quinta-feira, 20 de abril de 2023

Sonhos: para transpor a porta é preciso conhecer a cena

                 Dreams: to go through the door you need to know the scene

     Maria Helena

            No módulo 08 do curso de Psicanálise Clínica (IBPC), cujo tema é Sonhos, Simbologias e Representações, percebe-se a importância de interpretar os sonhos para auxiliar o analisando a organizar e compreender os seus sentimentos. Contudo, há uma importância fundamental neste item, o de reconhecer o contexto do sujeito para não se utilizar de símbolos, ou melhor de objetos que, para determinado grupo, não simbolize nada.

Representar significa ser a imagem, o símbolo, a reprodução de; exibir em teatro; levar à cena, encenar; interpretar (um personagem) em teatro, cinema, televisão etc.; desempenhar (papel) como ator; atuar.(Bing, 2021)

Conforme o referencial teórico trazido pelo método de representação dos sonhos, o ato de interpretar, representar não é difícil, porém é complexo, pois é necessário conhecer um conjunto de elementos.

Simbologia significa a arte de criar símbolos, o estudo ou interpretação dos símbolos, sistema de símbolos.(Bing, 2021) Aqui nos vem uma observação, somente é possível para aqueles que compreendem tal sinal, terá significado se conhecerem o significante.

A experiência subjetiva que aparece na consciência denominado sonho é o resultado final de uma atividade mental inconsciente. O sonho manifesto é a experiência consciente, durante o sono, que a pessoa pode ou não recordar depois de despertar. Os pensamentos e desejos inconscientes que ameaçam acordar a pessoa são denominados conteúdo latente do sonho. (IBPC, 2020).

Se comprovadamente os sonhos conseguem oferecer uma ferramenta poderosa para adentrar ao inconsciente de um sujeito, é imprescindível ao analista conhecer muito de semiologia, para entender signos, ícones, símbolos, significante, significado, diversidade cultural. Caso contrário, utilizará como um manual, um “CID”. Mais desafiador ainda, porque o analisando irá narrar o sonho da forma como lembra, talvez, faça recortes no intuído de não se “machucar”. Portanto o interlocutor deverá ser um exímio observador, estar focado literalmente no que é comunicado, para poder auxiliar o analisando a interpretar, a partir de princípios técnicos, todos os mecanismos que fazem parte desta importante ferramenta.

Sendo o sonho um recurso importante, o analista deve estar atento quando pode ocorrer a narrativa, pois pode acontecer no primeiro dia, na primeira consulta quando o psicanalista estará fazendo a entrevista para o diagnóstico, por exemplo. Assim, o profissional deve possuir bastante, “treino”, experiência, desenvoltura para não perder detalhes da entrevista que possa vir através de um sonho.

Para Dalgalarrondo (2008, p. 57) [...] “na própria formulação sobre o que seriam os fatos reais ou concretos, intervêm a linguagem e uma certa interpretação prévia desses fatos". Significa dizer que a linha filosófica que o analista segue, irá interferir na abstração realizada do sonho do analisando.

Segue o supracitado autor: “fatos brutos, originais intocados pelas representações e teorias que deles são feitas, são, na verdade, mais virtuais que reais.” (p. 57, 2008). Diante disso, a coerência, o produzir resultados eficientes, usar de ética, não é tão simples assim. Pois o analisando tem o direito de todas as incoerências simulando ou dissimulando, porém, o profissional, não.

Outros dois conceitos são fundamentais para seguimos o texto e o contexto: consciência e inconsciência. Porque de acordo com Dalgalarrondo (2008), pode existir o sentido de consciência, enquanto estado de vigília, que seria a neuropsicológica. Em uma definição psicológica, por sua vez, é a dimensão subjetiva da atividade psíquica do sujeito. E a definição ético filosófica refere-se à ciência dos direitos, deveres e responsabilidades com ética. E a inconsciência, é um conceito dinâmico e determinante da vida psíquica é um dos pilares mais importantes da psicanálise e da psiquiatria. (Dalgalarrondo, 2008).

Diante ao exposto, para o psicanalista poder auxiliar, fornecendo pistas, questionamentos ao analisando, diante do sonho do mesmo, para que esse consiga se deparar com uma cena e disso possa tirar proveito, possa auxiliá-lo a organizar seus pensamentos e sentimentos, o profissional deve possuir uma sensibilidade altruísta, eu diria. Pois está lidando com uma vida fraturada, ou fantasiada, real ou não. Entretanto, são sintomas que machucam, “é fato” para quem sofre.

O tema interpretação dos sonhos, contextualizando com todos os conceitos da psicanálise até aqui estudados, utilizados não como uma justaposição de peças, porém, com toda a ética necessária, de fato, para auxiliar um sujeito a se encontrar, a se perceber, ser feliz é um instrumento valioso. Pois o sonho é uma atividade saudável.

 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Artmed, 2008.

MÓDULO 8. Curso de formação em psicanálise - psicanaliseclinica.com (2020)

REPRESENTAR. Disponível em : representar - Bing. Acesso: 28 set.21

SIMBOLOGIA. Disponível em simbologias - Bing. Acesso: 28 set.21

 

 

 

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