esta
realidade, que vem ao encontro com o que Brandão (2006) nos refere que não há
igualdade social entre os brasileiros. A educação concretiza a estrutura
classista que pesa sobre nós, não há nela nem a consciência nem fortalecimento
dos nossos verdadeiros valores culturais.
Conforme o autor
citado, o que existe na educação são interesses políticos de emprego e força de
trabalho adequadamente qualificada, reduzindo o compromisso da formação da
personalidade, ou seja, inscrevem o ato de educar entre as práticas
político-econômicas das “arrancadas para o desenvolvimento”. Permite, assim, estratégias
de reorganização de toda vida social, de acordo com projetos e interesses de
reprodução do capital. Continua o autor, a educação deixa de ser vista como um
privilégio, um direito apenas, e, deixa também de ser percebida como um meio de
adaptação da pessoa, a mudança que se faz sem ela e o que somente afeta depois
de feita.
A educação não está
direcionada apenas à escola, acontece em todo lugar e a todo o momento. A educação está ligada aos costumes, a
cultura, ao modo de sobrevivência de cada povo. O que é apropriado para um povo
pode ser impróprio para outro. Conforme Brandão (2006), de um modo ou de outro,
todos nós envolvemos pedaços da vida com a educação, seja para aprender, para
ensinar, para aprender e ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para
conviver.
O referido autor
ainda indica um exemplo claro de que a educação pode ser diferente e ideal para
cada tipo de comunidade, isto fica evidenciado na carta que os governantes dos
Estados Unidos mandaram aos índios, convidando alguns de seus jovens às escolas
dos “brancos”. Em um trecho da resposta dos índios, podemos perceber o impacto
que a educação do povo “branco” causou:
“(...)
muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e
aprenderam toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltaram para nós, eles eram
maus corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportarem o
frio e a fome. Não sabiam como caçar o veado, matar o inimigo e construir uma
cabana, e falavam a nossa língua muito mal”. (2006, p. 8)
A educação clássica
deixa de ser um assunto privado, posse e questão da comunidade dos nobres
dirigentes, e passa a ser questão de Estado, pública. Outrora, as crianças de
família humilde não tinham direito à educação. Eram criadas como operários para
assim servirem os mais favorecidos. Hoje todos têm direito a educação, não para
sermos iguais, e sim porque ainda existe interesse político.
A LDB, ainda, indica o
papel dos professores em uma intuição escolar:
Art. 13. Os docentes
incumbir-se-ão de:
I - participar da
elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;
II - elaborar e cumprir
plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;
III - zelar pela aprendizagem dos
alunos;
IV - estabelecer estratégias de
recuperação para os alunos de menor rendimento;
V - ministrar os dias letivos e
horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos
dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional;
VI - colaborar com as atividades
de articulação da escola com as famílias e a comunidade.
Percebemos, então, o
que acontece com a educação hoje nas escolas, ou seja, está longe do que
vínhamos falando e condiz bem com a questão que Brandão (2006, p. 9) nos coloca “(...) a escola não é o único lugar
onde ela acontece e talvez nem seja o melhor”, pois gradativamente o sentido de
educar se perde, e cada um apenas cumpre seu papel, professor de professor,
aluno de aluno. Conforme o autor, os
gregos ensinam o que hoje esquecemos. A educação do homem existe por toda parte
e, muito mais do que a escola, é o resultado da ação de todo o meio
sociocultural sobre os seus participantes.
2.2 EDUCAÇÃO ESCOLAR: DA VISÃO POSITIVISTA À VISÃO
CRÍTICA
A
educação acontece em todo lugar e não da mesma forma. Hoje encontramos várias
formas de se conceber o fenômeno educativo. Segundo Mizukami (1986), são
diferentes formas de aproximação que podem ser consideradas como mediações
historicamente possíveis, que permitem explicá-lo, se não em sua totalidade,
pelo menos em alguns de seus aspectos.
Faremos
uma análise comparativa das cinco abordagens citadas por Mizukami, às
abordagens: tradicional, comportamentalista, humanista, cognitivista e
sócio-cultural, com prioridade nas suas características principais.
