The pandemic as a lens to understand the backstage of the schoo
Maria Helena
Essa pandemia está
proporcionando, para aqueles que desejam ver além das aparências, muitos
cenários. Como nosso foco é educação escolar, mas essa está dentro de uma rede
de linhas entrecruzadas, não há como deixar certos vetores de lado: social,
cultural e econômico.
A escola vem tentando cumprir
sua jornada com todos os entraves que sempre possuiu, não somente a escola
pública, também as privadas possuem suas limitações, pois devem seguir as
cartilhas. Assim, com a pandemia, o tempo reservado ao deslocamento de sala, de
escola, está dedicado ao planejamento e, nunca o docente esteve tão exposto,
literalmente por meio de vídeo aulas, até seus animais e familiares estão
“aparecendo”, assim, também, a função dos pais de acompanharem seus filhos. Uma
das maiores queixas dos docentes e no dizer de estudiosos, essa é uma das
diferenças dos alunos brasileiros e dos países com melhores índices de educação,
acompanhamento da família na execução das tarefas escolares. Em nome da
democracia, a comunidade escolar é extensa, concordo, isso fica claro nas
CONAEs, PME, entre outros, para contribuir. Porém, interferir nos currículos de
áreas de conhecimentos e/ou até metodologia da Unidade Escolar, ou até nas
estratégias de determinado docente, quando não possuem a formação necessária
para dialogar com a escola, em meu ponto de vista, a escola perdeu as rédeas e
nem sabe quando foi. E a psicologia mostra que quando alguém não assume um
lugar, alguém o faz por ele, e a escola é uma organização, e como tal, funciona
como pessoas.
A lente da pandemia vem
mostrando ao docente e à sociedade que o professor é capaz sim de sair da zona
de conforto e utilizar outras ferramentas, além do quadro, giz e Power point. O
docente vem se redescobrindo em suas possibilidades, até então limitada por sua
própria visão de mundo, de escola e de competência. Consegue visualizar o
estudante, participar de reuniões, fóruns, entre outros. Como afirmado em
textos anteriores, um novo paradigma não oferece tempo para adaptar-se.
Incursão na história,
relativamente recente, questões acontecidas na década de 1980 sobre o fracasso
escolar eram incontestáveis, teses de que as crianças não aprendiam devido à
fome, essas caíram por terra naquela época quando se questionaram, como
aprendem as brincadeiras e jogos da rua, vender picolé e saber fazer cálculos
matemáticos “de cabeça” para dar o troco e na escola, no papel não conseguiam
calcular. Lógico, a fome e a desnutrição dificultam, levam inclusive à morte.
Mas estamos falando de crianças que pelo menos comiam a merenda escolar.
No momento sabemos de muitas
crianças não terem acesso à internet, ou outra forma para participação da
educação escolar, além da aula presencial. Havia na época também questão de
distância geográfica entre a escola e a casa dos estudantes, os meios de transportes
utilizados, etc. Porém, como justificar as crianças e adolescentes da classe
social menos favorecidas, mesmo com aulas presenciais sendo reprovadas com
muita frequência, porém para aumentar dados, devido avaliações do PISA, e das
internas, houve um “manual” de instruções para alavancar com índices de
aprovação? Os estudantes eram reprovados não porque havia dificuldades de
aprendizagem, e sim a escola era um espaço onde oferecia uma bagagem cultural
muito longe daquela que o estudante trazia. Havia um confronto entre
conhecimentos, maneiras, crenças externas e internas. E as reprovações atuais? Pense.
Ouço muito sobre esse ano letivo não haver reprovação, por conta da pandemia. Há
quanto tempo o professor tem que se rebolar para não reprovar estudantes? “Trata-se
de educação integral”, não somente o quantitativo tem vez, mas o qualitativo. Eu
questiono, quantos docentes ainda pensam que o qualitativo se resume às
maneiras, ações dos alunos? Pois as
orientações vêm em forma de normativa, sem referenciais teóricos e sabemos da
falta de leitura do professor brasileiro da educação básica. Não entrarei no mérito
da questão.
Muitas pesquisas são
realizadas na área da educação, sendo estudadas pelos próprios docentes do pós-graduação,
publicando seus artigos, participação em congressos, leitura pelos graduandos
dos cursos de licenciaturas, por obrigatoriedade. Contudo, o docente que está
diariamente em sala de aula essas pesquisas, dados, não chegam e se chegam há
um abismo imenso entre as teses e o chão da escola, e o docente não consegue
articular sua teoria decorrente de sua prática com as teorias oriundas de
pesquisadores por profissão. Assim, os experts afirmam muitas “verdades”
totalmente isoladas da escola, enquanto deveria estar encharcada da realidade
para poder, de fato, contribuir com os profissionais da educação escolar. O professor
da sala de aula precisa sim continuar estudando, porem ancorado em sua prática,
não cursos criados por quem presume quais as necessidades deste profissional,
um aglomerado de conferências, onde muitas vezes o docente não consegue fazer
conexão com seus próprios conhecimentos.
Não somente docentes estão nesta
situação de insegurança, gestores, coordenadores. A escola deve ter nas mãos as
rédeas de seu PPP, questionando o que é uma escola democrática. Porque democracia
não é agradar a todos, nem significa que a maioria vence. Alguém ainda lembra o
papel social da escola neste contexto em que estamos vivendo? Como a escola
pode presentificar seu real valor para ser reverenciada diante da sociedade? Quais
verdades ganharam visibilidade com a pandemia? Vale a reflexão, sem balizas
partidárias, pretextos, e sim pensando no coletivo, nas crianças, jovens e
adultos que necessitam de uma escola cumpridora de seu papel social com ética. E
adianto, não é complexo é simples, mas não fácil, pois há que buscar raízes...as
âncoras.
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