Emotional psychopathologies of/in the teaching condition in Brazil
Maria Helena
Para Dalgalarrondo (2008, p. 24) “os signos de
maior interesse para a psicopatologia são os sinais comportamentais objetivos,
verificáveis pela observação direta do paciente e os sintomas, isto é,
vivências subjetivas relatadas pelo paciente”. Portanto, tão importante a
comunicação entre analista e analisando, como a entrevista preliminar.
O módulo dedicado às psicopatologias, indica
conceitos, características de doenças emocionais que aparecem frequentemente em
muitos profissionais. Infelizmente as estatísticas apontam números
que crescem a cada ano
Para Passos (2019) a ansiedade, por exemplo, atinge
mais de 260 milhões de pessoas no mundo. E no Brasil dados mostram que 86%
sofrem com algum transtorno mental, como ansiedade e depressão. Cerca de
32% dos trabalhadores brasileiros sofrem com os efeitos do estresse. Outros
dados recentes mostram que 49% dos trabalhadores no Brasil já tiveram crises de
ansiedade, enquanto 44% dizem ter sofrido com o esgotamento mental devido ao
stress profissional.
Pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Educação (CNTE) entrevistaram no início de 2017. 762
profissionais de muitos estados, 71% ficaram afastados da sala de aula. O
estresse (65,7%), seguido por depressão (53,7%), alergia a pó (47,2%), insônia
(41,5%) e hipertensão arterial (41,3%). Pelo menos 531 casos de ansiedade. (ANASPS, 2017)
Outra pesquisa que traz
quantidade equivalentes foi elaborada pela Nova Escola no ano de 2018, com
cinco mil educadores. Identificando que 66% desses profissionais precisaram se
afastar do trabalho. A ansiedade afeta 68% dos educadores; estresse e dores de
cabeça (63%); insônia (39%); dores nos membros (38%) e alergias (38%). Além
disso, 28% deles afirmaram que sofrem ou sofreram de depressão. 87% dos
participantes acreditam que o seu problema é ocasionado ou intensificado pelo
trabalho (TEIXEIRA, 2018)
Transitando no universo da
educação há mais de 30 anos, é possível constar que muito dos dados utilizados
nas referidas pesquisas, são de docentes os quais procuram ajuda profissional.
Muitos, diante dos trâmites legais, de todo o cenário fragilizado da educação,
acabam com automedicação, atestados médicos de poucos dias, insuficientes para
fazer um tratamento eficiente para tais patologias.
Os sintomas normalmente atribuídos à depressão são:
transtorno de humor, falta de esperança, desmotivação, insegurança, isolamento
social e familiar, perda de interesse por atividades antes prazerosas, apatia,
falta de apetite e de concentração, insônia, perda de memória. (MÓDULO 6, p.
36)
A ansiedade é associada a uma forma de angústia
decorrente da antecipação de acontecimentos futuros, o que pode ser bom ou
ruim. A ansiedade excessiva pode se transformar num distúrbio de
ansiedade, ou seja, numa doença. No transtorno de ansiedade, as pessoas não têm
tempo para o agora: elas sofrem por antecipação a uma situação. (MÓDULO 6, p.
63)
As atribuições de um
educador são: planejamento, ministrar aulas, avaliar, participar de todos os
eventos da escola. Fazendo uma análise dos dados com os conceitos das
patologias com mais incidência nas pesquisas é possível imaginar uma pessoa que
lida com adolescentes, crianças, com os colegas tendo todos os sintomas
descritos. Indo além, muitas vezes sendo mal compreendido pela direção. Embora
a ciência tenha avançado muito, as doenças denominadas emocionais ainda se
confundem com preguiça, falta de iniciativa, entre outras avaliações.
A docência traz, em sua
história, um percurso com uma grande fratura, assim como outras instituições da
sociedade. A profissão do professor, como alguém respeitado pois ensinava,
havia uma seleção para atuar na área, do início do século XX, para o final do
mesmo século, a partir dos anos 1980, pela falta de compreensão das leis, entre
outros elementos, fazendo com que a categoria ganhasse uma nova característica,
profissionais mais engajados em políticas, devido ao momento em o Brasil
passava. Cursos de graduação favorecendo a entrada, devido a migração para
cursos com mais status, juntando a isso, estudantes na escola básica sendo
obrigado a estudar sem o desejo. Famílias focadas em seu trabalho, deixando de
acompanhar o desenvolvimento do filho na escola. Mesmo nesse
cenário, a relação de poder autoritária imperou, fazendo com que os docentes
buscassem mais os direitos, esquecendo alguns deveres e se perderam diante da
sociedade. Assim, a figura do professor se desgastou, o local destinado ao
ensino passou a ter um papel social desconhecido para a categoria, o espaço do
pensar, da ciência, tanto de formação docente quando das crianças e
adolescentes passa a ser percebido como assistência social.
Diante ao exposto, o
docente passa a ser pensado pelo outro, pelos doutores das diferentes áreas científicas ou
até uma justaposição de
saberes. Meio
paradoxo, pois seria um espaço de conhecimento, até favorecendo às relações
interpessoais. Talvez como se percebe nas midias sociais há uma
estereótipo a ser compreendido, quem é o sujeito atrás das imagens, tentando
ler o que está oculto, buscando atualizar-se sem saber direito em que.
Além de ao estar imerso em todas as
relações que decorrem deste contexto, estar com um atestado psiquiátrico na mão
é sinônimo de fraqueza, quando deveria ser de força, pois está buscando a cura
para seu desconforto.
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