Na
abordagem tradicional, segundo a referida autora, a educação, na maioria das
vezes, é entendida com instrução qualificada como transmissão de conhecimentos
e restrita à ação da escola. Caracteriza-se pela transmissão de ideias
selecionadas e organizadas logicamente. Essa abordagem é encontrada em vários
momentos da história até os dias atuais. O professor se resume a um simples
mediador entre o aluno e os modelos.
Segundo
a autora, a abordagem comportamentalista tem outra ideia de educação, o
conhecimento é uma “descoberta” e é nova para o indivíduo que a faz,
considerando a experiência como a base do conhecimento. Caracteriza-se pela
organização dos elementos para experiência e a aprendizagem acontece através
dela, garantida pela sua programação. O
professor tem a responsabilidade de planejar e desenvolver o sistema de ensino
e o desempenho do aluno é maximizado.
A abordagem humanista
dá ênfase às relações interpessoais, concentram-se em desenvolver a
personalidade do aluno, organização pessoal da realidade, capacitando a se
integrar na sociedade. Dando ênfase, também, a vida psicológica, autoconceito,
visão autêntica de si mesmo. O professor, não apenas, transmite conteúdo, mas
dá assistência, cria condições para que os alunos aprendam. A atividade é
considerada um processo natural, que se realiza
através da interação com o meio e com as próprias experiências vivenciadas.
(MIZUKAMI, 1986).
A referida autora
assevera que na abordagem cognitivista o aluno reinventa o processo racional da
humanidade, e na medida em que reinventa desenvolve a sua inteligência.
Possibilita ao aluno o desenvolvimento de sua ação motora, verbal e mental de
forma que possa posteriormente intervir no processo sócio-cultural e inovar a
sociedade. O objetivo desta abordagem não é a transmissão de verdades,
demonstrações e modelos, e sim que o aluno aprenda conquistando essas verdades
por si próprias. O professor tem papel de evitar rotina, fixação de respostas,
hábitos. Deve propor problemas aos alunos sem ensinar-lhes as soluções,
provocar desafios orientando o aluno.
Nesta última
abordagem, sócio-cultural, afirma a autora, o desenvolvimento do conhecimento
está ligado ao processo de conscientização. O conhecimento é criado a partir do
mútuo condicionamento, pensamento e prática. O professor procura questionar com
o aluno a cultura dominante, valorizando a linguagem e a cultura deste, criando
condições para que o aluno analise seu contexto e produza cultura. É necessário
que o educador se torne educando e o educando se torne educador para que o
processo educacional seja real.
As
abordagens citadas têm seu papel na educação escolar, com visão crítica ou
visão positiva, dependendo do ponto de vista de quem a utiliza, mas são
necessárias para o desenvolvimento.
Diante do exposto e da legislação
atual, percebe-se que a tendência sócio-cultural é a abordagem imprescindível
ao contexto brasileiro contemporâneo.
Vale
aqui destacar, contudo, que a educação não se faz só de tendências, há o
envolvimento de muitas pessoas, sendo fundamental a do professor. Paulo Freire
(1996), em seu livro Pedagogia da Autonomia destaca alguns saberes que se fazem
necessárias a prática docente. O ponto principal que o educador deve ter
consciência é de que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar
possibilidades para a produção ou construção do mesmo.
Ensinar demanda muito
mais que a formação do professor, exige um educador democrático que reforce a
capacidade crítica do aluno, pois aprender criticamente é possível. Segundo o
autor mencionado, essas condições exigem a presença de educadores e de
educandos criadores, instigadores, inquietos, curiosos, humildes e
persistentes. Ensinar pede respeito ao saberes dos estudantes, trazer suas
experiências e discutir com os demais em sala de aula, pede pesquisas, pesquisa-se
para constatar, constatando intervenho, intervindo educo e me educo, diz Paulo
Freire (1996).
O referido autor
adverte que ensinar exige aceitação do novo, que não pode ser negado ou
acolhido só porque é novo, e o velho que preserva sua validade ou que encarna
uma tradição ou marca uma presença no tempo continua novo. Aqui, fica bem
visível a sua percepção sobre a utilização da metodologia.
