Maria Helena da Silva Meller
Marga era uma margarida que faltava duas pétalas. Por isso
ela vivia sozinha, longe das demais flores e dos animais, porque se sentia
feia. Marga remoia suas tristezas quando ouviu o papagaio:
-
Haverá a terceira festa da primavera , todos estão
convidados. Haverá a terceira festa da primavera, todos estão convidados!
Marga
pensou:- quando será? Onde será? Mas também não importa, eu não irei. Todos
riem de mim, pois me faltam as pétalas.
Neste
momento ela ouve: - Bom dia-ia-ia, como vai? Ai? Ai?
-
Você sente alguma dor, seu sapo? - Pergunta a margarida.
-
Não, ão ão. -
Responde o sapo.
-
Você está zombando de mim? -
Retrucou a margarida.
-
Por que faria ia ia, uma flor tão bonita ita ita. - Diz
o sapo.
-
Eu sabia ! Me deixe
em paz ! - Revida a margarida.
-
Que paz, az , az ...
Com este ar de tristeza, eza, eza.
-
Pare com isto !
-
Como omo, eu não sei, ei
-
Fale direito, senão, eu não respondo.
-
Então ficaremos
emos emos calados
ados ados. Porque é assim que eu
falo, alo alo.
Alguns
minutos depois, Marga fala:
-
Está bem, bom dia!
Como vai?
-
Agora, ora , ora muito melhor, com a sua companhia, ia ia. – Responde o sapo.
-
Com a minha companhia? É a primeira vez que ouço isso –
pensou marga.
-
Sim, está linda
inda Margarida ida, ida.
-
Mas, meu nome é Marga.
-
Marga, eu não entendo , endo, endo.
-
Eu explico ico ico – brincou marga.
-
Agora ora ora você
está zombando de mim.
-
Me desculpe. Quando eu percebi que me faltavam as pétalas,
me senti amarga e as outras flores me chamam de marga.
-
Ora essa essa. Vamos
acabar com isto, isto! Vamos a festa esta,
na floresta esta e você vai ver,
ver.
-
Não posso, não irei, nunca fui, afirmou Marga.
Neste
momento novamente passa o papagaio:
-
Haverá a terceira festa da Primavera, todos estão
convidados.
Marga
ficou irritada : - Por que o papagaio não diz o local e o horário da festa?
-
É que ele só repete ete, ete
o que lhe mandam andam, andam, e
como ele não percebeu ainda, continua
repetindo, indo, indo. Para você ver, er , er ninguém é perfeito eito
eito.
-
Mas eu não vou. – Diz Marga.
-
Está bem, em, em. Amanhã a tarde arde eu por aqui passarei, ei, ei...-Disse o
sapo.
Marga
ficou mais triste ainda, porque agora possuía um amigo e seu amigo irá à
festa.
Na
tarde seguinte, Marga ouve: - Você está linda, inda. Já iremos, emos – disse
sorrindo o sapo.
-
Marga ficou surpresa – Mas ... eu ... não...
-
Oh sim, im, im você não sabe o local al al. Mas não se preocupe upe, upe, minha flor,
porque eu sei, ei.
E
Marga, meio sem jeito, respira fundo e segue seu primeiro amigo, ela não podia
decepcioná-lo.
O que
viu Marga quando na festa chegou? Muitas
flores e animais. Contudo, uma surpresa.. .
- Bom
dia ia ia, dona centopeia, éia éia ou melhor, dona cinquentopéia, éia, éia –
Brincou o sapo.
E a
centopeia responde: - Já lhe disse amigo sapo, que tenho cinquenta e seis
patinhas, não são cem, mas também não são cinquenta –disse sorrindo a
centopeia.
-
Sai da frente -
gritou uma abelha.
-
Pode seguir amiguinha, inha, inha, todos estão te vendo,
endo, endo.
-
Pelo que ouço é o compadre sapo. Muito obrigada, você são os
meus olhos, já que não enxergo – Agradece a abelha.
Marga, calada ia observando tudo aquilo, a
alegria da bicharada e não entendia, pois todos tinham alguma coisa diferente,
para não dizer “problema”.
-
Quem é sua amiga ? -
perguntou um trevo de quatro folhas.
-
Esta é Marga arga, arga, uma linda flor, or, or
-
Sem dúvidas – respondeu o trevo com quatro folhas.
Então chegaram os outros trevos com três folhas e
brincaram: _- Aí trevo, você com uma folha
a mais bem que poderia dar uma a sua amiga..
Marga
entristeceu, mas logo foi reconfortada, pelo trevo: - Ela não precisa, ela é completa, é linda !
Os
trevos de três folhas se sentiram a mais e saíram. Então o sapo falou – Nem
sempre empre empre é bom ser comum um um. Vocês são todos iguais ais ais.
O
trevo convidou Marga e o Sapo para a comilança
e também para a dança.
Marga,
a tudo e a todos observava, cada qual com as suas diferenças, ou seja, cada qual
com o seu “jeito”.
Então
dela se aproxima um pássaro e ela não
percebe – Bom dia jovem. Como vai?
-
Eu estou bem e você ? responde marga.
-
Muito bem, com esta festa aqui embaixo, já que me falta uma
asa e não posso voar .
-
Mas se você precisar ... Como faz ?
-
Chamo meu amigo urubu, é este que está chegando – responde o
pássaro, bem-te-vi.
-
Mas é um pombo diferente – observa Marga.
-
Pera lá dona rosa, não sou pombo.
-
Rosa não, eu sou uma margarida.
-
Pombo não, eu sou um urubu e não ria.
O sapo
observa a cena e se aproxima :
-
Amigo brancão, ão, ão, como está o tempo, empo, empo lá em cima, ima, ima ?
-
Amigo sapo, lá em cima temos a vantagem de não ouvir certas
bobagens – retruca o urubu .
-
Calma Urú, quero lhe apresentar Marga, é a primeira vez que
ela vem em nossa festa – Diz o Bem-te-vi.
-
Ela é muito especial, al ,al, muito amiga, iga,iga, a respeite, eite, eite, como nós todos nos
respeitamos, amos, amos.
-
Está bem, do que falavam ? – Pergunta o urubu.
-
Eu dizia – fala o Bem-te-vi
- que minha asa não me faz falta porque tenho você que me ajuda, você é
a minha asa que falta.
-
É brancão, ão, ão , você
completa o Bem-te-vi te vi te-vi.
Afirma o sapo.
-
Não é assim, não . Ele é ele. E eu sou eu – Falou o urubu meio sem graça.
-
Você percebeu, eu eu, Margarida que cada ada
ada um é um, do jeito que é,
porque assim im im o fez a natureza eza
eza. – ainda, continua o sapo - E é a diferença ença
ença que faz a riqueza eza eza
para o complemento ento ento.
Ah ! Eu sou um sapo apo apo e isso me faz feliz iz iz ...
Ah ! Eu sou um sapo apo apo e isso me faz feliz iz iz ...
-
É amigo sapo! Temos que aprender que somos completos, mesmo
que pareça faltar algo . Mas confesso que não é fácil – reclamou Marga.
-
Mas eu não disse que era, era . O importante ante ante é
sentir a vida ida e entender que
ninguém em em é perfeito, feito, feito,
ou com defeito, feito, feito ou imperfeito, feito, FEITO
Entendeu ? eu EU.
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