quinta-feira, 19 de novembro de 2020

EDUCAR PARA A VIDA

                                                              Maria Helena

A escola foi criada quando determinada comunidade não conseguia conciliar os afazeres cotidiano com a atribuição de instruir os mais novos, para que os mesmos pudessem ganhar autonomia e caminhar com "suas próprias pernas". Ou seja, educar para que soubessem viver.

À medida em que a sociedade se transformava, o papel social da escola foi se contornando para satisfazer as necessidades da sociedade. Portanto, ao longo de sua existência, dependendo do contexto em que se criava mais uma unidade escolar, ou uma rede de escolas, essas recebem e elaboram seus projetos de intenções, a fim de cumprirem com o seu papel social.

No século XX, a escola foi alvo de muitos estudos, investigando fragilidades, políticas, ideologias, papel de instruir, ensinar, conhecimento, educar, enfim, foi estudada como um animal, em todas as suas células.

Estamos no século XXI, atravessando uma pandemia, como esboçado em posts anteriores neste Blog, meu ponto de vista sobre paradigmas, não entrarei no mérito desta questão. Tempos de pandemia e globalização: novo cenário da educação escolar

Nem sobre avaliação e aprendizagem, mas algumas reflexões, penso em outro nível, fora de questões normativas e legais, sobre o papel da escola como instituição da ciência. Desejo pensar a escola como um grupo de seres humanos que se reúnem diariamente, quer presencial, quer a presença mediada por um computador, onde se apresenta a voz, as expressões, os sorrisos, as cobranças, o ensino, mas não o cheiro, o sabor, o toque.

Venho constatando o número de docentes que estão adoecendo, porém somos adultos e, talvez, tenhamos um pouco mais de discernimento. Contudo, nossos adolescentes e jovens? Não... não é um apelo à volta das aulas presenciais, pois não possuo nenhuma pesquisa sobre qual questão apresenta um menor prejuízo para esta população. Estou refletindo dentro da realidade posta, qual o papel da escola, dentro da visão tradicional, libertadora, não diretiva, tecnicista, etc...sempre foi educar para a vida, quer reproduzir, quer transformar, quer saberes eruditos... PROFESSORES RESISTENTES OU AUTORIDADES LONGE DA REALIDADE DOCENTE??

Na atualidade, penso que a pergunta transcende o papel do sujeito enquanto cidadão, e sim como um ser humano e a escola como uma instituição, pois há outras na mesma condição, a família, a igreja, grupos de amigos... não se sabe muito bem o que fazer, em quem acreditar, são muitas as informações, são muitos cenários controversos, muita negatividade. Neste emaranhado em que nossos jovens estão vivendo, penso ser o maior ganho ensinar-lhes que são seres especiais, únicos e estão aqui para serem felizes e, neste momento, o papel da sociedade como um todo precisa virar a sua lente para esse grupo. Não pelo futuro, porém pelo presento dos mesmos.

Compreendo as leis e normativas, conheço os projetos pedagógicos, contudo, sem estudantes com o desejo de aprender não haverá escola com "excelência". Não se está perdendo um ano. Está se redefinindo o olhar para estes adolescentes pedindo socorro de uma forma onde, talvez, não saibam como e nem sequer tem a consciência da forma a qual devem comunicar para e com os demais, os quais passam por situação semelhante.

Não vou refletir, ou perguntar, não...eu vou afirmar é hora de acolhermos nossos estudantes como adolescentes e jovens que estão cansados, sobrecarregados, precisando de palavras firmes de otimismo, de possibilidades, de vida, alimentar com alegria, professor ouvir mais e falar menos, lembrar que a vida é só uma.

Façam um levantamento de quantos estudantes (e professores), em sua escola, estão muito doentes emocionalmente, espiritualmente e fisicamente. Entendendo aqui o conceito de doença como a frustração dos desejos impossíveis de realizar, como esse conjunto de questões negativas por meio de notícias, cobranças, falta de elogio, de diálogo, de contato físico, de carinho, de "colo".

Se a escola, como instituição, neste período, ensinar o amor próprio, a cuidar de si, de auxiliar para que este ser não se perca de si mesmo, haverá muito tempo para ensinar-lhes os conteúdos científicos, ou melhor, no momento em que precisarem, os próprios buscarão. Obrigada colegas, pelo empenho de cada um, no seu espaço em que me leem. 

sábado, 10 de outubro de 2020

REGISTRANDO MEMÓRIAS: TEMPO DE APRENDER

                                         Maria Helena

 

Em 21 e 22 de maio do ano corrente, fiz dois posts neste Blog, com os títulos, respectivamente: Tempos de Pandemia e Globalização: Novo Cenário da Educação Escolar; Avaliação Escolar em Tempos de Tecnologia e em 04 de junho: Professores Resistentes ou Autoridades longe da Realidade Docente?

Observando alguns estudantes, docentes e gestores neste processo, fico pensando que nunca as reflexões de Madalena Freire (1996) fizeram tanto sentido em suas orientações: Observação, Registro e Reflexão. Percebo uma grande preocupação da escola com o planejamento docente e a avaliação, no entanto, estariam registrando toda essa trajetória, todas as questões decorrentes deste momento de aula não presencial?

Outro dado fundamental observado por mim e, que, é o momento de enraizar é o tripé de uma universidade: Ensino, Pesquisa e Extensão. Imagino o número de pesquisas como conclusão de curso na área da saúde sobre o corona vírus: na infância, adolescência, adulto, idosos, fitoterápicos, alopatia, homeopatia, alternativa, complementares, também as questões psicológicas, emocionais e sociais das citadas populações; fatores econômicos, empregabilidade como indicadores das dificuldades encontradas. Além disso, nunca se viu tanta procura por profissionais de tecnologia, setor de Desenvolvimento Humano, segurança do trabalho. Portanto, há um paradoxo, continua-se a ter um tema comum para a pesquisa, contudo, a relação intrínseca que sempre se buscou teoricamente no papel social da universidade continua fragmentado.