De acordo com o autor
supracitado, o professor deve ter disponibilidade ao risco, a essa aceitação,
já que as mudanças são constantes e inevitáveis. Resisti-las é como continuar
no velho, o velho que não tem mais validade, que não tem sua marca e que no presente
continua velho. Destaca, ainda, que ensinar exige consciência do inacabado,
como professor crítico, tem responsabilidade, predisposição à mudança, à
aceitação do diferente.
3. FORMAÇÃO
DOCENTE
O professor tem uma
influência bastante significativa na vida dos alunos, todos nós passamos por
esse processo chamado aprendizagem. O professor tem uma tarefa difícil, e suas
atitudes profissionais tem efeito em nossas vidas. Atualmente, encontram-se nos
professores, várias personalidades que ajudam e prejudicam o desenvolvimento
dos alunos.
Não se sabe mais o
sentido de educar, não se procura ver onde está o erro para poder consertar na
educação e, com isso, o professor perde seu papel na sociedade, o que se
observa é que muitos não sabem o que fazem em sala de aula.
3.1
O PAPEL SOCIAL DO PROFESSOR
Como já sabemos o papel
do professor se resume em uma palavra: educar. Entretanto, o que é educar? No
início desse artigo definimos esta palavra, porém Edgar Morin (2004) levanta
uma questão bastante interessante que, com certeza, contribui ou contribuiria
para um desenvolvimento mais eficaz da sociedade.
Percebe-se que na
atualidade o ensino escolar privilegia a separação dos conhecimentos e, segundo
Morin (2004), nosso modo de conhecimento desune os objetos entre si e
precisamos conceber o que os une. O que propõe o autor é procurar sempre as
relações e interretro-ações entre cada
fenômeno e seu contexto, trata-se de reconhecer a unidade dentro do diverso; o
diverso dentro da unidade; reconhecer a unidade humana em meio às diversidades
individuais e culturais; as diversidades individuais e culturais em meio à
unidade humana.
Freire (1996) destaca
que é um saber indispensável à prática docente, saber da impossibilidade e de
desunir os conteúdos.
Preocupa-se
em ensinar biologia, matemática, português, física, entre todos os outros conteúdos
programados, sem valorizar o maior dos saberes da vida humana: a vida, a
sociedade, o mundo e a verdade. Morin (2004) acredita
que a educação deveria iniciar partindo dessas indagações.
O
que se percebe é o estudante sendo preparado para prestar um vestibular, fazer
e concluir o ensino superior, sem ao menos saber viver em sociedade, sem
respeito com o próximo, sem honestidade. Os principais valores estão sendo
esquecidos.
Desde
o início desse texto, falamos da importância educacional em nossas vidas. Em
casa temos uma base que é a família, além da família temos a escola. A educação
é à base do nosso desenvolvimento e tem necessidade de uma base maior para nos
tornamos cidadãos para, assim, estarmos preparados a viver em sociedade e não
somente para prestar vestibular, não desmerecendo seu valor, mas a educação não
pode ser resumida somente a esse tipo de preparação.
Cita-se aqui os quatro
pilares da educação indicados por Jacques Deloers (2003), os principais valores
que temos necessidades de aprender e que mudaria toda essa realidade se fossem
utilizadas. Os quatro pilares da educação são: aprender a conhecer; aprender a
fazer; aprender a viver juntos e; aprender a ser.
Aprender a compreender
o mundo em que vivemos, compreender as pessoas e respeitá-las, aceitar as
diferenças sem pré-conceito. Aprender a ser profissional, a ser amigo e viver
dignamente. Aprender a aprender exercitando a atenção, memória e o pensamento.
Aprender a fazer, e não preparar alguém a uma determinada tarefa. São valores
esquecidos pelos professores que não vem cumprindo seu real papel na sociedade.
Retomamos então com
Paulo Freire (1996), quando nos mostra como ser um profissional da educação, em
que uma de suas qualidades indispensável é a generosidade e, além de tudo, tem
que ter segurança em si próprio, a segurança expressada na firmeza com a qual
atua. Para exercer seu papel na sociedade, o professor deve ter comprometimento
com sua formação. O docente que não leva a sério e não se prontifica a estudar
mais para estar à altura de sua tarefa, não tem força moral para coordenar as
atividades de sua classe.
