Maria Helena
Quem cursa magistério,
Pedagogia e demais licenciaturas está familiarizado com o plano de aula. No
entanto, os professores que efetivamente elaboram esse tipo de plano são os profissionais
da educação infantil e séries iniciais. Poucos das séries finais e ensino médio
também elaboram seus planejamentos, indicado itens, páginas de exercícios e
registrando algumas observações.
Os conselhos de classe
participativos, alguns indicativos legais e normativos com relação à vida
escolar dos estudantes, tem contribuído para mudar o cenário. Atualmente mais
professores estão utilizando o seu “caderno de planos”, sim caderno, por mais
que haja registros em seu computador. Se o docente tivesse a percepção das
vantagens de elaborar seu planejamento das aulas e quanto esse pode ser seu
aliado durante o ano, criaria um horário em sua agenda para facilitar sua vida
profissional.
Aqui não entrarei no mérito do
tempo que o professor não dispõe para poder se planejar, embora haja horas
dedicadas a estas atividades, prescritas em lei. Mas quem está no interior de
duas ou três escolas, saindo de uma turma para outra, mal consegue procurar
materiais, verificar se os laboratórios estão disponíveis, se os aparelhos áudio
visuais estão funcionando e onde os mesmos estão, também conversar com
coordenadores pedagógicos, pais, etc...Estou me referindo aqui, às escolas
públicas de muitas Redes que conheci.
O plano de aula não precisa
ter palavreado bonito, se a escola ou a Rede não possui um “modelo”, lembre-se
que esse roteiro é a sistematização de um planejamento, ou seja, daquilo que o
professor pretende ministrar após ter analisado as observações feitas da última
aula.
Planejar é estudar, pensar, o
que ensinar, como ensinar, como saber se estão aprendendo. Portanto inicia-se
com os objetivos, pense no plano de ensino, nos objetivos gerais, qual
operação mental o estudante precisa desenvolver: analisar, contextualizar,
diferenciar, mapear, sistematizar, caracterizar, aplicar....aqui também pense
que instrumento, recurso, técnica será utilizada durante a aula para saber se
você está se fazendo entender. Quando perguntamos: entenderam????nem o
professor, nem o estudante sabe se entendeu ou não. Então faça perguntas, trabalhe
de forma dialogada, problematizadora, peça para um estudante sistematizar o que
foi explicado ou sintetizar. Pois durante uma prova ou qualquer outro recurso
avaliativo, o professor não deve elaborar questões cujas funções mentais não
sejam desenvolvidas em sala. Exemplo: sempre trabalhou com análise e na
avaliação solicita síntese.
Após a seleção dos objetivos,
indique quais são os conteúdos, a serem trabalhados. Se estamos trabalhando
com avaliação processual, linha teórica histórico cultural, se deve iniciar questionando
os estudantes o que sabem a respeito do tema, onde ouviram falar, e vá mapeando
no quadro e explicando porque quando forem usar o texto, ou livro, dependendo da
turma, terão maior familiaridade.
Procedimentos
é outra etapa, pode simplesmente descrever que tipo de técnica, se é leitura,
assistir um filme, pintar um mapa, criar uma maquete...
Avaliação,
nesta etapa volta-se ao objetivo da aula, não se pode esperar pelo dia da prova.
Eu costumo fazer ao final da aula uma síntese do que se aprendeu, por meio de
perguntas, no dia e vou anotando em meu caderno de plano.
Tarefas, é
necessário deixar? Que ano frequentam? Possuem autonomia intelectual capaz de
desenvolver? Para quê? Para exercitar? Os estudantes devem desenvolver
sozinhos? Como saber se estão com ajuda de outros?
Observações gerais: houve
algum fato diferente, interrupção da aula, enfim qualquer situação que implique
em “mudança de plano.”
Em princípio parecem questões desnecessárias
e não há tempo para pensar em 20 planos diferentes, porém ajudarão muito em conselhos
de classe, para encaminhamentos de estudantes para orientação, quando os pais
vêm até a escola, ou até em questão que chegam ao judiciário. Costumo dizer, o
professor que não planeja suas aulas, acaba ficando refém dos estudantes, além
de perder tempo no início, esses percebem, perde a credibilidade dos mesmos,
ainda irá perguntar onde pararam. Na tentativa de passar para os alunos que o
professor trabalha em 2 ou 3 escolas, que “dá” aula para 20 turmas, então não
lembra de todas, porém sua desorganização ocasiona, neste espaço de tempo, uma
turma sem o entusiasmo, pois a mensagem subliminar é: “vocês não são tão
importantes quanto pensam. ”
Como posso afirmar isso? Fazendo
pesquisa com estudantes de ensino médio e universitários. Costumo chamar de “rádio
corredor” para as notícias que ouço na escola. Sempre gostei de caminhar pelo
pátio e frequentar o banheiro das estudantes. As conversas não deixam dúvida de
que muitos alunos sabem muito bem o que é um profissional competente. Meu intuito
aqui hoje não foi tratar das mazelas que enfrentamos em nossa profissão, quem
acompanha este Blog, conhece minha
posição diante do contexto.
O plano de aula, embora ocupe
uma página, é um grande aliado, um instrumento que organiza o nosso pensar.
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