É visível, por meio dos treinamentos oferecidos pelas redes e Unidades Escolares, a justaposição de teorias tratando do assunto “novo normal”. É necessário prestar atenção nos termos: normal, deriva de norma. Onde e por que surgiu esse “marco”? Quem criou as normas? Toda norma é padrão, assim, estabelecido.

Estão sendo utilizados muitos termos com conceitos diferenciados, seria necessário reconhecer o conhecimento prévio do povo, dos grupos sociais. Quais canais são utilizados e quais filtros, para que a informação chegue a esses? E os processamentos de decodificação desta informação em seu contexto sociocultural? Estariam todas essas questões sendo descritas, observadas, teorizadas para a “história”, para que no processo não sejam repetidos os mesmos” erros” daqui 50, 70, 100 anos.

O denominado período pós-moderno, contemporaneidade e outras denominações “futuristas”, vem gerando uma rotina além de robótica, estressante, pois os jovens, estudantes, docentes, pais e gestores escolares, não estão conseguindo processar tantas orientações, tantas atualizações. Estão ficando “intoxicados”. Toda essa conjuntura necessita ser retratada e não somente as ferramentas utilizadas para as aulas remotas, as “metodologias” criadas. Ratificando que o conceito de metodologia transcende um conjunto de técnicas e recursos.

Voltando ao papel da universidade, neste contexto, suas pesquisas continuam com o mesmo tema, sem haver interlocução entre as áreas, nem utilizarei o termo interdisciplinaridade, pois o máximo que estão conseguindo é a multidisciplinaridade.

Portanto, vejo como imprescindível a forma de registro deste momento, e como esta teoria chegará aos envolvidos no processo, os agentes da recorrente história

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

ATUALIZAÇÃO DO PROJETO PEDAGÓGICO NA PANDEMIA

                                          Maria Helena

O PPP de uma instituição deve ser atualizado anualmente, em suas metas e ações, para saber as mesmas foram alcançadas, concretizadas. E o que não foi possível, além de ser justificado, ficará como uma necessidade incluída para o próximo ano letivo.

Diante do contexto vivido, das leis e normativos dos respectivos sistemas, como serão as orientações para as observações do PPP 2020 e planejamento 2021?

Lembrando as partes principais de um projeto: histórico da revisão do plano, com a justificativa, indicando a participação. Histórico da instituição e do nome, ainda uma questão fundamental, diagnóstico da comunidade. Pois bem, esse foi elaborado em fevereiro, recordando, portanto, o diagnóstico é a comparação do que temos, a realidade com o ideal em seus múltiplos aspectos para poder subsidiar aos docentes na compreensão dos estudantes, sua cultura, possibilidades de lazer, fator econômico, entre outros elementos interferentes no processo de aprender dos mesmos.

O marco referencial da escola não necessita ser alterado todo ano, porém a cada três, quatro anos, pois as transformações sociais, culturais são percebidas com um intervalo de tempo maior. Porém, a crise provocada pela pandemia veio de tal forma, conforme comentado em textos anteriores, sem tempos para planejar uma adequação, respeitando o período o necessário para estudar as situações e suas possíveis fragilidades. As ações foram previstas pensando no menor prejuízo para toda a sociedade, principalmente, aos estudantes. E quem criticou, creio ter sido devido às dúvidas geradas, naquele momento e hoje não há muitas certezas.

Outro item importante do projeto, o diagnóstico das turmas, conteúdos, competência e habilidades desenvolvidos sobre determinado componente curricular e a que distância estão do que deveriam saber. Os planos de ensino elaborados a partir dessas premissas, a proposta de avaliação respeitando a LDB, lei do sistema e as normativas. Mais um item a avaliação do próprio PPP, como acontecerá, pois, os indicadores devem ser criados ao longo do processo, devido à pandemia.

O PPP deve atender a duas questões: uma de cunho legal, obedecendo leis e normativas e outra ser fiel às propostas pedagógicas ali contidas.

Penso que ao findar o ano letivo, a avaliação do PPP deveria conter um relatório descrevendo não somente as leis e normativas às quais deram suporte às formas de aula não presencial, ou remotas, pois devem acontecer em tempo real, também constar todas as formações que os gestores, docentes e até pais participaram. Indicar também as dificuldades encontradas, os aprendizados. Isso é memória, existe a necessidade do registro para o futuro, por isso a importância da história, se recordar como e porque as alterações foram efetuadas em todo o planeta devido a um vírus.

Quando trato do Projeto, entendo aqueles da Unidade Escolar, bem como da secretaria de educação, sei que alguns sistemas com número pequeno de escolas, os projetos são elaborados praticamente juntos, pois, são pequenas as diferenças entre as escolas e as comunidades, no caso, poderia haver um documento elaborado pela secretaria de educação juntamente com o Conselho Municipal. Eis aqui um órgão fundamental que tem como uma de suas atribuições acompanhar as ações das secretarias, no entanto neste momento, deveria normatizar de forma mais explícita, compreensível a todos que fazem parte da comunidade escolar.

Reconheço serem muitas as atividades, as alternativas, os indicadores, as normas, estão todos sobrecarregados com a quantidade de trabalho, porém estão todos com a mesma meta: acertar.


sábado, 15 de agosto de 2020

2020! Que ano é esse?


  O ano de 2012 trouxe um misto de fim dos tempos, com o fim de um ciclo, visão apocalíptica, de arrebatamento da humanidade, pois poderíamos sentir como findar de uma era de infortúnios para uma situação de colaboração e cooperação entre os humanos. Filmes como O Dia Depois  de Amanhã e 2012, levaram muitas pessoas a rever os indícios de que, de fato, estaríamos vivendo dias derradeiros na terra.

