Maria Helena da Silva Meller[1]
Resumo:
O presente artigo decorre do
cumprimento da disciplina Políticas Públicas, desenvolvida no curso de
Especialização em Orientação, Supervisão e Gestão Escolar na Instituição Esucri
– Criciúma/ SC. O tema está relacionado ao contexto educacional brasileiro no
que se refere às políticas públicas, à análise das demandas tecnológicas da
sociedade e a formação docente.
Palavras chave: Políticas Públicas. Tecnologia.
Formação docente.
1 INTRODUÇÃO
Este texto busca analisar as
políticas públicas na prática social, tendo como eixo a instituição escola. Destarte,
convém questionar as Políticas Públicas atendem, efetivamente, às demandas de
uma sociedade tecnológica? Neste sentido, os nossos professores em sala de aula
possuem formação para os desafios de nossos futuros cidadãos quanto ao domínio
de conteúdos exigidos para a atual e futura sociedade em que esses cidadãos
irão (con) viver e ou trabalhar?
1 – O
INTERIOR DAS INSTITUIÇÕES E A POLÍTICA PÚBLICA
Minha escrita está balizada
em minha formação com base freiana, haja vista, ter sido aluna de Madalena
Freire e em meus vinte e seis anos de atuação na educação escolar. Sendo os
últimos quinze anos com a formação docente, quer na academia, quer no chão das
instituições. Portanto, parto da premissa de que a verdadeira formação
continuada deve partir da realidade em que o professor está inserido.
Em meu trabalho de formação com docentes, venho
fazendo algumas constatações, dentre elas, a ânsia do professor. Seu
conhecimento acadêmico distanciado da realidade em que atua o leva a formular
perguntas: quem, de fato, são os alunos do século XXI? Qual a expectativa das
famílias atuais? Qual o papel do professor neste cenário? O que a sociedade na
era tecnológica espera da educação escolar? E o papel social da escola em uma
vertente democrática de educação? Estas perguntas vem acompanhadas de angústia
e, muitas vezes, falta de esperança. Contudo, estas questões são reais e
necessitam ser transformadas em perguntas para que haja, de fato, a pesquisa.
Esse primeiro movimento da queixa deve dar lugar à busca de respostas, em uma
consistente fundamentação teórica. Pois a concepção de estudante, homem,
sociedade, escola e de mundo atual, está bastante diferente daquela do inicio
do século XX.
O que foi possível trazer
desta prática em escolas das redes: pública municipal, estadual e particular?
Que o professor tem uma base teórica fragmentada. Conhece os autores, e não
suas teorias. Possui um discurso bastante distante da prática. Conferências e
palestras que não partam da realidade e não dialoguem com o professor estão
deixando este profissional com mais desânimo. Isto precisa ser ressignificado
pela reflexão na prática e sobre a prática docente.
A questão mais difícil de
lidar, nos cursos de formação, são as resistências dos docentes. Pois buscam
culpados para os fracassos e não se incluem no processo. A reflexão proporcionada
visa que os mesmos se percebam como corresponsáveis, na medida em que são
profissionais com formação acadêmica. Busca-se, ainda, mostrar-lhes os limites
em o professor está imerso. Fronteiras de toda ordem: sociais, econômicas
políticas, e principalmente, culturais. Onde o conhecimento dos estudantes,
seus valores estão muito distantes daqueles desejados pelas escolas, pelos
valores e normas instituídos pela sociedade e outorgados pela legislação em
vigor.
Nas escolas, professores que
não conhecem a proposta curricular à qual pertence a sua instituição. Trabalham
isolados dos colegas e sem acompanhamento de superiores, no sentido de
orientar-lhes. Rotatividade de professores, por serem admitidos em caráter
temporário.
Este quadro ora apresentado
é o espaço onde perpassam toda a legislação pertinente à formação de cidadãos
para a sociedade atual. Por meio de suas aulas, os professores traduzem, seus
objetivos traçados pelas diretrizes curriculares nacionais, em conteúdos, na
ânsia de fazer ampliar as operações mentais dos estudantes a fim de
propiciar-lhes o desenvolvimento de competências e habilidades. Planejamentos, técnicas, aulas diversificadas,
avaliação processual, aulas em laboratórios, a fim de favorecer o aprendizado. Contudo,
para qual sociedade?
A sociedade atual, em seus
múltiplos aspectos, teve um avanço tecnológico no último século, muito mais
rápido que sua história anterior. Sem dúvida, decorrente de suas necessidades,
pois é a partir dessas que o homem modifica a natureza e se modifica. É nesta
interação.
Em todos os setores da
sociedade houve transformações, nunca se ouviu falar tanto em cuidar do
planeta, devido a sua exploração para criar cada vez ferramentas que agilizam
os processos. Não se precisa mais sair de casa, on line você faz compras,
locações, pagamentos e até, conhece pessoas. Diagnósticos mais rápidos, curas
para várias doenças. As distâncias encurtam, você está atualizado sobre
qualquer assunto.
Para este novo modelo de
sociedade, um novo modelo de escola.
