Maria Helena da Silva Meller
A III CONAE está aí, os preparativos
devem acontecer em 2017, ou seja, neste ano. Quais os seus conhecimentos acerca
desta Conferência de Educação?
Houve a primeira CONAE em
2010 e a segunda em 2014. Temos o acompanhamento do Plano Nacional de Educação –
PNE, porém a ênfase acontece no município, pelo PME, Plano Municipal de Educação.
Vamos à CF, 1988, onde trata
de uma proposta de educação pautada na democracia, assim, as discussões acerca
da educação escolar brasileira devem acontecer em todas as oportunidades.
O objetivo deste texto vem
no sentido de informação sobre a CONAE, pois como docente reconheço o espaço
escolar. O cotidiano do professor não permite muito tempo às questões que não
estejam de forma direta relacionada aos estudantes, pais, plano de ensino,
conselho de classe, reuniões pedagógicas que, muitas vezes, são repasses de informações.
A cultura instalada e
fomentada faz com que as instituições escolares façam perpetuar essa prática. De
tal modo, o docente acaba tomando conhecimento dos temas como CONAE, BNCC e
PME, quando esses chegam à escola para a análise, e com um determinado tempo
para o cumprimento da tarefa.
O tema da III CONAE é: A
consolidação do sistema nacional de educação – SNE e o Plano Nacional de
Educação – PNE: monitoramento, avaliação e proposição de políticas para a
garantia do direito à educação de qualidade social, pública, gratuita e laica.
Necessário, pois
contextualizar duas questões, o Plano Nacional de Educação, suas metas e
estratégias e o SNE - sistema nacional de educação, pois de fato, não existe. Existem
sistemas estaduais e municipais, esse último a partir da LDB/1996.
Então há se questionar como
o pais administra, comanda uma proposta de educação brasileira? A política
educacional do País caminha, a partir de uma série de elementos históricos,
culturais e legais. Existe o princípio da cooperação entre os entes
federativos, e o Regime de Colaboração entre os sistemas.
A educação brasileira é
muito frágil, se comparada a outros países e à expectativa da sociedade, no
entanto para poder analisá-la e propor melhorias, temos que ultrapassar a
crítica e apreendê-la. Conhecer a articulação entre tantas siglas. LDB, FNE,
SNE, CONAE, PNE, PME.
Sei que os docentes sentem
dificuldades sobre as siglas da própria escola, seu Regimento Interno e seu
Projeto-pedagógico, ainda as demais questões de ferramentas informatizadas
utilizadas para cadastrar os dados dos estudantes. Há um universo micro que é o
cotidiano docente com todos os seus elementos, dificultando ao docente uma
percepção de seu próprio contexto. E há esse contexto mais amplo, em nível de
sistema, quer municipal ou estadual. Ou agora, nacional.
Diante disso, para os
docentes, conhecerem os documentos que lhes chegam às mãos é fundamental. Para além
disso, é importante contextualizar cada documento.
O documento Referência da
III CONAE chegará até a escola. Contudo, não basta a escolha de um tema, é importante
compreender o que foi feito dos movimentos anteriores I e II. O que o PNE tem a
ver com a Conferência e o que o Fórum estadual e/ou municipal ou esteve fazendo
durante esse interim. E qual o papel do Fórum Nacional.
Todas essas demandas chegam
à escola e, por vezes, o gestor não consegue fazer a leitura do todo, perde-se
no meio das siglas e do movimento.
Para uma melhor compreensão da
III CONAE vale a pena, retomar as 20 metas do PNE para perceber que é a síntese
das conferências anteriores, indo além, resulta de movimentos, inclusive precedentes
à I CONAE.
A seguir os 8 (oito) eixos
da III Conferencia:
I
- O PNE na articulação do SNE: instituição, democratização, cooperação
federativa, regime de colaboração, avaliação e regulação da educação;
II
- Planos decenais e SNE: qualidade, avaliação e regulação das políticas
educacionais;
III
- Planos decenais, SNE e gestão democrática: participação popular e controle
social;
IV
- Planos decenais, SNE e democratização da educação: acesso, permanência e
gestão;
V
- Planos decenais, SNE, educação e diversidade: democratização, direitos
humanos, justiça social e inclusão;
VI
- Planos decenais, SNE e políticas intersetoriais de desenvolvimento e
educação: cultura, ciência, trabalho, meio ambiente, saúde, tecnologia e
inovação;
VII
- Planos decenais, SNE e valorização dos profissionais da educação: formação,
carreira, remuneração e condições de trabalho e saúde; e
VIII - Planos decenais, SNE e financiamento
da educação: gestão, transparência e controle social.
Fica explicito para o
docente que conseguiu participar efetivamente da elaboração do PNE, PME, Plano
Municipal de Educação que as questões estão inter-relacionadas, não são movimentos
estanques, segmentados.
Entendo, porém, o docente em
sala de aula, com todas as suas atribuições, a dificuldade para manter-se atualizado,
diante da enxurrada de alterações de LDB, BNCC, ainda, as questões que são inerentes
ao universo escolar. É um direito, a participação, contudo, no contexto em que
se encontra o professor, ele percebe como um dever, pois não encontra tempo nem
para planejar suas aulas.
Diante do exposto, o papel
do gestor é fundamental, compreender profundamente cada documento, a interligação
entre os mesmos, para poder não somente informar, e sim favorecer um espaço de discussão,
com o tempo necessário ao docente para que possa estudar, afinal está se
discutindo, planejando educação. E se a educação não existe sem estudantes,
tampouco existe sem professores.
Compreendo que o Brasil não nos
apresenta um quadro favorável sobre a educação, para quem vai mais adiante das estatísticas
e teorias. Contudo, esses espaços são oportunidades de discutir com os pares
para onde caminha a educação, que estratégias são tangíveis. Entendo que um
planejamento é a previsão de sonhos, no entanto, pode perder a legitimidade e a
credibilidade quando fica muito além da materialidade que o docente consegue
vislumbrar.
É hora de falar com o docente
e não para o docente, pois teoria esse estudou na academia e Teoria e política educacional,
esse faz na escola, diariamente. Portanto, é um terreno que se deve pisar com
cautela. Respeitar a caminhada docente, apontando mais que pistas, oferecer projetos
que emergiram da experiência, da história da docência brasileira dos/nos últimos
anos.
Que maravilha esse texto, vem de encontro as minhas dúvidas, e como coordenadora do PME do município de Piedade/SP, solicito autorização para utilização do mesmo nos HTPCs, na fase pré operatória das nossas "Cirandas pela Educação", dando os devidos créditos a autora.Araci
ResponderExcluirFico feliz em poder contribuir.
Excluircontato: mhsmeller@gmail.com