Quando juntamos somente nosso lado emocional, como filtro, para abstrair o contexto, podemos ter a visão unilateral de uma situação.

Vivemos em tempos de agitação, em todos os locais a palavra de ordem é tempo, é dinheiro, isso está subjacente às ações das pessoas correndo para pegar ônibus, metrôs, voos e até elevadores, estão sempre atrasadas. E vem a pergunta, atrasadas com relação a que? A sociedade impõe um pensamento de que é inadmissível não chegar no horário, óbvio, em um contexto de luta para manter o emprego, o padrão de vida, o status. Tudo deve sair de acordo ao cronômetro. Quem assistiu ao filme O show de Truman (1998), sente-se na mesma situação, como se tivesse alguém observando e todo o dia não se pode fugir da rotina.

É uma situação tão controversa, pois quando chega uma folga, quer feriado, final de semana ou férias, aquele dia está todo planejado. A pessoa sente-se “culpada” em estar fazendo nada, até o seu lazer faz parte do cenário, porque é obrigada a descansar.

O ano 2020 não permitiu a ninguém se planejar, interrompeu abruptamente todas as atividades do mundo, literalmente. Até que aos poucos as pessoas passassem a criar novas rotinas, gerando um grande estresse. Outras entraram em quarentena para ver o que iria acontecer. Mas sempre pensando no futuro: quando termina? Como vai ser depois que terminar? Teremos outro tipo de emprego? Como estará a economia?

Sendo o futuro consequência do presente, as perguntas são: como estão vivendo as pessoas, sobre o que pensam, quais seus aprendizados, suas percepções para uma vida menos traumatizante, agora? Pois a enxurrada continua via online, cursos de toda forma e jeito para se atualizar, manter a mente saudável, passar o tempo. Como se o tempo devesse passar rápido para chegar o futuro. Porém, o o futuro é como um horizonte, quando se chega até ele, não está mais ali, está muito longe novamente.

2020 é a escola para esta geração aprender que o futuro são as sementes de pensamentos plantadas agora, neste tempo turbulento. O presente é este que vivemos, assim, devemos aprender as melhores lições deste mestre: o hoje. Com pandemia ou sem pandemia, estamos aqui, hoje.

terça-feira, 11 de agosto de 2020

ELEIÇÕES, POLÍTICA E PANDEMIA

 

Maria Helena


 Vou me adiantando que não compreendo nada de eleições e muito menos de política partidária, todavia é possível refletir sobre as dificuldades de muitos candidatos, assim como para muitos eleitores poderem acompanhar a história de vida de seu candidato, no cenário atual, pois essa testemunha o seu comprometimento ético com o município.

Ano de eleições, muitos esquecem a pandemia devido o foco nos votos. Outros esquecem a eleição pelas políticas assumidas devido à pandemia, entendendo aqui a política não partidária e sim a arte de defender ideias, de bem governar, assim, diante da crise de saúde, estudam os bastidores dessa com indicadores sociais, culturais e econômicos. Ou seja, a lente é a política, para observar além das estatísticas, pois as mesmas sem um contexto, de nada valem.

Os eleitores em um misto de tentar levar a rotina com novos óculos, visualizar o essencial, sem perder de vista a realidade, estão ainda em processo de adaptação ao paradigma instalado.

Os candidatos, políticos por profissão, possuem toda uma prática, um fluxograma, um endomarketing o qual lhes assegurou sua vida política partidária, até então. Contudo, contam com um novo cenário construir sua campanha utilizando o mínimo do qual sabem usar, fazer suas “promessas” em palanques comovendo muitos, às lágrimas. O que muda? Dependendo da compreensão dos candidatos, muda pouco. Somente ter elaborado um planejamento estratégico, ter seguido seu cronograma de forma minuciosa, atendendo todas as leis e normativas referentes ao assunto, não ter medo do público, contar com assessores comprometidos com sua plataforma, pelo menos identificar as redes sociais, as ferramentas tecnológicas, saber o que cada uma pode oferecer e a qual público essa chega. Porque em um país com mais de 5.500 municípios, temos municípios com 2 mil habitantes, onde todos se conhecem, sendo menores que muitos bairros de outros centros, assim como temos municípios com 12, 6, três milhões de munícipes, e com cem a duzentos mil habitantes, seria a média. Desses, quantos são eleitores? Ainda continuam no município, principalmente em áreas rurais onde os jovens saem para estudar e não voltam mais. Quantos votos na condição opcional, voto obrigatório?

 Quantos serão candidatos a prefeito? E à vereança? Quantos são políticos de carreira? Sempre visando o partido que obtenha vantagem. Quantos são sectários? Não deixam seu partido jamais. Quantos estão “debutando”? Portanto, temos um grupo muito heterogêneo em questão de: formação, fator econômico, visão cultural da política, conhecimentos gerais de seu município em todos os aspectos. Quantos conseguem fazer um alinhamento desde o previsto na Constituição Federal, a Estadual, Lei Orgânica, Regimento Interno da Câmara de Vereadores?

O que buscar em cada documento? Qual o diagnóstico do município, lembrando a elaboração de um diagnóstico acontece quando fazemos um levantamento e o comparamos a um padrão estabelecido à priori. Não devendo focar somente em questões negativas e, por outro lado, também nas questões positivas, deve se prever com antecedência os indicadores para esse diagnóstico. Em que medida os citados documentos podem oferecer firmes continentes aos “novos” candidatos? O que é um município? Quais suas responsabilidades, papel de um prefeito, atribuições de um vereador, relações do executivo com o legislativo e com o judiciário.