A democratização ou
massificação das escolas leva todo cidadão passar por ela com o sonho de
ascender socialmente. Em que medida os compromissos institucionais com os
sujeitos, de fato, garantem as expectativas provocadas pela sociedade? Situações
de buscar uma vida melhor, tendo assegurado trabalho, moradia, saúde e lazer.
O quadro anteriormente
descrito sobre a educação escolar nos faz refletir sobre os novos rumos que as
políticas públicas precisam abraçar.
Em 1994 em uma reunião com
representantes do mundo todo foram elencados os Quatro Pilares da Educação para a sociedade atual: aprender a
conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos, aprender a ser. Esta
aprendizagem voltada ao pensar, problematizar, fazer dos conflitos situações de
pesquisa e, ainda, conviver com os outros, pode ser vista em uma concepção bastante
capitalista. Pois se traduziu nos Parâmetros Curriculares que tratam das
competências e habilidades, sem dúvida fundamentais ao desenvolvimento
tecnológico, contudo, há se certificar de que a criatividade esteja presente
pra que não se esgote as respostas padrão.
Ao perguntar se o professor
está preparado para a sociedade, auxiliando na formação, há que se perguntar a
serviço de quem? Pois todas as tendências pedagógicas formam para a vida, porém
qual vida? Erudita, trabalho, reflexão, auto-gestão. Ou para o trabalho como
intervenção social, se percebendo como um sujeito que faz e é história, para
resolver os conflitos existentes. Saber que é emoção e espírito, além do
cognitivo.
Quando o discurso do conhecimento começa
perder espaço para a sabedoria, ainda
estamos discutindo o nível da informação e da tecnologia a serviço de quem,
mais uma vez fica evidente que a academia apresenta uma teoria, muitas vezes,
revestida de fantasia, para quem está no “chão”, e para quem esta de fato “
longe do povo”.
Temos que ter consciência, não fazer o fazer
o pacto, a academia incentiva a autonomia, não obstante só podemos afirmar o
que a essa deseja.
Neste circulo vicioso, onde perpasso dos
teóricos aos docentes, chão de sala, onde lecionam para trinta turmas com 35
alunos, fica mais complexo ter um discurso pronto, mesmo que teórico. Há que se
colocar no lugar dos sujeitos, como fez a filósofa francesa Simone Weill, para poder sentir e dali
pensar, em suas perspectivas.
À escola foi outorgado o papel social do
ensino, entretanto não cabe somente a ela essa carga binária, fracasso –
sucesso. São vários os elementos que se entrecruzam e influenciam na formação
de um sujeito. A conjuntura atual, onde jovens se comunicam com o mundo todo,
virtualmente, no entanto não tem coragem de olhar nos olhos de seus pais
demandam um novo paradigma de educação, não somente escolar, educação global.
Em um momento que a educação formal
privilegia o conhecimento cognitivo, descartando os demais aspectos do ser
humano. É necessária a percepção do educar o sujeito em sua inteireza, pois a
atualidade e o futuro podem estar desprovidos de pessoas criativas, sensíveis
para poder, de fato, contribuir, inspirar e orientar Políticas Públicas com
Planos, Diretrizes, que leve em conta a sociedade atual e suas necessidades.
3 CONCLUSÃO
E possível inferir, após a reflexão que as
políticas públicas atuais, na formatação presente apresentam muitas limitações.
Há uma legislação estabelecia fundamentada na cidadania e na construção
coletiva. Contudo, sua cotidianidade não permite que se ponha em prática todas
as suas metas.
A sociedade atual, por meio de seu avanço
tecnológico teve muitas vitórias, porém, se faz necessário uma reflexão
permanente de todos, e não somente de legisladores, de quem pode participar
efetivamente de suas vantagens.
Além disso, afirma-se que a escola, mesmo com
todas as suas limitações e as mazelas pedagógicas, ainda se constitui em um
local de respeito, de conflitos e de ensino, porquanto resta o fazer e a
esperança por um mundo melhor para esta e as próximas gerações.
baseado nas leituras:
APPLE,
Michel W. Para além da lógica do mercado:
compreendendo-se e opondo-se ao neo liberalismo.
BRASIL. Constituição. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1998.
BRASIL, Lei n. 9394
de 20 de dezembro de 1996. Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional. D.O.U.
DELOERS, Jacques. Os Quatro Pilares da
Educação. In: Educação: um tesouro a
descobrir. 8ª ed. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: MEC: UNESC, 2003. p. 89
– 102.
FREIRE,
Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
OTANI,
Nilo. Metodologia do trabalho científico. Criciúma, SC, ESUCRI, 2010.
PERONI,
Vera Maria Vidal: Dilemas da educação
Brasileira em tempos de globalização: entre o público e o provivado. Porto
Alegre: Editora da UFRGS, 2006.
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional.
Petrópolis: Vozes, 2004.
SCHÖN, Donald A. Educando o profissional reflexivo. Porto Alegre: Artmed 2007
[1]
Maria Helena da Silva Meller – acadêmica do Curso de especialização em
Supervisão, Orientação e Gestão Escolar – mhsmeller@gmail.com
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