Maria Helena da Silva Meller
Em 2013 iniciei meus
trabalhos como assessora pedagógica à equipe da secretaria de educação de Cocal
do Sul – SC. Nosso planejamento estratégico deu início a uma série de
atividades e atitudes.
A formação para gestores,
mensalmente, foi uma das ações principais, pois esse deve compreender e ter uma
postura de autoridade, logo necessita de conhecimentos e reflexão constante
sobre a sua prática. O diretor de uma U.E. é o primeiro coordenador pedagógico.
Entre as várias atividades de uma secretaria
de educação, a revitalização dos projetos-pedagógicos é uma delas. Para tanto,
eu e a equipe composta pela secretária Raquel Romagna, Luciane dos Santos,
Paula Cechinel e Janaina Zacaron nos reunimos para estudar uma proposta, a
partir da realidade de cada escola, bem como das leis e normas em vigor.
Por ter participado
efetivamente da elaboração e avaliação de PPPs, em situações anteriores, sugeri
a proposta metodológica de Danilo Gandin.
"O planejamento,
como tarefa natural ao ser humano, é o processo de divisar o futuro e agir no
presente para construí-lo. Assim, planejar é organizar um conjunto de ideias
que representem esse futuro desejado e transformara realidade para que esse
conjunto nela se realize no todo ou em parte”. (GANDIN, Danilo, LUÍS Armando;
p.37, 1999).
Em 07 de maio de 2014, aconteceu
a primeira reunião com as diretores das U.E.s da Rede para apresentar a
proposta metodológica. Essa consiste em elaboração do Marco Referencial (MR) que,
por sua vez, se divide em marco situacional ou real, marco filosófico ou ideal
e marco operatório ou pedagógico. A escrita desse marco parte de uma série de
perguntas dirigidas aos pais, estudantes, funcionários, docentes e equipe
diretiva.
Um ponto fundamental da elaboração do projeto é
a participação efetiva de todos os envolvidos no processo educativo. A
Constituição Federal de 1988, em seu art. 205 afirma: educação, direito de
todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade. E no art.
206, o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei.
Balizados nas leis, cada
Unidade Escolar fez um levantamento com seus pares discutindo, conversando
sobre o mundo atual, suas dificuldades e possibilidade e qual seria o papel da
escola, neste contexto, a fim de minimizar tais problemas.
A LDB/N
9394/96, sobre a participação afirma, art. 12, os estabelecimentos de ensino,
respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência
de: elaborar e executar sua proposta
pedagógica; Art. 13. Os docentes
incumbir-se-ão de: participar da elaboração da proposta pedagógica do
estabelecimento de ensino; elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta
pedagógica do estabelecimento de ensino. Art. 14, os sistemas de ensino definirão as normas (...) conforme os seguintes
princípios: participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto
pedagógico da escola;
No dia 04 de junho, o grupo
de diretoras trouxe suas discussões, sua pequena caminhada, pois não poderia
deixar para traz os registros, as experiências, o processo que cada escola
vivenciou. Partindo desse relato, passou-se a escrita do Marco Referencial, o
grupo se reunia, pesquisava, discutia, escrevia fiel às respostas dos
envolvidos no processo
Criou-se uma comissão
(Elaine, Jana - diretoras e Luciane, coordenadora) para a sistematização do
processo, bem como do documento da Rede.
No dia 16-07 chegou-se ao
texto final do MR. No entanto, precisava da validação da comunidade escolar, no
caso voltou para as escolas, para as observações, sendo aprovado o Marco
Referencial do PPP da Rede.
A metodologia, com relação
aos encaminhamentos do PPP da U.E. e o PPP da Rede, partem do mesmo MR. Começam
a ganhar as suas especificidades a partir do Diagnóstico. Que decorre dos
conceitos, retirados os temas do MR para que fossem conceituados, ou seja,
compreendido por todos que fazem parte do processo ensino aprendizagem da Rede.
Onde se questiona sobre a prática, a aproximação e a distância que estamos do
ideal.
Assim, o diagnóstico é a segunda etapa do processo.
Apresenta-se como “um profundo confronto entre a prática vivida pela
instituição e os ideais que ela está se propondo em seu Referencial. É um juízo sobre a realidade à
luz das ideias que foram abordadas no referencial.” (GANDIN, 2001)
A programação é a última etapa do processo de elaboração
do plano, é prática para
aproximar a realidade existente da realidade desejada. É a definição do que
vamos fazer para satisfazer as necessidades apresentadas. Intervir na realidade
a fim de transformá-la.
Para Paulo Freire (1996) a
autonomia de uma instituição transcende os decretos, ela é construída no
coletivo, no estudo, na compreensão, no respeito à realidade e cultura de cada
grupo. E a escola tem um papel fundamental por meio de uma educação que
propicie tal autonomia.
Neste momento estamos na
elaboração dos conceitos, pensa-se que o processo, com a participação efetiva,
ou por representação, levará mais três meses. Pois, de acordo com a metodologia
assumida pelo grupo, o tempo muito extenso leva ao descrédito e descompromisso
dos envolvidos e um tempo muito curto, não há possibilidade de compreensão, de
assumir os propósitos e comprometer-se com o processo. Vira uma tarefa a ser cumprida.
Assim, é passivo aferir que
os encaminhamentos vem sendo construído de forma coletiva, de discussões,
buscando manter a fidelidade à democracia, o respeito aos direitos e deveres de
cada sujeito e instituição.
A história não se constrói
com fatos isolados e não é linear, sendo um processo vivenciado por todos os
seus atores/autores. Assim, narrar a história se incorre em perdas, nem sempre
há uma fidelidade em cada fato, cada emoção.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL,
Constituição da República Federativa
do Brasil: Promulgada em 5 de outubro de 1988. Presidência da República. Casa
Civil.
BRASIL, Lei n. 9394 de 20 de dezembro de 1996. Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. D.O.U.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e
Terra, 1996.
GANDIN, Danilo e GANDIN, Luís A, Temas para um Projeto
Político-Pedagógico. Petrópolis, 2001, 4a edição.
GANDIN, Danilo. A Prática do Planejamento Participativo.
Petrópolis, Vozes, 2001, 10a edição.
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