Maria
Helena
Não possuo nenhuma pesquisa ou
qualquer dado, nem mesmo vasculhei no google,
apenas minha vivência na e com a educação escolar, no que se refere ao
tema.
É recorrente ao conversar com
profissionais, estudar projetos pedagógicos, ainda participação em avaliações
de PMEs, sobre o tema educação especial, que o assunto não recaia para estudantes
os quais apresentem alguma deficiência em seu processo de aprendizagem.
Como não possuímos concursos
públicos frequentes, fazendo com que haja muita rotatividade de docentes nas escolas, assim não conhecem os alunos, nem uma cultura de fazer do histórico escolar, aquilo que
lhe é inerente, ou seja, um documento onde conste a história de um estudante,
ao início de cada ano ao fazer o diagnóstico, os docentes rapidamente conseguem
fazer suas “sentenças”.
Sem querer generalizar e,
muito menos, responsabilizar o docente, pois o ensino escolar constitui-se em
um sistema, assim existem muitos elementos, como citado: cultura escolar, isso
é muito forte, possui raízes profundas, temos a formação docente, e a própria equipe
pedagógica que, por vezes, não possui uma habilitação necessária para o
desenvolvimento de sua função.
Voltando ao tema, partindo do
primeiro diagnóstico o docente tem o seu olhar para os estudantes que não
atenderam aos objetivos propostos e aqueles cujo comportamento excede qualquer
padrão estipulado para a faixa etária, ou seja, “sem limites”. Assim, se inicia
a saga, conforme cada sistema de ensino e cultura escolar. Conversa com
orientador/a pedagógico ou diretor/a, conversa com pais. Também temos aqui
outro indicador, a idade e ano que a criança está cursando. Veja bem uma
criança que está chegando na escola, possui o seu histórico de uma escola
anterior. Uma criança chegando, pela primeira vez, seria na educação infantil,
4 anos. Portanto, é necessário conhecer as características e necessidades de
uma criança nesta faixa etária, sobre linguagem expressiva e compreensiva,
motricidade, sociabilidade, execução de atividades, etc. uma criança no ensino
fundamental, além dos critérios citados, verificar também o domínio dos
conteúdos, competências e habilidades que deveriam ter desenvolvido. Deste modo,
um diagnóstico somente tem validade quando temos, um quadro real e um padrão, a
serem comparados.
Mesmo os cursos de
licenciaturas oferecendo uma disciplina de psicologia e uma de inclusão, ainda
que muitos docentes cursem especialização sobre educação especial, sem dúvida,
isso ajuda, contudo, a forma com que um sistema de ensino, por menor que seja, desenvolve
seu trabalho com relação à educação especial, ainda é muito fragmentado.
Outro dado importante é a
percepção e diferenciação nos encaminhamentos de uma criança com altas
habilidades e aquela super estimulada pela família. Sabemos que um dos fatores
que contribuem no aprendizado é o contato com o objeto a ser apreendido. Assim
uma família cuja cultura traz em sua escala de valores a aquisição de livros,
hábito de leitura, controle em aparelhos tecnológicos, TV, computador e também oferece
atividades diferenciadas desafiando o raciocínio da criança, jogos, brincadeiras,
onde há um estímulo diário para a aquisição de uma linguagem falada e escrita
dentro de um padrão, essa criança consegue elaborar perguntas, sistematizar o
pensamento, interpretar situações, analisar e sintetizar, ainda criar
alternativas diferentes para determinado raciocínio, portanto se destacará dos
demais colegas de sala. Sendo assim, esse estudante não pode ser imediatamente
diagnosticado com altas habilidades. Pois os demais, provavelmente vivem de uma
forma muito parecida entre si. Os pais ou cuidadores privilegiam a TV,
computadores, redes sociais. Não possuem o hábito da leitura, do diálogo, conversam
o essencial. As crianças são bastante estimuladas com cores, jogos, redes
sociais, porém sem a mediação de um adulto, sem verificar quantas horas se detém
diante de um programa, conversas com amigos, quais os tipos de jogos.
Diante ao exposto é necessário
reconhecer e fazer os encaminhamentos necessários sem julgamentos prévios,
conhecer o que consta no histórico do aluno. Por isso a importância do registro
nos conselhos de classe. Observar se o planejamento é por competências e
habilidades ou objetivos referentes aos conteúdos. Quando chamar a família para
uma conversa, deve-se conhecer este histórico, ter os registros de chamadas
anteriores, se for o caso, das medidas tomadas na época, dos encaminhamentos.
Com tantas leis, normas,
pesquisas que o Brasil possui com referência ao tema, ainda se peca muito em
ações. Muita morosidade até chegar ao diagnóstico e encaminhamento de uma
educação necessária ao quadro daquele estudante. No meu parecer chamar de
educação especial é redundante, pois o direito à educação é subjetivo, sendo
para todos. E TODOS, não há especificações, exceções.
Necessitamos fazer a lição de
casa, trazer à tona esse tema, não com uma visão estereotipada e ouvidos
viciados, contudo, com um novo olhar. Não resolve criar mais normativas, com certeza
todo projeto pedagógico e regimento interno escolar prevê tudo que aqui está. Cada
profissional em sua função: gestor municipal, escolar, coordenadores e demais
que exercem função similar, psicólogos e docentes devem buscar, primeiro em si,
quais são os seus conhecimentos acerca do assunto, depois entender que cada
sujeito é o resultado da sua história. Não encontraremos dois seres iguais,
portanto verificar características parecidas nos estudantes, não necessariamente
esses precisem da mesma forma de intervenção.
Educação especial, em minha
visão, especial deve ser o olhar daqueles que vivem a educação sobre cada
sujeito. Pois não basta escrever no projeto pedagógico: ”contribuir na formação
de um sujeito capaz de cumprir seus deveres e reconhecer seus direitos,
exercendo sua cidadania. ” O espaço da educação escolar está cheio de frases
feitas, clichês, está na hora de agir.
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