segunda-feira, 28 de novembro de 2022

BNCC na prática. E a interlocução: docente - Base?

                                                                      Maria Helena da Silva Meller


A BNCC está adentrando as escolas por vídeos diversos e a mensagem é direta ao professor, porém, esse profissional pertence a uma Rede. 2020 é data para que todas as Unidades escolares estejam desenvolvendo seu trabalho pedagógico de acordo com a Base. No entanto, o que se percebe é que os professores estão procurando na base quais conteúdos devem ser incluídos em seu planejamento. A pergunta é o que mudou, o que muda?
Uma base na área da engenharia civil para a construção de uma casa é o diagnóstico, é o conhecimento do terreno. Como fazer a edificação, como os pilares sustentarão a casa? Etc..
A BNCC, na mesma proposição, faz a opção por conceitos, concepções de currículo, teoria de aprendizagem, que sustenta a metodologia, de avaliação, planejamento, que serão o subsídio para a prática pedagógica de qualquer componente curricular. Para tanto, estudar o componente curricular atual da base é a penas um passo, e diria que não é o primeiro.
Diante do exposto, a necessidade de alteração do Projeto Pedagógico (PPP) para atualizar-se às orientações da BNCC. Compreendendo que o Projeto posiciona-se politicamente diante de todos os componentes que estão no entorno do estudante. O PPP deve ser analisado por toda a comunidade escolar. Compreender o que é currículo formativo, qual a relação deste com o percurso que o estudante segue em sua jornada dos 4 anos aos 17 (obrigatoriedade)? Que o planejamento precisa ser elaborado coletivamente, para que haja sequência, não fragmentação e muito menos conteúdos sobrepostos. Qual a competência que cada componentes se propõe a desenvolver no estudante? E para tal quais as habilidades?
Lembrando que não basta substituir objetivos gerais e específicos por competências e habilidades, respectivamente. São questões distintas e tenho a impressão que a maioria dos docentes em sala de aula e somente recebe algumas orientações fragmentadas sobre a BNCC terá dificuldade em elaborar seu planejamento de ensino e de aula, nesta perspectiva, assim como avaliar.
Desde as DCNs (2010) somente alguns tiveram a oportunidade de acompanhar o desenvolvimento. Foi uma elaboração coletiva da BNCC? Se levarmos em consideração que esteve on line, várias palestras sem sequência, materiais fragmentados chegando às mãos do professor para que ele em sua hora atividade pudesse contribuir.... houve sim...milhões de contribuições. Porém, basta conversar com um professor ou até coordenador pedagógico, ou mais longe secretários de educação e solicitar uma contextualização histórica da BNCC, relação com CF, LDB, CONAE, PNE, PME, tenho minhas dúvidas do número de profissionais que consigam. Vou diminuir o campo de contextualização, somente DCNs, BNCC e planejamento.
Se o País deseja que a educação caminhe e que os dados quantitativos, estatísticos, exemplo IDEB, entre outros, favoreçam o Brasil, convém refazer o caminho de forma real. Que a formação continuada seja qualitativa e não quantitativa. Que os atores participem desde o seu olhar do chão da sala de aula e não somente das pesquisas acadêmicas, das webconferências ou webnários que auxiliam muito, mas nem sempre há uma interlocução.
É um momento ímpar, porém necessita da compreensão daqueles que irão colocar em prática, tendo a Base epistemológica e metodológica e não somente substituir os termos de acordo com o documento. Cada sistema educacional deve compreender o porquê, o para quê e o como está se transformando a educação escolar. Fala-se muito na formação do cidadão do século XXI, lembrando que o docente é também parte deste cenário.

Nenhum comentário:

Postar um comentário