Para atuar o professor
precisa estar preparado teoricamente, porém o professor é muito mais que uma
“caixinha” de conhecimento, ele é um exemplo de ser humano, por isso ele tem o
dever de testemunhar aos alunos o quanto é fundamental respeitá-lo e ser
respeitado, conforme Freire (1996).
É fundamental e óbvio
que os professores tenham sua formação, entretanto, é um processo permanente,
diz Freire (1996). Enquanto professor deve-se estar sempre buscando novos
conhecimentos e atualizando os que possuem.
Freire
(1996) destaca, ainda, que o professor deve perceber na reação dos alunos o seu
desempenho, isso não significa perguntar aos alunos o que acham ou como eles o
avaliam, e sim estar atento, aprender a significação de um silêncio, ou até
mesmo de um sorriso.
Todo
o ser humano deve ser preparado, para elaborar pensamentos autônomos e críticos
e para formular os seus próprios juízos de valores, de modo a poder decidir por
si mesmo, como agir nas diferentes circunstâncias da vida.
3.2 FORMAÇÃO DOCENTE – TEORIA E PRÁTICA
Para exercer a profissão de educador deve, no
mínimo, ser formado num curso de licenciatura. Assim garante a LDB, em seu Art.
62.
“A formação de docentes para
atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura,
de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação,
admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação
infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, oferecida em nível
médio, na modalidade Normal”.
Neste
mundo de eternas mudanças, o professor não deve parar seus estudos na
graduação. Afirma Maurice Tardif (2000), que tanto em suas bases teóricas quanto
em suas consequências práticas, os conhecimentos profissionais são evolutivos,
progressivos e necessitam de uma formação contínua.
Os
conhecimentos e a personalidade são evolutivos, e não só nos professores, mas
de um modo geral, estamos em constante desenvolvimento pessoal e intelectual.
Essa evolução constante reflete nas nossas atitudes, e nos deixa como lição que
devemos estar atentos a ela para melhorar nosso desempenho como educadores,
fornecendo aos alunos qualidade no ensino.
Os profissionais da
educação devem auto formar-se e reciclar-se através de diferentes meios e seus
saberes são temporais, ou seja, são adquiridos conforme o tempo, completa
Tardif (2000). Indicando, ainda, que são
temporais em três sentidos que consideraremos agora, conforme Tardif.
Primeiramente, o
professor traz consigo toda sua bagagem de conhecimentos anteriores, de
crenças, representações e certezas sobre a prática docente e boa parte do que
sabe sobre ensino, sobre o papel do professor, provem
de sua própria história de vida. E esses fenômenos permanecem ao longo do
tempo. Quando atuantes, os professores utilizam o que vem em sua bagagem para
solucionar conflitos profissionais.
Os primeiros anos de
prática profissional são decisivos na conquista do sentimento de competência e
no estabelecimento das rotinas de trabalho e, a maioria dos professores,
aprende a lidar com as diversas situações encontradas em sala de aula somente
com a prática, por isso, é um momento bastante importante.
E, finalmente, o terceiro
sentido é temporal, pois são utilizados e se desenvolvem no âmbito de uma
carreira, isto é, de um processo de vida profissional de longa duração, da qual
fazem parte dimensões identitárias e dimensões de socialização profissional,
bem como fases e mudanças.
Essas três fases que Tardif comenta, vêm ao encontro com o que queremos
compreender, se professores resistem às mudanças decorrentes na educação. O professor tem que ter consciência de que
precisa mudar sua prática docente, conforme os acontecimentos novos. É necessário,
portanto, buscar constantemente mais conhecimentos, aperfeiçoar sua capacidade
e suas atitudes.
4.
TABULAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS
Para conclusão de dados, foi
utilizado aplicação de questionários. Em sala de aula, atualmente, a E. E. B.