Interessante acompanhar as “reflexões” e/ou “promessas” de determinados candidatos...obviamente muitos falam orientados por seus “gurus” aquilo que o eleitor deseja ouvir. Porém, outros de forma muito ingênua tratam de questões não pertinentes ao seu papel de acordo com documentos oficiais, indicam desde questões que são de competência do Estado ou em outro extremo, da Associação de Moradores. Tratam de projetos, os quais existem em nível de União, portanto não criará, porém irá fazer algum tipo de cooperação, solicitação. Para mim o horário político é o momento em que o candidato demonstra não ao que veio, mas ao que não veio. Por vezes, dignos de pena, pois estão ali para poder fazer peso nos votos para esse ou aquele partido político.

No cenário da pandemia, ou essa será um espelho retrovisor para poder observar mais lados, ou um funil, se percebendo somente a obrigatoriedade do voto. Tudo isso é aprendizado, mas quanto tempo ainda precisamos para compreender o que é o exercício da cidadania em uma visão democrática?

 

 

  

 

terça-feira, 7 de julho de 2020

A PANDEMIA COMO UMA LENTE PARA PERCEBER OS BASTIDORES DA ESCOLA

The pandemic as a lens to understand the backstage of the schoo

Maria Helena

Essa pandemia está proporcionando, para aqueles que desejam ver além das aparências, muitos cenários. Como nosso foco é educação escolar, mas essa está dentro de uma rede de linhas entrecruzadas, não há como deixar certos vetores de lado: social, cultural e econômico.

A escola vem tentando cumprir sua jornada com todos os entraves que sempre possuiu, não somente a escola pública, também as privadas possuem suas limitações, pois devem seguir as cartilhas. Assim, com a pandemia, o tempo reservado ao deslocamento de sala, de escola, está dedicado ao planejamento e, nunca o docente esteve tão exposto, literalmente por meio de vídeo aulas, até seus animais e familiares estão “aparecendo”, assim, também, a função dos pais de acompanharem seus filhos. Uma das maiores queixas dos docentes e no dizer de estudiosos, essa é uma das diferenças dos alunos brasileiros e dos países com melhores índices de educação, acompanhamento da família na execução das tarefas escolares. Em nome da democracia, a comunidade escolar é extensa, concordo, isso fica claro nas CONAEs, PME, entre outros, para contribuir. Porém, interferir nos currículos de áreas de conhecimentos e/ou até metodologia da Unidade Escolar, ou até nas estratégias de determinado docente, quando não possuem a formação necessária para dialogar com a escola, em meu ponto de vista, a escola perdeu as rédeas e nem sabe quando foi. E a psicologia mostra que quando alguém não assume um lugar, alguém o faz por ele, e a escola é uma organização, e como tal, funciona como pessoas.

A lente da pandemia vem mostrando ao docente e à sociedade que o professor é capaz sim de sair da zona de conforto e utilizar outras ferramentas, além do quadro, giz e Power point. O docente vem se redescobrindo em suas possibilidades, até então limitada por sua própria visão de mundo, de escola e de competência. Consegue visualizar o estudante, participar de reuniões, fóruns, entre outros. Como afirmado em textos anteriores, um novo paradigma não oferece tempo para adaptar-se.

Incursão na história, relativamente recente, questões acontecidas na década de 1980 sobre o fracasso escolar eram incontestáveis, teses de que as crianças não aprendiam devido à fome, essas caíram por terra naquela época quando se questionaram, como aprendem as brincadeiras e jogos da rua, vender picolé e saber fazer cálculos matemáticos “de cabeça” para dar o troco e na escola, no papel não conseguiam calcular. Lógico, a fome e a desnutrição dificultam, levam inclusive à morte. Mas estamos falando de crianças que pelo menos comiam a merenda escolar. 

No momento sabemos de muitas crianças não terem acesso à internet, ou outra forma para participação da educação escolar, além da aula presencial. Havia na época também questão de distância geográfica entre a escola e a casa dos estudantes, os meios de transportes utilizados, etc. Porém, como justificar as crianças e adolescentes da classe social menos favorecidas, mesmo com aulas presenciais sendo reprovadas com muita frequência, porém para aumentar dados, devido avaliações do PISA, e das internas, houve um “manual” de instruções para alavancar com índices de aprovação? Os estudantes eram reprovados não porque havia dificuldades de aprendizagem, e sim a escola era um espaço onde oferecia uma bagagem cultural muito longe daquela que o estudante trazia. Havia um confronto entre conhecimentos, maneiras, crenças externas e internas. E as reprovações atuais? Pense. Ouço muito sobre esse ano letivo não haver reprovação, por conta da pandemia. Há quanto tempo o professor tem que se rebolar para não reprovar estudantes? “Trata-se de educação integral”, não somente o quantitativo tem vez, mas o qualitativo. Eu questiono, quantos docentes ainda pensam que o qualitativo se resume às maneiras, ações dos alunos?  Pois as orientações vêm em forma de normativa, sem referenciais teóricos e sabemos da falta de leitura do professor brasileiro da educação básica. Não entrarei no mérito da questão.                  

Muitas pesquisas são realizadas na área da educação, sendo estudadas pelos próprios docentes do pós-graduação, publicando seus artigos, participação em congressos, leitura pelos graduandos dos cursos de licenciaturas, por obrigatoriedade. Contudo, o docente que está diariamente em sala de aula essas pesquisas, dados, não chegam e se chegam há um abismo imenso entre as teses e o chão da escola, e o docente não consegue articular sua teoria decorrente de sua prática com as teorias oriundas de pesquisadores por profissão. Assim, os experts afirmam muitas “verdades” totalmente isoladas da escola, enquanto deveria estar encharcada da realidade para poder, de fato, contribuir com os profissionais da educação escolar. O professor da sala de aula precisa sim continuar estudando, porem ancorado em sua prática, não cursos criados por quem presume quais as necessidades deste profissional, um aglomerado de conferências, onde muitas vezes o docente não consegue fazer conexão com seus próprios conhecimentos.

