Maria Helena da Silva
Meller
Recentemente em uma
palestra, ouvia da docente sobre as famílias desestruturadas da atualidade.
Todavia, é necessário fazer uma reflexão sobre esse termo, para que esse
conceito seja compreendido contextualmente.
A família do século XXI
ganhou uma estrutura diferente daquela do início do século XX. Quando
utilizamos o termo “des”estruturada é porque estamos comparando a uma estrutura
padrão, previamente conceituada.
Com todas as transformações
da sociedade advindas da industrialização, mulher/mãe no campo de trabalho e ou
direitos adquiridos pela mulher, faz com que a família queira se modernizar. Alargando limites, minimizando deveres de
seus filhos devido a “culpas”, em nível inconsciente, por estar muito tempo
fora de casa, para adquirir todos os confortos necessários para esta estrutura
familiar.
A TV, os colegas e a rua assumiram
a educação dessas crianças e adolescentes. O psicologismo, não a
psicologia, para a manutenção do mercado cria na mídia novos modelos de
relacionamentos. Respeito, limite, autoridade ficou fora de moda e muitos pais
e ou responsáveis quiseram se “modernizar”.
Não trarei ao texto o
contexto sócio econômico, cultural, a expansão do uso das drogas, a percepção
desta como doença e a recepção do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA
por educadores – pais e profissionais.
O que quero dizer é que
devemos aceitar o novo cenário, isso não significar aceitar como correto. Cabe ao docente perceber
esta família real, concreta, a que existe no século XXI, não a que fantasiamos, é necessário estudá-la para poder abranger e fazer a intervenção, por meio do ensino
escolar, da forma mais adequada.
Devido a esta necessidade,
existe na matriz curricular dos cursos de licenciatura disciplinas como:
psicologia, sociologia, filosofia e didática, pois somente a vocação não fornecerá subsídios para
intervir no processo, e fazer o ensino acontecer. Contudo, tais disciplinas não
permitem a reflexão necessária para a compreensão da dinâmica de tais famílias.
Outro ponto que chamou a
atenção na palestra foi a questão da vocação. É necessário, sem dúvida, que
esse profissional tenha uma aptidão, um perfil: gostar de pessoas, de desafios,
ser pesquisador. Demanda habilidades, percepção, empatia, estudo continuado,
independe do nível em que atua. A
docência na universidade não justifica a formação permanente, apenas para este
nível de atuação, por ter uma remuneração mais justa. Ser docente é uma
profissão quer na educação infantil ou na pós graduação. A remuneração deve
acontecer de acordo com a legislação em todos os níveis, pois o trabalho com a
educação infantil e com as séries iniciais carece de um conhecimento técnico e
pedagógico. Quanto mais novas são as crianças, mais específicas são suas
características e necessidades, portanto mais conhecimento sobre o que e o como
ensinar deve ter o docente.
Deste modo, ao falar do
docente e suas mazelas, o professor não pode perceber a situação como
determinada, e sim em transformação. Há o momento da queixa, no
entanto deve haver um movimento e mobilização para que a categoria se
fortaleça. Seus estudos devem estar pautados na legislação ao qual pertencem, é
o mínimo.
Para planejar suas aulas o
docente precisa conhecer: o PPP da Instituição, Regimento Interno, Proposta
Curricular e Lei complementar de seu Sistema. Para planejar a “a escola” ainda,
ECA, LDB, Lei de acessibilidade e Const. Federal.
Essa reflexão serve para
contribuir com docentes que conhecem superficialmente a educação escolar e seus
meandros. Seu cotidiano, a diferença que há entre o discurso acadêmico e a
escola concreta. É o chão da escolar que oferece, por meio da reflexão sobre a
prática, um conhecimento capaz de fazer a aproximação com a epistemologia
acadêmica.
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