Municipal 12 de Maio possui 24 professores. Foram entregues 24 instrumentos, a
intenção seria ter dados de todos os docentes para melhor analisar, já que há
poucos professores. Foram devolvidos sete questionários à pesquisadora, o que
corresponde a 28%. Passa-se agora a descrição da análise dos dados a partir do
levantamento teórico.
O
tempo de atuação de docência varia de 02 a 20 anos. Três possuem graduação e quatro
docentes, especialização.
Quando
questionados sobre a abordagem aplicada em sala de aula, quatro não responderam,
pois não entenderam a palavra abordagem; uma utiliza na maioria das vezes, a
abordagem expositiva; e duas professoras descrevem utilizar apenas textos e
realizar cálculos, da qual se conclui ser o método tradicional. Se o professor
não sabe o que é abordagem, o que ele está utilizando em sala de aula?
“Enquanto
ensino, continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei,
porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho,
intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e
comunicar ou anunciar a novidade.” Paulo Freire (2004).
Ao questionar se gostariam de utilizar algum
outro tipo de abordagem na sala de aula, as quatro professoras que não sabem o que
é abordagem não responderam; duas não gostariam de utilizar outra; e uma não
trocaria o que está dando certo. Segundo Mizukami (1986), o que se espera do
professor não é o domínio de uma ou mais abordagens, mas suas formas de
articulação entre as mesmas e o fazer pedagógico do professor.
Ao
perguntar se encontram dificuldades para desenvolver sua prática pedagógica,
seis respondem que não e uma responde que sim, isto é, falta de tempo para
preparar as aulas e alunos que não contribuem para o desenvolvimento da
aprendizagem.
Sabe-se que há muitas queixas com relação ao
comportamento dos alunos, entre estas estão: não fazem as tarefas, dificuldade
de aprendizagem, alunos com deficiência, pais que não vão à escola quando são
chamados. Esses fatos são corriqueiros e perceptíveis não apenas àqueles que
trabalham no âmbito escolar, também àqueles que, de certa forma, estão
envolvido pelos laços escolares. É através de amigos e professores que é a nós
revelado esses tipos de dificuldades. Então, questiona-se, será que essas professoras
não encontram dificuldades ou não querem se preocupar com as questões que
aparecem?
De
acordo com Freire (1996), é fundamental na formação do professor que ele tenha
uma reflexão crítica sobre sua prática docente.
Complementando
a questão anterior, pergunta-se o que fazem perante as dificuldades citadas,
seis não respondem e uma afirma que busca incentivar os alunos.
Ao
ser indagado sobre utilizar tecnologias em sala de aula, as respostas são as
seguintes: três respondem que sim, quatro respondem que não.
Conforme
a DCN, existe uma distância entre a escola e a tecnologia que necessita ser
superada. A tecnologia estimula a criação de novos métodos didáticos que podem
ser inseridos no cotidiano escolar. A DCN ainda afirma que:
Não
se pode, pois, ignorar que se vive: o avanço do uso da energia nuclear; da
nanotecnologia a conquista da produção de alimentos geneticamente modificados;
a clonagem biológica. Nesse contexto, tanto o docente quanto o estudante e o
gestor requerem uma escola em que a cultura, a arte, a ciência e a tecnologia
estejam presentes no cotidiano escolar, desde o início da Educação Básica.
As
docentes indicam como desvantagens a utilização de tecnologias: os professores
que não utilizam tecnologia em sala de aula justificam que a escola até tem
sala de computação, mas não tem professor de informática; outra professora responde
que a escola não possui tecnologia; outra opinião é que eles mesmos não estão
preparados para essa tecnologia.
As
desvantagens citadas acima foram feitas pelas
professoras que haviam dito anteriormente que não encontravam dificuldades na
escola. Quando pensado em tecnologia, o fato de não ser utilizada é
responsabilidade da escola que não tem estrutura para isso, que tem sala, mas
não tem professor capacitado, argumentam tais docentes. Todo professor deve ter
o mínimo de entendimento dessas tecnologias, os alunos são completamente
informatizados, muitos utilizam blogs,
internet e passam horas em frente ao
computador, que é uma ótima ferramenta para pesquisas e interação.