Não somente docentes estão nesta situação de insegurança, gestores, coordenadores. A escola deve ter nas mãos as rédeas de seu PPP, questionando o que é uma escola democrática. Porque democracia não é agradar a todos, nem significa que a maioria vence. Alguém ainda lembra o papel social da escola neste contexto em que estamos vivendo? Como a escola pode presentificar seu real valor para ser reverenciada diante da sociedade? Quais verdades ganharam visibilidade com a pandemia? Vale a reflexão, sem balizas partidárias, pretextos, e sim pensando no coletivo, nas crianças, jovens e adultos que necessitam de uma escola cumpridora de seu papel social com ética. E adianto, não é complexo é simples, mas não fácil, pois há que buscar raízes...as âncoras.


segunda-feira, 22 de junho de 2020

SERÁ QUE TEMOS UM EMBRIÃO DA INTERSETORIALIDADE E INTERDISCIPLINARIDADE?

Maria Helena 

 

Com a decisão de que as aulas seriam a distância, para outros não presencial, para alguns é presencial sim, pois dois sujeitos estão interagindo, enfim com essa nova configuração, temos muitas ferramentas sendo apreendidas, mas também muitos descobrindo que um trabalho multidisciplinar é possível. Em alguns casos raros, a interdisciplinaridade fazendo parte do cenário, pois essa não é somente uma metodologia é uma concepção, uma linha filosófica que vai além da justaposição de conteúdos, é sim, ao estudar um tema, perceber que determinada área de conhecimento precisa da outra para olhar o objeto em estudo sob vários prismas e, assim, proporcionar ao estudante oportunidades em formular novos conceitos que não são conteúdos transmitidos por diferentes componentes curriculares.

Constato que a situação obrigou a escola olhar o estudante como um ser que deve ir em busca, assim como o docente. Talvez seja decorrente de um número de estudantes menor participando das aulas, fazendo com que esses sintam mais liberdade em problematizar, trazer conhecimentos de outras áreas para completar aquele objeto em estudo, fazendo com que os docentes precisem conversar sobre. Não há um planejamento à priori, pois quando planejam, acabam caindo na aula integrada ou multidisciplinar.

Vale também uma reflexão do que venha a ser o curso, o qual o estudante percorre, o currículo construído em sua jornada, por isso ser o autor, protagonista de sua caminhada, não necessita de uma justaposição de definições e fórmulas a serem decoradas. E sim, compreender que para o desenvolvimento de suas habilidades e competências, não somente a memória é imprescindível, também a compreensão, interpretação e tantas operações mentais, situar na ciência, na cultura, nas reorientações sociais da história. O papel social da escola, vai muito além muros.

E tudo que as leis prevêem sobre questões Inter setoriais e sistemas? Pois o Brasil não possui um sistema de educação, é formado por sistemas de colaboração e cooperação entre esferas. Se falar em ADE, a maioria dos docentes que agora lê este material, desconhece. Contudo, é o que vem ocorrendo de forma mais contundente. Cada unidade, buscando parceiros para poder cumprir com sua meta, nunca o prescrito no PPP esteve tão próximo da realidade. Buscas por dados em esferas superiores, em diferentes setores, para verificar as possibilidades, sempre levando em consideração a quantidade de horas às quais o estudante tem direito. O direito subjetivo do estudante sendo percebido com um outro olhar, inclusive por muitas famílias. Sem a ingenuidade de que todos os responsáveis estejam pensando no direito de aprender do sujeito, e sim em não cair nas mãos do MP e similares.

Reconheço não ser fácil para nenhum daqueles incluídos no sistema escolar, quer pais, estudantes, docentes e gestores. Contudo, entendo que cada um deve estar sendo o seu melhor, sendo um pesquisador, colocando em prática todas as orientações e avaliando, revisando sua prática, não mais de uma forma linear, porque, embora deva se respeitar a lei do distanciamento físico, a conexão virtual está em todas as ações da sociedade.

Não sei se sairemos melhores ou piores, deste espaço de tempo, pelo aprendizado proporcionada e a forma como se percebe a situação, sairemos diferentes, com certeza. Porque temos o olhar sobre o individual e sobre o social. Mas é assunto para outra conversa.

 

segunda-feira, 8 de junho de 2020

BNCC E PANDEMIA: HORA DE PÔR EM PRÁTICA, MAS COMO DEIXAR O TERRITÓRIO CONHECIDO?