Voltamos
aqui à reflexão de Freire (1996), que o professor deve ter disponibilidade ao
risco, aceitar o novo.
Nas
vantagens, as professoras citam que a tecnologia proporciona ao aluno o acesso
a outras culturas. É uma ferramenta que auxilia o professor e permite ao aluno
pesquisar, a trabalhar com jogos didáticos e proporcionar o conhecimento
através de maneira prazerosa. Sim, não só o computador como TV, filmes
educativos, etc., são ferramentas que proporcionam um bom aprendizado. Se o professor
vê todas essas qualidades na tecnologia, é coerente que ele a domine.
Percebe-se que existe
uma resistência muito grande ao novo. Há uma difícil aceitação em mudar. Mudar de
personalidade, de comportamento, mudar a consciência, compreender que é necessária
a aceitação das mudanças para o desenvolvimento, atualizar os conceitos e,
principalmente, os conhecimentos.
Pode-se destacar
também que o professor não cumpre o que diz a lei, formar cidadãos, não é o que
está acontecendo. Estão cumprindo suas horas, ensinando o que eles sabem, sem
tentar melhorar sua capacidade de atuação.
5.
CONCLUSÃO
Após a leitura
fundamentada e do resultado da análise, pode-se perceber que existe resistência
dos professores em determinadas mudanças que estão ocorrendo no âmbito escolar,
na forma de preparar aulas, de mediar o conhecimento e de aperfeiçoamento
contínuo.
Professores
sem formação continuada, poderia se afirmar até, que, sem interesse. Precisam
compreender o seu dever como profissional, estar atento às novas formas de
conhecimentos, seja na sua área de atuação ou não. É, de fato, necessário se
adaptar a tecnologia e melhorar seu desempenho para utilizar o computador, por
exemplo, aprender a elaborar e utilizar jogos didáticos.
Nota-se que a
dificuldade maior destes docentes é falar sobre as dificuldades que existem.
Por que elas existem, em toda a análise as professoras se contradizem e isso
demonstra que nem as profissionais reconhecem os seus limites e possibilidades.
Desconhecem sua base teórica.
O que causa essa
resistência à mudança é que as professoras estão acomodadas, por vezes, falta
comprometimento, se preocupam e investem pouco em seu desempenho. O pouco de
conhecimento, a formação continua insuficiente para buscar aprender a usar as
tecnologias para envolver os alunos em sala de aula, pois os mesmos estão imersos neste universo em
seu cotidiano.
Aceitar o
desenvolvimento de todos os segmentos da sociedade e com ele o desenvolvimento
da escola. Os estudantes do século XXI não são os mesmos de século XX.
Em suma, precisa-se
investir em formação continuada para que o professor perceba as suas
necessidades, e como as demais profissões ele precisa acompanhar a evolução da
tecnologia e aos avanços da ciência. Que a resistência faça do movimento de
aceitação e não como negação do novo.
6.
REFERÊNCIAS
BRANDÃO,
Carlos Rodrigues. O que é educação.
São Paulo: Brasiliense, 2006.
BRASIL, PARECER CNE/CEB Nº: 7. Diretrizes Curriculares Nacionais
da educação Básica, Brasília 7/4/2010. Disponível em http://portal.mec.gov.br/index. Acesso
em 08/03/12.
DELOERS, Jacques. Os Quatro Pilares da Educação. In:
Educação: um tesouro a descobrir. 8ª
ed. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: MEC: UNESC, 2003. p. 89 – 102.
FREIRE,
Paulo. Pedagogia da autonomia:
saberes necessários à prática docente. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
MIZUKAMI,
Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as
abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986.
MORIN,
Edgar. A cabeça bem-feita: repensar
a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.
PASTOR,
Nelson; MAIA JUNIOR, Raul. Magno Dicionário da Língua Portuguesa.
São
Paulo: Edipar, 1995
TARDIF, Maurice. Saberes profissionais dos professores e
conhecimentos universitários.
Revista Brasileira de
Educação. Jan/Fev/Mar/Abr. 2000. Nº 13. Disponível em
educa.fcc.org.br/pdf/rbedu/n13/n13a02.pdf.
Acesso em 21/01/2012
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