Maria Helena

Neste Blog tenho textos de que tratam do PME, BNCC, onde foram momentos de pensar com um novo olhar para a educação escolar. Toda a sociedade foi “chamada” para refletir a educação. Falo disso, por ter participado efetivamente destes movimentos. Sonhar com uma educação integral. Lembrando que não estamos falando de período estendido, mas de perceber o ser em sua integralidade, muito além do intelecto.
O PME trazia em seus escritos e traz em seu processo, seus eixos, níveis e modalidades da educação, com diagnósticos precisos, muita estatística. Oferece oportunidade de a escola poder olhar-se no espelho e comparar os dados obtidos, verificando a que distância se estaria do desejável e o que fazer para efetivar os objetivos e materializar as ações. Por sua vez, a BNCC, decorrente de muitos movimentos, pautada principalmente nas DCNs, portanto desde 2009, 2010...chega ao docente como se não fizesse parte de um processo desde a CF de 1988 e LDB 9394 de 1996.
Não estou procurando responsáveis, estou propondo uma reflexão mais enraizada. O que tem a ver com o momento ao qual vivemos na sociedade escolarizada?
Outra questão que venho constatando por meio do meu trabalho é a confusão feita entre PCNs e BNCC, competência, habilidades e objetivos, evidenciados nos PPPs que analiso e nas falas recorrentes dos professores em cursos de formação.
É preciso que os gestores tenham a clareza de que todos estes documentos fazem parte do mesmo cenário. E se as competências e habilidades propostas na BNCC estavam sendo implantadas de forma processual, basta voltar ao documento e rever principalmente as competências de n. 5, 8 e 9, todas sendo utilizadas devido ao contexto criado pela pandemia, porém, ainda, de forma paralela aos planejamentos exigidos pelas escolas. E sabemos que linhas paralelas não se encontram. E se a própria escola não se perceber disso, haverá um grande paradoxo o qual será ao acabar a pandemia irão “treinar” o planejamento por competências e habilidades, entendendo que não são sinônimos de objetivos geral e específicos de um componente curricular.
Votando à Base Curricular em sua Competência de n 5, que enfoca a utilização da tecnologia, pois essa há muito é utilizada em sala de aula, porém com uma certa reserva por muitos docentes, por não compreenderem que a máquina não aprende pelo estudante, mas irá sim proporcionar situações de operações mentais problematizadoras, o que auxilia no desenvolvimento da autonomia intelectual do aprendiz.
O item n. 8 de que trata de cuidar da saúde, mas qual o conceito de saúde? Saúde é muito mais que a ausência de doenças. Como viver diariamente cuidando da mente e do corpo, das relações intra e interpessoais? Essa vem ao encontro da próxima competência, a de n. 9, sobre a empatia. Atualmente há muitos cursos online gratuitos que ensinam a importância da empatia. Convém refletir, o que representa ensinar a ser empático quando, o próprio ser humano adulto, pais e docentes também não aprenderam, é um exercício diário. Há que se despir de muitos estereótipos.
As 10 ações pautadas em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários, expressos na BNCC acabam se desdobrando em vários itens que devem ser desenvolvidos em diferentes componentes curriculares e séries.
Reconheço que em todas as profissões existam os que não possuem responsabilidade e comprometimento nem consigo mesmo, imagina-se com o “outro", contudo percebo um paradoxo deste movimento, são os tipos de controle sobre docentes e estudantes, pois há uma certeza subjacente a este, de que somente executarão suas tarefas se houver supervisão. Como desenvolver autoria e autonomia quando o contexto oferece treinamentos, porém o controle e cobranças são mais contundentes e não se cria um ambiente mais propício ao comprometimento? Estranho, pois, todo documento de PPP trata em seu interior “da formação de sujeitos comprometidos com o local e o global.”
É humano sentir-se seguro em seu território, no que lhe é conhecido, faz sentido, assim trabalhar com o ser humano respeitando uma série de fatores é um grande desafio.
Essa situação em que o pais, infelizmente, está imerso acaba sendo oportuna para pôr em prática as vivências de tudo que propõe a BNCC, no entanto, isso não é uma metodologia, há de se reinventar, olhar o mundo por outras janelas, ressignificar o papel da escola. Reconhecer que muitos valores devem atravessar os séculos, porém, outros não são valores são hábitos criados para que a sociedade não saia da caverna e não perceba o objeto observado: as sombras, pois estão de costas para o sol. E dizer que Platão “sacou” isso há muito tempo.


quinta-feira, 4 de junho de 2020

PROFESSORES RESISTENTES OU AUTORIDADES LONGE DA REALIDADE DOCENTE??


Maria Helena

Em textos anteriores propus reflexões sobre planejamento, avaliação, elementos políticos educacionais, desde o chão da sala aos componentes internacionais que interferem em uma escola.
Interessante ouvir e ver tantas orientações aos docentes neste tempo em que a escola, bem como, demais instituições e organizações foram arremessados a um novo contingente. Quem está na área da educação há mais de 20 anos pode afirmar, com certeza que os discursos da academia não mudaram. Tão evidente que a pesquisa sobre as tendências pedagógicas continuam sendo ensinadas sem saber, passados mais de 30 anos daquelas indagações, onde estão seus autores? E a que se dedicam hoje? As licenciaturas também ensinando sobre Vygotsky e Piaget, como se fossem novas, suas teorias. Sem dúvida foram revolucionárias, imprescindíveis para cada momento histórico, contribuíram muito para a prática no contexto escolar. O que tem isso a ver com o enredo?
Convém lembrar que toda a sociedade está passando por um momento em que propõe um novo olhar sobre a vida, o ser humano e a natureza. Portanto, quais conhecimentos são necessários aos docentes e aos estudantes?
Estranhamente enquanto as pessoas estão tentando se adaptar ao distanciamento social, uso de máscaras, álcool, ampliar a percepção das condições em que se encontram, a rotina mudando radicalmente, na profissão docente se continuam com as obrigações, como se essa estivesse somente com relação ao professor  habituar-se às metodologias que dão suporte ao momento, esquecendo que esses seres humanos também estão se reinventando como ser. Reconheço que muitos profissionais, em qualquer contexto, são contra qualquer inovação, o que incita uma reflexão: seria medo em errar? Ser criticado? Ter que empreender novos esforços? Não se reconhecer?
Em minha percepção, ampliando a visão do estudante como sujeito de sua história, em que a escola é mais um lugar que ele frequenta é necessário questionar quais as expectativas desses seres diante ao contexto vivenciado: pandemia, verdadeiras guerras políticas dentro e fora do pais. Vivendo em um mundo globalizado, o que afeta um espaço geográfico, chegará aos demais, é só uma questão de tempo. Assim, o que seria imprescindível ensinar a esses adolescentes e jovens para poder sobreviver neste cenário? Somente conteúdos considerados científicos pela academia, que “cairão” no ENEM e/ou vestibular ou fundamental os conhecimentos para conseguir perceber o contexto, desenvolver-se emocional e espiritualmente. E os docentes, como estão? Continuam as licenças de tratamento de saúde, de ordem emocional, desde uma simples questão, em pesquisa de cunho exploratório constata-se que alguns estão sentindo-se invadidos em suas particularidades, pelas vídeo aulas, reuniões frequentes.
Em textos anteriores trouxe a questão de que um novo paradigma não espera preparo para acontecer, é uma adaptação repentina, portando é passivo de presumir que todos estão em processo de aprendizagem: estudantes, docentes, gestões e famílias, assim as secretarias de educação também devem perceber a coerência entre o desejável e as possibilidades. Acredito que essa geração esteja vivendo um momento impar em aprendizagem, não somente conteúdos escolares.
Não estou aqui discutindo somente o direito à educação escolar prescritos nas leis, também os demais direitos à saúde e segurança por todo cidadão asseverados nos mesmos Princípios.





sexta-feira, 22 de maio de 2020

AVALIAÇÃO ESCOLAR EM TEMPOS DE TECNOLOGIA

Maria Helena


No texto anterior refletimos sobre as questões que envolvem o humano de cada ser diante do contexto atual. Agora iremos nos acercar da escola e seus elementos, lembrando que desde sua instituição legal, várias foram as tendências a partir de linhas filosóficas implantadas de acordo com as necessidades sociais.
Assim, de início a escola não foi feita para todos, contudo para grupos seletos, porém com o “desenvolvimento da sociedade” e lutas de categorias políticas, profissionais, entre outros, chegou-se ao que se denomina escola laica e gratuita para todos. Assim, aprender ler e escrever, fazer contas, frequentar 2 ou 3 anos de escola, devendo sair para trabalhar, foi um avanço para o povo que, finalmente, podia assinar seu nome e não se sentir tão dependente de outrem.
A cada linha pedagógica  apresentada havia em tese, uma série de alterações que, na prática, permanecia um docente a ensinar e um pupilo na condição de aprendiz, mediado por recursos e técnicas: quadro e giz, ou lousa, memorização e  testes. Outras tecnologias foram aparecendo e o docente a se adaptar, porém primeiro viria a negação, resistência ao que é novo. Imagine o docente que até dominava os assuntos e a sequência dos mesmos, perceber  seu aprendiz também possuidor de um livro didático? Que poderia estudá-lo em casa e fazer perguntas ao mestre que, talvez, não conseguisse responder na hora. Pois o modelo de professor e de aluno naquele momento não é o que temos hoje. Vamos além, os livros da escola tecnicista  eram verdadeiros manuais e traziam as respostas no próprio livro, para que o estudante pudesse conferir, por consequência precisaria muito pouco dos conhecimentos do mestre. E quando tiveram acesso às bibliotecas, e as aulas passam a ser dialogadas e não somente o monólogo, exposição do professor.
A cada novo paradigma instalado, o perfil autoritário docente sofria muito, pois foi inculcado que o mestre tudo deveria saber. Sem dúvida que o docente deve conhecer sua disciplina e sua área de conhecimento, problematizá-la, transitar em seus múltiplos aspectos, no entanto o docente não é máquina.
Agora estamos vivendo um novo arquétipo. Assim, das tecnologias do retroprojetor, slides, para celulares, computadores, informações com uma velocidade ímpar, o docente mal conseguia colocar em seus planejamentos anuais e agora deve vivenciar por aulas online. Se para muitos era complicado utilizar o diário informatizado, abrir e-mail diariamente, permitir o uso de calculadoras, levar aparelhos de som e TV para a sala, entendendo-os como meros recursos metodológicos, para dinamizar o processo de aprendizagem, portanto sendo coerente aos objetivos e à avaliação, imagine nas condições que a situação atual impõe.
A avaliação sempre foi uma das dificuldades encontradas pela escola, entre os que pensam a avaliação, tecem as teses e quem está no chão da escola a acompanhar cada estudante, pois atualmente não bastam provas para aferir o quanto de conteúdo o estudante absorveu. Faz-se necessário elaborar um planejamento que contribua na formação destas crianças, adolescentes, jovens e adultos, logo o ensino ganha uma nova conotação. Se no ensino presencial avaliar significa estudar todos os elementos que fazem parte deste contexto ensinar do professor e aprender do estudante, sendo assim,não é algo simples é complexo, mas não difícil para uma escola que constrói conjuntamente o seu projeto pedagógico e estuda nas reuniões: planejamento, perfil de estudante, importância das áreas de conhecimentos, indicadores de avaliação e currículo mínimo...
Vimos que no ensino presencial muitos pecados são cometidos, devido ao sistema de educação caótico o qual possuímos, não temos um conjunto de elementos, temos um mosaico, fragmentos de modelos de diferentes países. Diante ao exposto, no ensino não presencial, em um curto período de tempo, a escola não irá acertar de primeira, é algo novo para muitos. Demanda estudo, compreensão e paciência de toda a sociedade. Temos de lidar primeiro com ranços, resistência e o próprio reconhecimento de que ignorar algo não é pecado. Aceitar a situação vivida por todo o mundo, assim toda a educação escolar está passando por esta prática ou similar. Que o não presencial não é somente tele aula, pois educação a distância existe há muito tempo, utilizando os correios para enviar os livros com os tutoriais de ensino. Muitos lugares do Brasil que não há internet em todos os lares, devem encontrar estratégias para  o estudante conseguir estudar.
Aqui vem outra reflexão, afirmar sobre um distanciamento ainda maior entre as classes sociais devido os que possuem internet e um tutor em casa e os que os pais mal sabem ler é hipocrisia. A bagagem cultural das duas classes sempre esteve instalada, daquele que viaja, está em aulas de língua estrangeira, faz cursinho para tudo e convive com quem domina a língua portuguesa, reconhece o valor da ciência e do outro grupo que vai para a escola porque existem leis LDB, ECA, ainda os auxílios econômicos.
Voltando ao tema avaliação, não resolve esperar passar a pandemia, voltar a aula presencial para conseguir avaliar a metodologia, os docentes, a gestão e cada estudante, pois avaliação sempre foi isso, e não somente saber o que cada estudante aprendeu. é necessário rever o projeto pedagógico e elencar de forma clara os indicadores de avaliação para cada seguimento. Observar as atividades propostas online, os comandos, ou seja, o que o estudante deve fazer, o tempo que levará, quantas disciplinas ele cursa e lembrar que se o docente não está “chamando”, incentivando como na sala, nosso estudante não desenvolveu o perfil de autonomia intelectual capaz de buscar por si mesmo, salvo alguns.
Penso que estamos vivendo uma fase difícil, pois somos resistentes às mudanças, temos muito medo do erro, contudo quando o erro vem em forma de hipótese foi uma tentativa importante. Aquele que se permitir sairá mais fortalecido, com mais propriedade e um novo olhar, ampliando avaliação no processo ensino aprendizagem para avaliação do processo ensino aprendizagem.



quinta-feira, 21 de maio de 2020

Tempos de pandemia e globalização: novo cenário da educação escolar

Maria Helena

       O desejo de algumas sociedades, durante muito tempo, era ter tudo em comum. Contudo, a relação de poder, que se estabelece entre os seres denominados humanos, não permite aos mesmos viver em harmonia. O comum, comunitário, há que se pensar nos diversos grupos que compõem a sociedade, partindo de seus valores e sua cultura.

A globalização surge de uma visão neoliberal, tendo o capital como prioridade e não partilhar os benefícios com os diversos países, independente de seu ranking.

Estamos vivendo sob um novo paradigma e cada ciência lança sobre o mesmo o seu olhar, descrevendo as características a partir de sua posição política e filosófica. Portanto, ao ler este texto serão várias as "opiniões" sobre o mesmo.

Fazendo uma incursão na história podemos perceber momentos aos quais a humanidade teve que se adequar rapidamente às novas condições impostas, guerras, “holocausto”, peste negra, gripe espanhola, tsunamis, furacões... Ainda, com relação às questões da economia, da agricultura manual para as máquinas, do serviço artesanal para a manufatura, à revolução industrial. Todas essas situações geraram novas condições à humanidade, ocasionando incerteza, insegurança, buscando um continente seguro nestes tempos de improviso e provisório.

Improviso sim, pois um novo paradigma não permite tempo para planejar-se, provisório, pois não se tem certeza de prazos. Toda a rotina é alterada, estamos diante de uma transformação nos hábitos, alimentação, lazer, trabalho e nunca a tecnologia esteve tão presente em nossas vidas. Mesmo o homem sendo um ser social, se vê limitado por poder ter suas relações interpessoais mediada por aparelhos, celulares, computadores, etc...os mais resistentes estão se rendendo e tendo que aprender a sobreviver neste contexto.

Victor Frankl, psiquiatra, viu sua família sucumbir no holocausto e ele sobreviveu, com muitos aprendizados, dentre eles, afirma que diante de uma situação imposta de forma inesperada, o homem para se adaptar tem muitas alterações, inclusive físicas.

Trazendo esse assunto para a pauta de uma escola, penso ser muito ingênuo tentar continuar ministrando as aulas apenas mudando do presencial para o não presencial, adequação de estratégias, planejamento e avaliação. A questão demanda uma discussão mais profunda, o mundo está tentando literalmente sobreviver. A mídia em tempo real traz números de infectados, de óbitos, de brigas políticas, as fake news. Há uma intoxicação diária daqueles que consomem informações. Sem dúvida não é necessário chegar ao ponto de alienar-se. Em contraponto não chegar ao ponto de adoecer, os números estão indicando o aumento da depressão, síndrome do pânico, fobia de toda ordem. 

Diante do cenário apresentado, é preciso pensar a educação escolar, com o papel exclusivo, o qual a escola possui, o ensino, e como este não é neutro, está mergulhado na cultura. Por incrível que pareça vem ao encontro de muitas premissas assumidas pela BNCC, ao propiciar o desenvolvimento de um ser humano integral e não somente intelecto. As 10 competências sugerem que o adolescente, jovem e o adulto do século XXI precisam mais que o domínio de conteúdos e sim saber o que e quando fazer com tal currículo, ser um sujeito de direitos, traçando a sua jornada e seja o autor de sua história. 

Esse contexto propicia a oportunidade em rever valores individuais e coletivos, sociais, reconhecer o estudante como alguém que domina a informática, contudo não domina seus sentimentos diante deste turbilhão de informações.

Mais que pensar em recuperação paralela, urge planejar os tempos de estudantes e docentes, para tanto é necessário tomar um distanciamento pedagógico e observar a situação com o olhar da filosofia, psicologia e espiritualidade. Essa geração nunca precisou tanto do outro, do verbo "esperançar", de sua família, e admitir que sozinho é frágil, mas em grupo, sendo humilde, torna-se forte. Deixar de lado uma vida agendada, para viver o presente, tirar lições que vão além dos conteúdos escolares. 

Compreendo e conheço as leis a serem cumpridas, normativas dos sistemas, contudo tenho certeza que um ano letivo diante de vidas, essas possuem muito mais valor, pois há tempo para tudo. Quando esse estudante despertar em sua necessidade de conhecimentos, identificar seus “buracos”, como trata a psicóloga Alicia Fernandes, ele mesmo irá buscar a bagagem necessária nas diversas ciências. Vamos pensar nisso com a inteligência fora dos padrões estabelecidos e com muito amor pela humanidade.